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Estimulação cognitiva– mantenha-se ativo após os 60 anos

Psicóloga/terapeuta cognitiva comportamental Eveline Massa Ribeiro: “a terceira idade tem essas duas possibilidades: acontecer da forma mais saudável possível, aproveitando a vida, ou de forma fechada e restrita, quando não tem perspectivas ou diante de problemas de saúde”

A população idosa é um dos segmentos que mais cresce no Brasil em termos de número e demandas. Nesse sentido, é importante que profissionais estejam cada vez mais capacitados para atuar junto a essa população que, segundo o IBGE, são mais de 31,23 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Nesta entrevista, ao Portal Medicina e Saúde, a psicóloga Eveline Massa Ribeiro, fala sobre esse universo e sobre a importância da estimulação cognitiva dos idosos, prevenção de doenças neurodegenerativas, interação social, trabalhar os lutos, entre outros aspectos. Ela é também pedagoga, psicopedagoga, neuropsicopedagoga, psicomotricista e terapeuta cognitiva comportamental, em Varginha/MG.

Eveline, inicialmente, qual é a definição de idoso?

Idoso é aquele que completa 60 anos de idade. Existe a possibilidade de que essa fase ser vivenciada com saúde, mas existem mais riscos de adoecimento, o que caracteriza a senilidade.

Quais as diferenças em ser idoso ou ser velho, ou tudo não passa de uma questão semântica para um mesmo conceito?

No caso do termo idoso é uma questão de legislação. Já ser velho é uma questão mais subjetiva, relativa à disposição de vida na qual a pessoa se encontra.

Por que trabalhar com idosos?

A população idosa vem crescendo ao longo do tempo. A maior expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade modificou a pirâmide populacional. Com isso, é necessário que os profissionais se capacitem para trabalhar com esse público que traz novas demandas, como a estimulação cognitiva.

O que há de tão especial nessa faixa de idade?

Existe um declínio geral de funções fisiológicas e cognitivas. O grau de comprometimento vai depender das patologias já instaladas e do estilo de vida que esse idoso apresenta.

Qual é a sua proposta de trabalho em um grupo de idosos?

Um trabalho em grupo envolve, no meu caso, a estimulação cognitiva, a interação social e maior motivação pela troca de experiências e afetos.  A troca de experiências e afetos ocorre dentro dos grupos e é mediada através da conversa estruturada e da condução da terapeuta.

Quais as principais demandas dos idosos?

Cada idoso tem sua história mas, em geral, precisam trabalhar seus lutos, como deixar de trabalhar, isolamento social, problemas de saúde, dificuldade de organizar a rotina, perdas afetivas pelo falecimento de seus pares (nessa fase pelo óbito se perde amigos e parentes com mais frequência).

 Como você atende essas demandas?

No caso da estimulação cognitiva, são utilizados jogos, material impresso, conversa estruturada e outras estratégias para trabalhar as diversas funções cognitivas que vão além da memória, como atenção, planejamento, memória operacional.

Quais os benefícios desse trabalho para os participantes dele?

Esse trabalho permite a prevenção de perdas cognitivas naqueles que estão sadios e a desaceleração dos efeitos das demências naqueles que estão em declínio.

De que forma o estímulo cognitivo previne doenças neurodegenerativas?

São ativadas áreas cerebrais através da neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro se adaptar. Os benefícios da estimulação cognitiva são validados em estudos científicos. Ativar a mente é uma forma de se manter ativo e convivendo em sociedade. O profissional capacitado entende a necessidade de cada participante e o auxilia na melhora dessas funções.

Quais as atividades que os idosos realizam no grupo?

As atividades têm um caráter lúdico, ou seja, não são como tarefas de escola e, sim, desafios para serem solucionados. Cada jogo tem a característica de estimular uma função principal e acaba também desenvolvendo as demais

As atividades são todas em grupo ou há ações individuais?

No início do acompanhamento, realizamos testes de rastreio para avaliar em que etapa do nível cognitivo o idoso está. Isso é feito individualmente e pode ser acompanhado por um familiar ou cuidador, em casos que já tem declínio instalado.

As atividades são todas presenciais ou híbridas?

Podem acontecer nas duas modalidades. Se não for possível o deslocamento do idoso ou se for a forma mais facilitada para ele, pode ser realizada totalmente online.

Qual o feedback que você vem tendo sobre esse trabalho?

Percebe-se uma satisfação grande nos participantes. Eles vão percebendo a melhora no seu cotidiano e na maneira de lidar com a vida.

Para concluir, o que acha das pessoas dizerem que “na velhice toda pessoa vira criança novamente”

Uma das questões é a possibilidade de se perceber livre de compromisso como na fase adulta. Aqueles que se tornam dependentes passam a exigir cuidados como a criança. Então, pode-se dizer que a terceira idade tem essas duas possibilidades: acontecer da forma mais saudável possível, aproveitando a vida, ou de forma fechada e restrita, quando não tem perspectivas ou diante de problemas de saúde.

Qual é a sua proposta de trabalho em um grupo de idosos?

Um trabalho em grupo envolve, no meu caso, a estimulação cognitiva, a interação social e maior motivação pela troca de experiências e afetos.  A troca de experiências e afetos ocorre dentro dos grupos e é mediada através da conversa estruturada e da condução da terapeuta.

Contato com a psicóloga Eveline Massa: Instagram: @neuropsievemassa

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