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Depressão: o mal do século

O psiquiatra João Marcello Korcsik Lessa: “Ao observar os sintomas, o paciente deve procurar a avaliação de um especialista”

Todos nós conhecemos pessoas de faixas etárias diferentes que têm ou tiveram depressão. É um sofrimento muito intenso para aqueles que padecem dessa doença. Para as pessoas mais próximas, é angustiante conviverem com a situação. A depressão é considerada o “Mal do Século” pela Organização Mundial de Saúde. Curiosamente no momento em que a humanidade está interligada pelas redes sociais, quando se supõe que as pessoas se comunicam mais, são mais próximas e menos solitárias, ocorre exatamente o contrário. Vai ficando casa vez mais claro que o mundo virtual colabora, sem dúvida, para tantas e tantas pessoas com depressão ao redor do mundo.

De acordo com dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo. Em dez anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%. E esse total, que representa 5% da população mundial, só deve aumentar.

No caso do Brasil, segundo a OMS, 5,8% da população sofrem de depressão, ou seja, um total de 11,5 milhões de brasileiros. Como os dados são de 2018, o número certamente aumentou significativamente, devido a questões da crise econômica e social, entre outras causas, que agravam esse quadro.

Entre os países da América Latina, o Brasil é o que possui maior número de pessoas em depressão, informa a OMS, ao observar que adoença não é restrita a uma faixa etária. Pode acometer crianças, adultos e idosos. Entretanto, diversos pesquisadores da área, afirmam que a prevalência da depressão em jovens de 18 a 29 anos é bem maior do que em indivíduos com 60 anos ou mais. E é mais comum em mulheres do que em homens.

Como fatores de risco, são observados o histórico familiar, o estresse crônico, ansiedade crônica, disfunções hormonais, sedentarismo e dieta desregrada, vícios (cigarro, álcool, drogas ilícitas), uso excessivo de internet e redes sociais, traumas físicos e psicológicos, separação conjugal, entre outros. Ouvido pelo Portal Medicina e Saúde, o Dr João Marcello Korcsik Lessa, médico psiquiatra da Casa de Saúde Santa Maria, destaca que “apesar do termo depressão para muitas pessoas ser um sinônimo de tristeza; a tristeza representa uma forma de resposta afetiva normal à perda, já a depressão representa um sintoma que, frequentemente, mas nem sempre, inclui a experiência subjetiva da tristeza como um dos seus componentes.

Segundo ele, o transtorno depressivo maior representa a condição clássica de um grupo de transtornos conhecidos como depressivos (transtorno depressivo maior, transtorno depressivo persistente (distimia), transtorno disfônico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado). Ele é caracterizado por humor deprimido (tristeza) e/ou perda de interesse ou prazer, com pelo menos duas semanas de duração, associado a alterações cognitivas (memória, atenção, ideação suicida, dificuldade de tomar decisões, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva), mudança das funções neurovegetativas (sono, apetite, fadiga ou perda de energia) e da psicomotricidade (agitação ou retardo psicomotor), condições estas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo.

Geralmente a manifestação dos sintomas de depressão ocorre devido a disfunção de circuitos cerebrais, secundários a aspectos genéticos, lesões encefálicas, tensões psíquicas ou condições clínicas, como alterações hormonais (hipotireoidismo, hipercotisolemia), ou inflamatórias (doenças inflamatórias crônicas).

Ao observar os sintomas descritos acima, o paciente deve procurar a avaliação de um especialista para buscar a identificação da provável causa e iniciar o tratamento, que tem como principal objetivo a remissão dos sintomas para se evitar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo, de forma adicional.

A vivência de sintomas de depressão é uma condição possível para todos devido a diversidade de aspectos que se apresentam como possibilidade de causa para a sua manifestação. A Associação Americana de Psiquiatria estima que uma em cada seis pessoas (16,6%) sofrerá depressão em algum momento de sua vida.

De acordo com o psiquiatra João Marcelo Korcsik Lessa, “não temos com sabermos se algum dia vamos sofrer de depressão, mas sabemos que levar a vida na direção de saúde mental, como evitar o uso de substância de abuso, fazer atividade física de forma regular e ter uma boa qualidade do sono, podem ajudar a reduzir esse risco”.

Segundo a psicóloga e psicanalista Mara Viana de Castro Sternick, falando para o Portal Medicina e Saúde, “assim que uma pessoa começar a perceber que há nela uma perda maciça de interesse pelo mundo externo e seu mundo interno está vazio deve-se começar a ficar atento. Quando então isso estiver agregado um sentimento também de tristeza e alteração de humor, de pensamentos suicidas e estes assombrarem a mente com frequência, a atenção deve se redobrar e a busca de ajuda urgente! Existem casos que uma análise pode acolher e livrar um sujeito dessa “dor de existir”, outros, quando necessários, podem e devem estar associados a medicações que, quando bem indicadas, produzem, indubitavelmente, efeitos significativos”.

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