Cirurgia no coração sem cortes é tema de simpósio internacional em Porto Alegre
Dr. Eduardo Keller Saadi: “o procedimento transcateter pode ser realizado com anestesia local, demanda menos dias de internação e proporciona recuperação mais rápida”
Cresce, a cada ano, o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. O país deve ser a quinta população mais idosa do mundo daqui a apenas seis anos (2030). E, segundo dados epidemiológicos, 15% da terceira idade sofrem de doenças nas válvulas do coração. Normalmente, as quatro válvulas cardíacas abrem e fecham, regulando o fluxo sanguíneo em todo o corpo humano. Quando não funcionam corretamente, podem surgir sensação de falta de ar, dor torácica e síncope (desmaio). Os sintomas são mais evidentes após esforços. Em certos casos, é indicada a operação. Na cirurgia tradicional, o paciente sofre incisão no peito. Já com a evolução da medicina intervencionista, despontam métodos minimamente invasivos sem cortes e com utilização de cateter (tubo fino) que podem frear os casos e simplificar a cura das patologias estruturais do coração. Esse é o tema de simpósio internacional em Porto Alegre, centro de referência na área.
O evento acontecerá entre os dias 17 e 19 de abril, no Centro de Convenções do Hotel Hilton (R. Olavo Barreto Viana, 18). O nome correto é Simpósio TVI – Transcatheter Valve Intervention (Intervenção de Válvula Transcateter) que aborda o tratamento por cateter das doenças das válvulas cardíacas. Durante três dias, equipe multidisciplinar e multiprofissional de várias partes do mundo e do Brasil – cardiologistas clínicos, cardiologistas intervencionistas, cirurgiões cardiovasculares, ecocardiografistas, especialistas em angiotomografia e ressonância e outros profissionais – se reúne para debater o método menos agressivo que corrige o fluxo sanguíneo comprometido por lesões nas válvulas do coração.
A técnica consiste na introdução do cateter através de uma punção (sem cortes), geralmente na artéria da virilha, com anestesia local. Com apoio de imagens, navegando por dentro dos vasos sanguíneos, o cateter leva a válvula artificial comprimida na ponta. No local afetado, a prótese é liberada, expandida e instalada, substituindo a válvula lesionada. O curso do sangue é normalizado.
Conforme explica Dr. Eduardo Keller Saadi, cirurgião cardiovascular e coordenador do Simpósio TVI, “o procedimento transcateter pode ser realizado com anestesia local, demanda menos dias de internação (em geral apenas dois), proporciona recuperação mais rápida, oferece mais conforto para o paciente e, principalmente, diminui a ocorrência de sequelas derivadas da cirurgia convencional”.
Este procedimento está em fase de implementação pelo SUS para quem não pode ser submetido à cirurgia convencional ou idosos com riscos. A válvula aórtica é a mais comumente substituída. As outras são a mitral, tricúspide e pulmonar. Com a ampliação e vantagens do moderno tratamento, mais profissionais da saúde precisam se especializar e conhecer os novos instrumentais.
Entre os cursos da programação científica do Simpósio, está o workshop específico de planejamento de TAVI em cenários complexos e avaliação da válvula mitral. Durante o curso, ocorre a apresentação e lançamento nacional do app Redo-TAV com a presença de seu idealizador – Dr. Vinayak Bapat, do Minneapolis Heart Institute (EUA). O aplicativo, que pode ser baixado gratuitamente, orienta especialistas qual tipo e tamanho de prótese a serem utilizadas em situações especiais.
A convite do Dr. Saadi, duas dezenas de renomados palestrantes estrangeiros vêm dos Estados Unidos, Europa (Alemanha, França, Holanda, Italia, Suiça) e América Latina (Argentina, Chile, Uruguai e Venezuela). Apenas duas especialistas participam de forma online (Espanha e Estados Unidos). Já o quadro de brasileiros é formado por 57 experts de vários estados
No primeiro dia do TVI (17/4), em sessões de Hands On (manipulação), os participantes poderão exercitar o passo a passo com simuladores 3 D. Os dispositivos criam um cenário de realidade virtual muito semelhante ao de uma sala cirúrgica. Os aparelhos permitem a execução dos manejos transcateter com diversos graus de dificuldades e diferentes tipos de próteses sem envolver pacientes.
Nos dois dias seguintes (18 e 19/4), têm programação interativa e transmissões ao vivo de cirurgias em grandes centros dos Estados Unidos, América do Sul e Europa. Após a exibição de cada uma das seis intervenções de média ou alta complexidade, os congressistas comentam a atuação dos colegas cirurgiões, discutem avanços e refinamentos técnicos.
O Simpósio TVI, resume o Dr. Saadi, é uma grande oportunidade para atualização dos estudantes, residentes e profissionais da área. Serão analisados em detalhes tantos casos simples como os desafiadores. Acreditamos que, somente através do conhecimento e da união de forças entre médicos e demais profissionais da saúde, somos capazes de prevenir e enfrentar as doenças de forma segura e exitosa.
Mais informações e inscrições em https://www.simposiotvi.com.br
.