Linfoma folicular, que afeta o sistema de defesa do corpo é mais comum em idosos

A doença é considerada a segunda forma mais comum de linfoma Não-Hodgkin (LNH) no Brasil
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O linfoma folicular é um tipo de câncer que surge no sistema linfático e se desenvolve a partir de mutações nos linfócitos, um tipo de células de defesa do organismo. A doença é considerada a segunda forma mais comum de linfoma Não-Hodgkin (LNH) no Brasil, classificação de linfoma conhecida por não apresentar um tipo celular característico nas células afetadas. Segundo o hematologista Guilherme Perini, do Einstein Hospital Israelita de São Paulo/SP, as mutações nos linfócitos acontecem durante o processo de amadurecimento. E o único fator de risco relacionado é a idade. “Diferente de muitos cânceres, o linfoma folicular não tem relação com outros fatores de risco clássicos, como tabagismo, consumo de álcool, obesidade e outros”, afirma o especialista.
Sintomas – Conforme explica, os principais são o aumento dos gânglios, que pode acometer diferentes partes do corpo, como pescoço, a região que fica debaixo do braço, a região inguinal (localizada na parte inferior do abdômen, próxima à virilha), e o crescimento do baço. “Em alguns casos, o paciente pode apresentar febre, sudorese noturna profusa e perda de peso. Outros sintomas como cansaço, fraqueza e anemia também podem ocorrer”, acrescenta Perini.
Já o diagnóstico é feito por meio de biópsia. “É necessário retirar uma parte do gânglio ou o gânglio inteiro, para realização do exame anátomo patológico, responsável pela análise do material e identificação do linfoma” observa o médico.
Quando o paciente é assintomático, costuma-se optar pelo método watch and wait, ou vigilância ativa, que consiste em não submeter o paciente a nenhuma terapia e observar a evolução do quadro. “Vários estudos constataram que tratar o paciente precocemente não garante melhor sobrevida. Então, é possível esperar o paciente se tornar sintomático para começar a trata-lo”, pondera o hematologista.
Segundo Perini, há alguns anos o linfoma folicular era considerado uma doença incurável, principalmente porque muitos pacientes apresentavam recidivas — ou seja, a doença voltava mesmo após o tratamento adequado. Felizmente, os avanços na medicina trouxeram uma variedade de terapias que não só prolongam o tempo até uma possível recidiva, como em alguns casos, conseguem evitá-la.
Tratamento – Entre as opções existem os inibidores de EZH2, que atuam na proteína de mesmo nome, relacionada ao desenvolvimento e progressão de células cancerígenas comuns no linfoma folicular. Os inibidores dessa proteína podem ser utilizados em pacientes que possuem a mutação e naqueles que não têm, mas possuem essa via ativada. Esse tipo de abordagem é recomendada em casos de recidivas e quando outros tipos de tratamento já foram utilizados.
Segundo o médico, o cenário atual do tratamento do linfoma é bastante promissor, devido a novas tecnologias que têm contribuído, significativamente, para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e para respostas terapêuticas mais eficazes. O linfoma folicular, acrescenta, “já era conhecido por apresentar um bom prognóstico e, hoje, contamos com um arsenal terapêutico ainda mais robusto – fator essencial para que a maioria dos pacientes possa manter qualidade de vida, com poucos impactos na saúde e na rotina diária”.