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Medicina & Saúde Jovem: entrevista com Rafael Faion

Rafael Faion: “procuro sempre que possível acompanhar médicos das áreas de meu interesse fora do ambiente universitário, ampliando assim minha experiência”

Nessa entrevista ao Medicina & Saúde Jovem do Portal Medicina e Saúde, Rafael Faion, acadêmico do 9º período do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG, fala da vivência com os pais que o estimularam a seguir o caminho da Medicina, desafios da área, programas sociais de sua faculdade e formas de enriquecer o seu currículo, entre outros aspectos. Rafael atuou como monitor da disciplina de Introdução a Semiologia Médica, é integrante das Ligas acadêmicas de Cirurgia e Medicina do Esporte da PUC Minas e participou de eventos acadêmicos como organizador, monitor, apresentador e palestrante. Confira a entrevista:

Primeiramente, Rafael, o que a estimulou a seguir os caminhos da Medicina?  A medicina faz parte da minha vida antes mesmo de entender o que ela representava. Meu pai é médico cirurgião urologista e minha mãe, durante anos foi representante farmacêutica. Eles sempre traziam um pouco da área para o dia a dia da nossa família. Cresci escutando histórias e elogios muito empolgados dos pacientes que meu pai havia tratado, e, mesmo sem saber ao certo o que ele fazia, essas situações me cativavam. Com o decorrer dos anos fui compreendendo o que significava essa profissão e aqueles agradecimentos calorosos que presenciei na infância. Durante o ensino médio, entrei pela primeira vez em um bloco cirúrgico. De certa forma me apaixonei e um ano depois eu começava a cursar medicina. Portanto, mesmo que, indiretamente, o maior estímulo para seguir essa carreira veio dos meus pais, e eu os agradeço até hoje.

Qual especialidade pretende seguir? – Ainda não sei ao certo qual especialidade pretendo seguir. Na minha opinião, a possibilidade de conhecer diversas áreas durante a medicina é um dos grandes diferenciais do curso. Das experiências que tive até hoje, as áreas cirúrgicas e o bloco são as atividades que mais me fascinam.

Quais os principais desafios do curso? – Eu imagino que a maior dificuldade do curso seja em relação ao tempo, porém não é um problema que seja impossível de se contornar. Ao contrário da maior parte dos cursos, a medicina tem sua carga horária integral, que vem acompanhada de diversas atividades extracurriculares necessárias para a nossa formação e completam as horas dos nossos dias. Aliado a todas as atividades acadêmicas existem as essências, o que leva o aluno a deixar cada vez mais de lado as atividades sociais e de entretenimento. Assim, se organizar com todos esses afazeres é um desafio. Porém, com alguma estruturação é possível estar em dia com os afazeres e relaxar.

Na sua Faculdade de Medicina os debates científicos, palestras, seminários costumam ser intensos? – Em minha faculdade a organização de eventos científicos no geral é bem forte, principalmente devido ao incentivo feitos pelas provas de residência para estudantes que participam dessas atividades. Seminários e palestras são frequentes e abordam diversos assuntos

O que tem feito para enriquecer o seu currículo? – Tenho buscado diversas formas, principalmente me engajando nos eventos científicos abordados na pergunta anterior. Tenho grande interesse em pesquisa no geral e tive a oportunidade de enviar artigos para alguns simpósios e congressos. Além disso, as ligas acadêmicas que participei propõem estágios extracurriculares em ambientes que fogem um pouco da prática universitária como, a integração da equipe médica do Betim Futebol Clube. Procuro sempre que possível acompanhar médicos das áreas de meu interesse fora do ambiente universitário, ampliando, assim, minha experiência.

