Cuidados importantes com a bexiga: atenção para os sinais

Dr. Alexandre Salum Bull: “Uma das maiores agressões que fazemos à bexiga é a desidratação crônica. Muita gente passa o dia inteiro sem beber água e só lembra do copo d’água no fim do expediente
“Pouca gente fala sobre isso, mas vou ser direto: a bexiga tem memória. E tudo aquilo que você ensina para ela ao longo da vida, desde segurar demais a urina até forçar para terminar mais rápido o xixi, volta como um boomerang. E, quase sempre, em forma de disfunções urinárias que poderiam ter sido evitadas.” alerta o urologista Alexandre Sallum Bull, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Muita gente só começa a se preocupar com a saúde da bexiga quando surgem os sintomas: dor, urgência, perdas urinárias, infecções de repetição ou aquele incômodo de acordar várias vezes à noite para urinar. Mas a verdade é que os problemas, na maioria das vezes, começaram anos antes, sendo cultivados nos maus hábitos do dia a dia.
Beber pouca água é mais perigoso do que você imagina – Uma das maiores agressões que fazemos à bexiga é a desidratação crônica. Muita gente passa o dia inteiro sem beber água e só lembra do copo d’água no fim do expediente. Isso compromete a função renal, deixa a urina mais concentrada (o que favorece o acúmulo de bactérias) e aumenta o risco de infecções e até formação de pedras nos rins.
A recomendação do Dr. Alexandre Bull é simples e direta: beba cerca de 2 litros de água por dia, salvo restrições médicas. A urina clara e sem odor forte é um ótimo sinal de que você está hidratado.
Prender o xixi é um veneno lento – Você não está “só adiando” a ida ao banheiro. Está ensinando sua bexiga a tolerar volumes maiores de urina do que deveria. Com o tempo, isso pode causar distensão da musculatura da bexiga, enfraquecimento do assoalho pélvico e até problemas de esvaziamento urinário.
Segurar o xixi por longos períodos também aumenta o risco de infecções urinárias, principalmente em mulheres que têm uma uretra mais curta e maior predisposição a proliferação bacteriana.
O mito do “xixi forçado” – Muita gente tem o hábito de fazer força para terminar logo de urinar. Isso é um erro. A micção precisa ser espontânea, sem contrações excessivas do abdômen. Esse esforço contínuo pode causar alterações na coordenação da bexiga e até disfunções miccionais, como o jato fraco ou intermitente. É como apertar um tubo enferrujado: uma hora, ele entope.
Quando a bexiga começa a dar sinais…
- Urinar muitas vezes ao dia ou com urgência;
- Sentir que não esvaziou totalmente a bexiga;
- Ter que levantar à noite para fazer xixi;
- Vazamentos urinários mesmo com esforço leve (como tossir ou rir);
- Sensação de ardência ou dor.
Esses são sinais de alerta, e não devem ser ignorados.
A longo prazo, os riscos aumentam – Esses hábitos ruins, quando mantidos por anos, não afetam só a qualidade de vida. Podem evoluir para quadros mais graves como bexiga hiperativa, incontinência urinária, retenção urinária crônica e, em alguns casos, até necessidade de sondagem ou cirurgia. Esses problemas costumam ser ainda mais impactantes emocionalmente. A vergonha de sair de casa por medo de escapar urina, o receio de dormir fora, a frustração com a própria autonomia. Não é “coisa da idade”, é sinal de que seu corpo está pedindo ajuda.
Como preservar (ou recuperar) a saúde da bexiga?
- Beba água regularmente ao longo do dia.
- Vá ao banheiro sempre que sentir vontade – não adie.
- Evite fazer força ao urinar.
- Reduza cafeína e refrigerantes, que irritam a bexiga.
- Mantenha o intestino funcionando bem – prisão de ventre sobrecarrega o assoalho pélvico.
- E, claro, procure um urologista diante de qualquer desconforto urinário.
“A boa notícia? A maioria dos casos tem tratamento. Mas o primeiro passo é parar de normalizar o que não é normal. Cuidar da bexiga é cuidar da sua qualidade de vida hoje, amanhã e nos próximos anos”, conclui o Dr. Alexandre Sallum Bull.