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Março Amarelo alerta sobre a endometriose: prevenção é fundamental para o êxito do tratamento

Dr. Walter Pace: “a endometriose é uma das patologias que mais preocupa as mulheres brasileiras, inclusive porque causa muita dor e pode levar à infertilidade”

O mês de março já tradicionalmente marca a campanha Março Amarelo, que objetiva a conscientização sobre a endometriose e aumentar o conhecimento da população sobre a doença. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a patologia afeta 176 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo mais de sete milhões somente no Brasil. A doença se manifesta por meio do endométrio que fica fora da cavidade uterina.

De acordo com o ginecologista Walter Pace, professor e Coordenador Geral da Pós-Graduação de Ginecologia da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais e Titular da Academia Mineira de Medicina, médico do Centro de Endometriose do Hospital Santa Joana/São Paulo, a doença é mais frequente em mulheres entre 25 e 35 anos de idade. Por isso, não é à toa que “a endometriose é uma das patologias que mais preocupa as mulheres brasileiras, inclusive porque causa muita dor e pode levar à infertilidade”, destaca o médico, ao observar que todos os tipos e graus da doença podem influenciar negativamente a reprodução. Além disso, muitas têm que trabalhar, cuidar da família e das tarefas domésticas, o que não é nada fácil, pontua o médico.

Causas – Segundo Pace, que também é presidente do PHD Pace Hospital em Belo Horizonte, até hoje não se sabe, com exatidão, a causa da endometriose, mas uma das possibilidades é a passagem do sangue da menstruação pela trompa. “Sabemos também que trata se de uma doença estrógeno-dependente, que consiste na invasão pelas células do endométrio no músculo do útero ou para fora dele, atingindo órgãos como, o ovário, o intestino e a bexiga, entre outros”. O endométrio é o tecido que reveste a parede interna do útero e descama durante a menstruação, explica o médico.

Sintomas – Os primeiros sintomas da endometriose são cólicas progressivas, muitas vezes intensas, e até mesmo incapacitantes, ou seja, cada vez piores a cada menstruação. A dor ocorre, em geral, na parte inferior do abdome e pode causar desconforto nas relações sexuais.

Se a endometriose estiver localizada na bexiga ou no intestino, pode causar sintomas urinários ou intestinais durante a menstruação como, por exemplo, dor ao urinar ou diarreia, enfatiza Walter Pace, alertando para o fato de que “dores mais intensas podem levar a problemas como cansaço, perda do sono, alterações de humor, depressão, tensão pré-menstrual e dor lombar”.

Diagnóstico e tratamento – Conforme explica o ginecologista, o diagnóstico da endometriose não é tão evidente e fica como última opção na pesquisa durante consulta médica. Mas a doença pode ser identificada por meio de exame clínico, ultrassom, laparoscopia, ressonância magnética e histeroscopia.

O tratamento clínico normalmente é hormonal, hoje com novas alternativas seguras e mais eficazes. Entre os avanços nessa área, ele aponta a cirurgia em três dimensões, cuja tecnologia permite a visualização melhor da profundidade e das estruturas anatômicas críticas, além de permitir a cirurgia com maior precisão e segurança do que os procedimentos convencionais. Pace acrescenta ainda que os implantes hormonais são uma ótima alternativa do tratamento, utilizando-se progestínicos muito eficazes.

“É da maior importância destacarmos, repetidamente, a importância da prevenção da endometriose, pois é fundamental para o êxito do tratamento”, destaca Pace, lembrando que ela se faz com a atenção aos sintomas da doença, possibilitando, dessa forma, o diagnóstico precoce. Nesse sentido, ele chama a atenção para o fato da endometriose ser, em geral, evolutiva, e o retardo em sua identificação pode levar a estados graves de infertilidade e quadros de dores extremamente acentuadas. “Portanto, é muito importante a conscientização das mulheres sobre a endometriose e os problemas causados pela doença”, ressalta.

Segundo Dr. Walter Pace, infelizmente há um retardo no diagnóstico. “Muitas vezes a doença é diagnosticada em média, por estudos já levantados 10 anos após o seu surgimento. Quanto mais tarde é o diagnóstico, pior é o prognóstico e as soluções em termos de tratamento”, alerta o especialista.

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