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Dor nas costas: problema afeta 80 % da população mundial e atinge pessoas de todas as idades

Dr. Mauricio Martelletto: “sentir dor não é normal, porém nem todo mundo precisa de uma intervenção cirúrgica”

Oito em cada 10 pessoas no mundo vão sofrer, pelo menos uma vez na vida, com algum tipo de dor nas costas, segundo a Organização Mundial da Saúde. O incômodo que acomete tantas pessoas pode ser tratado com repouso, fisioterapia chegando até a necessidade de uma cirurgia. De acordo com o Ministério do Trabalho, o problema já é o segundo maior motivo de afastamento dos empregos e tem atingido pessoas de todas as idades, inclusive os mais jovens.

Conforme explica o ortopedista Maurício Martelletto/São Paulo/SP, problemas na coluna podem ter um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas. “A coluna vertebral é uma estrutura fundamental do corpo humano, responsável por oferecer suporte e proteção ao sistema nervoso central. Além disso, ela desempenha um papel crucial na postura, equilíbrio e mobilidade”. Ele é membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e especialista em cirurgia da coluna vertebral há mais de 15 anos, sendo membro efetivo da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC).

As dores na coluna, destaca o médico, podem surgir por diversas razões, entre elas, má postura, lesões, esforço excessivo, menopausa, envelhecimento, obesidade além das condições médicas, como a hérnia de disco, escoliose, artrose, osteoporose, fibromialgia, dor lombar crônica, traumas. “Sentir dor não é normal, porém nem todo mundo precisa de uma intervenção cirúrgica. Em alguns casos repouso, fisioterapia podem resolver, sugerindo apenas dores musculares. Geralmente após quatro semanas de dor, que podem se manifestar de diferentes formas, desde um desconforto persistente até dores intensas, uma investigação mais profunda pelo médico é indicada para que se verifique a causa, havendo a necessidade de exames físicos e complementares”, alerta Martelletto.

O cirurgião dá alguns conselhos importantes do nosso dia a dia para não causar problemas na coluna:

Uso do celular – Nos dias de hoje é normal notar que boa parte das pessoas vive de cabeça baixa com o celular na mão. Fazemos quase tudo pelo celular: compras, notícias, lazer, conversar com amigos. É importante lembrar que isso é totalmente prejudicial à saúde, uma vez que a pessoa ao ficar com o pescoço curvado para baixo causa enorme sobrecarga mecânica na coluna cervical. Quando for utilizar seu celular, procure manter o pescoço reto e levar o celular até a altura dos olhos, para evitar uma sobrecarga na coluna cervical.

Home-office: Quando estamos em nosso local de trabalho, muitas vezes já estamos condicionados a fazer pausas durante o dia, seja para ir ao banheiro, tomar um café ou só para “dar uma esticada nas pernas”. Mas, quando em casa, nossa percepção do ambiente pode ser diferente, e, para quem ainda está trabalhando em home office, acaba se esquecendo de fazer essas pausas. Quanto mais tempo sentado, mais sobrecarga mecânica na coluna, ou seja, mais dores nas costas. Mas há uma dica bem simples para evitar isso: durante a sua jornada de trabalho em casa, coloque um lembrete no celular para acionar a cada 45 minutos ou 1 hora, para não se esquecer de fazer suas pausas e se levantar um pouco.

A escolha adequada da cadeira/assento é outro fator muito importante. Prestar atenção nos detalhes, na qualidade dos materiais e mecanismos internos. O produto precisa, por exemplo, ter regulagem de profundidade do apoio lombar, apoio regulável para cervical e para os antebraços, tanto na largura quanto no direcionamento, e ajuste para a altura. Além disso, estar dentro das normas NR17, que regulamentam a ergonomia no trabalho.

Exercícios Físicos – A prática regular de exercícios físicos é importante não só para a coluna, mas para a saúde em geral. Porém, assim como o exercício faz bem para a saúde, exagerar faz com que tenha efeito oposto. Antes de iniciar qualquer atividade física realize uma avaliação médica e pratique os exercícios sob a supervisão de um profissional. Alguns movimentos exercem enorme carga na coluna. Se realizados sem atenção, podem ter também efeito totalmente reverso.

O calçado adequado para cada tipo de esporte é muito importante. O ideal é comprar um bom tênis que reduza o impacto. Além disso, devemos lembrar que todos os calçados têm vida útil. No caso de atletas que treinam todos os dias, esse período gira em torno de dois a três meses, não mais que isso, pois o tênis é capaz de absorver o impacto e pode causar lesões.

O ortopedista explica ainda que quando estiver realizando atividade física e sentir alguma dor, pare e repouse. Dores são um sinal de que algo está errado, sendo necessário descobrir a causa delas e tratar da forma adequada.

Mochilas – Ela não deve pesar mais do que 10% do peso de quem a está carregando. Além de poder causar escoliose, cifose e lordose, o excesso de peso desse item pode interferir no crescimento dos jovens. Se precisar carregar mais do que isso, procure utilizar mochilas com puxadores e rodinhas. 

Pernas cruzadas por muito tempo – O movimento de cruzar as pernas por muito tempo desalinha a coluna vertebral, em função da rotação do osso pélvico; ou seja, quanto mais tempo você permanecer nesta posição, mais pressão ocorrerá na coluna vertebral. Além do problema de desvio no quadril, sentar-se com as pernas cruzadas pode causar outro problema: quando um joelho está por cima do outro, o nervo ciático pode sofrer uma compressão.

Cuidar dos bebês – Uma reclamação muito comum das mamães e papais é a dor nas costas ao cuidar dos bebês, porque muitas vezes, eles adotam uma postura inadequada nesses momentos. Ao trocar as fraldas do bebê, utilize um trocador ou um local que tenha altura suficiente para que você não precise ficar com as costas curvadas. Se for trocar na cama, sente-se na cama e procure ficar com as costas retas durante o processo. Quando estiver com o bebê no colo, procure apoiar o peso do corpo em ambas as pernas e ficar com as costas retas. Evite, também, ficar com o quadril para frente. Na hora da amamentação, utilize almofadas ou travesseiros para apoiar a região lombar. Na hora do banho do bebê, a dica é a mesma que a da troca de fraldas: procure se sentar próximo à banheira e mantenha as costas retas, evitando sempre posições em que você precise ficar com a coluna curvada.

“É extremamente importante estarmos atentos sobre a necessidade de prevenir o desgaste e o envelhecimento da coluna. Avaliações preventivas e ações terapêuticas são atitudes que devem fazer parte da rotina das pessoas, independentemente da idade delas. Afinal, a coluna é igual a pele. Se não cuidarmos dela, ela acaba envelhecendo antes do tempo”, ressalta Martelletto.

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