Fazer uma especialização fora está entre os seus objetivos? – Pretendo realizar minha residência no Brasil, independente da área que eu escolher. Sempre vi profissionais médicos dizendo que o local de especialização será o local que você ficará conhecido pelos pacientes e colegas. Vejo, portanto, extrema importância em realizar a especialização em um ambiente em que pretendo seguir carreira ou trabalhar, por questões de mercado e organização. Quanto a experiências de especialização pós residência, imagino que uma oportunidade fora do país seria de grande valia, uma vez que o contato com diferentes serviços hospitalares e visões da medicina seria importante.

O que agregaria em termos mercadológico estudar fora do Brasil? – Eu imagino que o diferencial mercadológico de experiências em serviços fora do país seja a oportunidade de estar em contato com outros serviços de saúde fora do contexto brasileiro. A possibilidade de absorver as qualidades e tecnologias que não são implementadas no nosso contexto podem ser um balizador na carreira de um médico. A oportunidade de poder estar em contato com grandes profissionais e pesquisadores de outros países também é enriquecedor.

Caso isso esteja entre suas metas, onde gostaria de estudar e o que estudaria? – Devido a minha indecisão quanto à área que pretendo seguir não penso, ainda, em nenhum local específico. Ao meu ver, os locais mais interessantes para uma experiência internacional seriam nos centros de excelência da área que me agradar.

Quais são os programas sociais de sua faculdade? – A maior parte está ligada a matérias que contam com campos de estágio, uma vez que todo final de semestre devemos apresentar uma ideia de intervenção junto à comunidade para uma banca de professores. A maioria dos projetos consiste em mutirões de saúde, de educação em escolas ou por meio das redes sociais, projetos de extensão e ligas acadêmicas. Também existem projetos sociais ligados a projetos de extensão da própria faculdade ou a ligas acadêmicas. Esses projetos costumam ser mais elaborados e podem até receber bolsas da reitoria.

Do ponto de vista social, em um país com muita desigualdade como o Brasil, o que a pandemia ensinou ao estudante de Medicina? – De modo geral, a pandemia de COVID 19 demonstrou a necessidade de construirmos uma agenda de saúde com uma perspectiva integral e integrada, que reconheça a interdependência que existe entre as esferas sanitárias e econômicas. Para mim ficou claro que carecemos de melhores serviços de vigilância a fim de evitar novas epidemias, ou seja, o monitoramento de zoonoses e infecções emergentes tem extrema importância, principalmente em ambientes de baixa educação sanitária. Em segundo plano, aprendemos a valorizar ainda mais as relações humanas, o afeto e o cuidado com o próximo.

Rafael, o estudante de Medicina estuda muito e tem pouco tempo para o lazer. Nesse sentido, nas horas vagas o que você faz para relaxar? Eu sou quase um devoto aos esportes. No meu tempo livre costumo sempre aproveitar para praticá-los, seja um treino de basquete, um treino de força na academia, ou um futebol com os amigos. Acredito que, além das benesses do esporte para o bem-estar físico, eles me ajudam nos estudos e na rotina da faculdade. Além dos esportes, procuro sempre aproveitar o meu tempo livre com minha família e amigos.

Que recado poderia dar para quem deseja fazer Medicina?Quem tiver interesse em cursar medicina deve estar preparado para um curso e uma profissão muito concorridos. Com o grande aumento no número de faculdades, cada vez mais se formam novos médicos e a concorrência por residências e especializações nunca esteve tão alta. Penso, também, que o “calouro” na medicina deve se entregar ao curso sem deixar de lado a vida social. É necessário saber aproveitar as aulas e os estágios curriculares com a mesma intensidade em que é essencial aproveitar as festas e confraternizações do curso. A carreira médica é para mim a mais linda das profissões por englobar a ciência e o humano. Não por acaso, diversos clínicos se consideram deuses. Nesse sentido, acho que o meu maior conselho a um futuro acadêmico de medicina é sempre deixar o ego de lado ao realizar suas tarefas. Normalmente é no momento mais simples e de maior vulnerabilidade que adquirimos os maiores conhecimentos.

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