Excesso de atividades extracurriculares das crianças pode causar estresse e ansiedade nos pequenos

Ter momentos de tédio também faz parte da infância, ele estimula o ócio criativo e fortalece o desenvolvimento social e emocional da criança.
Foto: Divulgação
Balé, karatê, natação, dança, jazz, inglês, xadrez são só algumas das atividades extracurriculares que as crianças têm disponíveis atualmente para ocupar o tempo livre. Segundo o dr. André Ceballos, neurocirurgião e especialista em desenvolvimento, Osasco/SP, fazer uma ou duas atividades por semana é muito bom para diferentes áreas do desenvolvimento infantil, mas o excesso delas pode causar estresse e até ansiedade nos pequenos.
De acordo com o Dr. Ceballos, “é importante ter em mente que crianças não são adultos em miniatura, então elas não devem ter uma rotina tão cheia como as nossas. Elas precisam de momentos simplesmente para não fazer nada, para serem crianças, brincar com lápis, massinhas, papel e outras crianças, esses momentos estimulam o desenvolvimento social e emocional.”
Além disso, existe outro ponto muito importante nesses momentos diários em que a criança não tem nada para fazer: o ócio criativo é estimulado. Ele permite que a criança use a imaginação e fortaleça a autonomia. Quando tudo é programado, ela não aprende a lidar com o tédio, o que pode gerar ansiedade no futuro, observa.
Segundo o especialista, as atividades extracurriculares são benéficas, não devem ser deixadas de lado. Mas, para tornar o processo mais leve e prazeroso, elas podem ser escolhidas de acordo com o interesse da própria criança, e não apenas com as expectativas dos pais. O ideal é que o pequeno tenha espaço para experimentar diferentes práticas, sem a pressão de ser bom em todas elas.
“O aprendizado mais importante nessa fase não é dominar uma técnica, mas desenvolver habilidades como concentração, coordenação motora, trabalho em equipe e autoconfiança,” acrescenta o neurocirurgião, lemb rando que os pais podem seguir algumas orientações simples para equilibrar a rotina de seus filhos, conforme ele pontua a seguir:
Observe os sinais – Se a criança demonstra cansaço, desinteresse ou irritação logo após a atividade ou até mesmo antes dela, é sinal de que pode estar sobrecarregada;
Respeite o tempo livre – Inclua na rotina momentos de brincadeira sem estrutura, em casa ou ao ar livre, dê autonomia para que ela crie as próprias brincadeiras, curta a própria companhia e com isso estimule a imaginação;
Converse sobre preferências – Incentive seu filho a participar da escolha das atividades, por exemplo, se ele gosta muito de dançar, faça uma aula experimental de balé ou jazz;
Evite comparações – Cada criança tem seu ritmo e suas habilidades, evite comparações com outras crianças ou apontar suas falhas durante as atividades. Atitudes como essa geram ansiedade.
A melhor atividade, enfatiza o Dr. André Ceballos, “é aquela que traz alegria, aprendizado e equilíbrio. A infância não precisa ser uma agenda cheia, e, sim, um espaço de crescimento saudável”.



