Insuficiência cardíaca: corpo cansado pode revelar sinais de alerta do coração

“A fadiga por insuficiência cardíaca é persistente e aparece mesmo em tarefas leves, como tomar banho ou caminhar poucos metros”, alerta cardiologista
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A insuficiência cardíaca é uma condição que afeta milhões de brasileiros, caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue de forma eficiente para todo o corpo. Embora seja frequentemente associada à dor no peito, os primeiros sinais da doença são muitas vezes confundidos com o cansaço natural da idade ou da rotina.
A cardiologista Beatriz Zamuner, médica do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), de Sorocaba/SP, alerta que é preciso atenção redobrada para sintomas mais sutis, que podem indicar o início de uma insuficiência cardíaca. Entre os sinais, ela destaca cansaço exagerado em atividades simples, falta de ar ao deitar, inchaço nas pernas e tornozelos, ganho de peso rápido (por retenção de líquidos), e dificuldade para dormir por falta de ar.
Apenas cansaço ou primeiros sinais? – Mas o que diferencia o cansaço “comum” da fadiga provocada por um coração que está perdendo força? De acordo com a médica, a diferença está na persistência e no contexto em que os sintomas surgem. “O cansaço comum costuma melhorar com descanso e aparece após esforço ou após um dia cansativo, com rotina agitada. Já a fadiga por insuficiência cardíaca é persistente e aparece mesmo em tarefas leves, como tomar banho ou caminhar poucos metros. Muitas vezes vem acompanhada de falta de ar ou inchaço”, explica.
A insuficiência cardíaca pode inclusive se manifestar em repouso. “Um exemplo típico é acordar à noite com falta de ar ou precisar dormir com vários travesseiros. Sensação de peso nas pernas, cansaço matinal desproporcional e dificuldade para respirar mesmo sentado, são outros alertas do corpo”, acrescenta a especialista.
Uma observação importante diz respeito à faixa etária dos pacientes, já que a insuficiência cardíaca não é exclusiva dos idosos. “Sim, jovens também podem ter insuficiência cardíaca, causada por miocardite, doenças genéticas ou uso de drogas tóxicas. Atualmente temos visto um aumento da doença em pessoas jovens, principalmente em decorrência do uso de reposição hormonal sem indicação médica, para fins estéticos”, observa a médica.
Diagnóstico e tratamento – O diagnóstico precoce é fundamental para o controle da doença. Entre os exames mais indicados estão o ecocardiograma, eletrocardiograma (ECG), raio-X de tórax e exames de sangue, como o BNP ou NT-proBNP, que ajudam a identificar sobrecarga no coração.
Apesar da gravidade da condição, os avanços da medicina nos últimos anos mudaram significativamente o cenário. “Hoje temos medicamentos de excelência para tratar e controlar a doença. Com diagnóstico precoce, uso correto de medicamentos, mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico, muitas pessoas vivem com qualidade por muitos anos”, afirma Dra. Beatriz.
Do ponto de vista preventivo, ela destaca a importância da escuta ativa ao próprio corpo, especialmente em pessoas com histórico familiar. “Devem observar sinais como falta de ar frequente, inchaço, cansaço fora do comum e palpitações. Além disso, é fundamental manter os fatores de risco sob controle: pressão alta, colesterol, diabetes, obesidade e sedentarismo. Quem tem histórico familiar deve fazer avaliações cardíacas regulares, mesmo que esteja sem sintomas”, orienta.