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Mitos e Verdades que envolvem a pressão arterial

“De acordo com a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, o tradicional “12 por 8”, passa a ser classificado como pré-hipertensão.”

Foto: Freepik

A “pressão arterial ideal” sofreu uma importante redefinição no Brasil. De acordo com a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), valores de pressão arterial entre 120-139 mmHg de sistólica e/ou 80-89 mmHg de diastólica — o tradicional “12 por 8” — passam a ser classificados como pré-hipertensão.

Segundo a Dra. Fernanda Weiler, cardiologista do hospital Sírio Libanês de Brasília e certificada internacionalmente em Medicina do Estilo de Vida, essa mudança não significa que a pessoa esteja doente ou precise iniciar imediatamente o uso de medicamentos. “O que muda é a forma como olhamos para esse número: de um valor considerado normal, ele passa a ser um sinal de alerta. É uma oportunidade para agir de forma preventiva antes que o quadro evolua para hipertensão”, explica.

A diretriz também define que, para quem já tem hipertensão, o alvo de tratamento deve ser manter a pressão abaixo de 130/80 mmHg, independentemente da idade ou de outras condições clínicas. Essa atualização coloca o Brasil em sintonia com recomendações internacionais mais recentes, que destacam a importância do diagnóstico e da intervenção precoces.

Entre os principais pontos a serem compreendidos, estão os mitos e verdades que cercam a pressão arterial. O mais comum é acreditar que a pressão “12 por 8” significa tranquilidade total. Na prática, esse valor já indica maior risco do que números abaixo de 120/80. Outro equívoco frequente é pensar que o diagnóstico de pré-hipertensão leva, inevitavelmente, ao uso de remédios. De acordo com a Dra. Fernanda, em geral, o primeiro passo é a mudança no estilo de vida. “Alimentação balanceada, prática de exercícios físicos, redução do sal e do estresse, além de sono de qualidade são as primeiras medidas indicadas como tratamento para casos em que a pressão arterial está perto das medidas consideradas aceitáveis. Medicamentos só são considerados em casos de alto risco cardiovascular ou quando, após alguns meses de mudanças”.

Também é importante derrubar a ideia de que apenas pessoas mais velhas precisam se preocupar com pressão alta. “A hipertensão pode aparecer em adultos jovens, e prevenir desde cedo é fundamental para reduzir complicações futuras, como infarto, AVC e insuficiência renal, reforça a cardiologista. Por outro lado, é verdadeiro afirmar que quanto mais cedo se inicia a prevenção, menores os danos a longo prazo.

A Dra. Weiler recomenda que todos monitorem regularmente a pressão arterial, sobretudo quem já apresenta valores em torno de 120/80 ou tem histórico familiar. Além disso, hábitos saudáveis devem ser incorporados no dia a dia, não apenas em momentos de doença. Para ela, “essa atualização das diretrizes nos proporciona uma janela de ação importante: não esperar o quadro evoluir para hipertensão franca, mas intervir quando ainda é reversível. A pressão ‘12 por 8’ deixa de ser vista como normalizando limítrofe, e passa a ser motivo de atenção — uma mudança que pode salvar vidas”.

De acordo com estimativas, cerca de 28% dos adultos brasileiros têm hipertensão, mas apenas um terço mantém a pressão bem controlada. As novas diretrizes reforçam o papel da prevenção como chave para reduzir esse índice e melhorar a saúde cardiovascular da população.

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