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Preservativos: saiba como usá-los. Proteja-se contra as infecções sexualmente transmissíveis

Dr. Guilherme Roveri: a importância do preservativo se dá justamente pelo impedimento no contato com a mucosa oral, vaginal, anal ou peniana da outra pessoa.

Imagem: Pixabay

Mais de um milhão de pessoas com idades entre 15 e 49 anos são infectadas diariamente no mundo por doenças sexualmente transmissíveis , como o HIV, de acordo com a estimativa da Organização Mundial da Saúde. No Brasil, um levantamento do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022, do Ministério da Saúde, apontou que os casos de HIV têm aumentado entre homens de 15 a 29 anos. Uma das respostas para tais números pode estar na diminuição do uso de camisinhas nos últimos anos, já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que o percentual caiu de 72% para 59% entre os mais jovens.

De acordo com o infectologista Guilherme Mendonça Roveri, de São Paulo, “a importância do preservativo se dá justamente pelo impedimento no contato com a mucosa oral, vaginal, anal ou peniana da outra pessoa”

“Se alguma lesão, fluído, secreção ou excremento pode ser transmitido de um para o outro, será bloqueado pelo mecanismo de barreira, o preservativo. A camisinha, como qualquer outro método de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis – ISTs, é limitada, mas tem uma alta eficácia por fornecer, justamente, uma barreira física entre esses fluídos e essas substâncias biológicas”, detalha.

Utilização da camisinha – Além da ausência do preservativo nas relações sexuais, outro aspecto que pode ser um “prato cheio” para o HIV/Aids e outras ISTs é o seu uso inadequado. Segundo Roveri, um dos erros mais comuns é o excesso de proteção, com a utilização de dois preservativos de uma vez, isso porque a fricção durante o ato pode rompê-los.

Outro uso inadequado e que pode parecer um pouco fora da realidade, mas é real, é que “há pessoas utilizando mais de uma vez o mesmo preservativo, o lavando, tentando higienizá-lo e o reutilizando”.

Outro equívoco também acontece na hora colocar a camisinha. Segundo o infectologista, “existem aqueles que não tiram ou garantem que a parte de cima do preservativo, que serve para coletar o sêmen, tenha ar. Se houver ar enquanto o preservativo é desenrolado ao longo do pênis, há mais chance de estourar”. Além disso, acrescenta, “uma outra coisa que acontece com frequência é desenrolar o preservativo ao longo do órgão e tentar colocá-lo nos testículos, gerando dor e sem nenhuma proteção extra”.

Roveri salienta que é importante verificar o prazo de validade que está na embalagem, bem como utilizar a camisinha somente se estiver lacrada. Do contrário, ela não está mais apta a ser usada e deve ser descartada”, alerta.

Resistência no uso de preservativos – Apesar da eficácia comprovada da camisinha, as pessoas podem se deparar com parceiros resistentes a utilizá-la. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, do Ministério da Saúde, indicou que 60% dos homens não usavam preservativo. “Temos que lembrar que a prevenção às ISTs é individual. Qualquer pessoa pode exigir o uso do preservativo se assim quiser. A gente não deve permitir que a outra pessoa escolha qual vai ser a nossa proteção”, aponta o médico.

Roveri ainda salienta que a apropriação do conhecimento acerca das ISTs é fundamental. “Há estratégias, há formas de prevenção, há tudo muito gratuito e disponível. Teste-se, vacine-se, proteja-se da melhor maneira que você puder”, enfatiza.

Outro ponto necessário a ser destacado é a questão do Stealthing, prática que consiste na retirada da camisinha durante o sexo sem o consentimento do parceiro ou parceira. Além do risco de transmissão de ISTs ou HIV, o Stealthing pode ser classificado como agressão sexual e já é considerado crime em alguns países. No Brasil, esse ato pode ser enquadrado como crime de violação sexual mediante fraude. Ao passar pela situação, a vítima deve procurar atendimento médico imediatamente para tomar a PrEP e as pílulas anticoncepcionais de emergência, no caso das mulheres.

Camisinha feminina – Não tão comum na hora do sexo, as camisinhas femininas são verdadeiras aliadas para prevenir as infecções. Além delas serem introduzidas na região vaginal, Roveri recomenda outras formas de uso. “O preservativo feminino também é um método de barreira. É mais largo e pode também ser utilizado dentro do ânus, se for da vontade da pessoa”, afirma. Segundo o médico, “esse preservativo tem uma vantagem de ter uma maior superfície de contato, gerando liberdade na desenvoltura da pessoa que vai introduzir aquele membro, pênis ou outro objeto”, demonstra.

A importância dos lubrificantes – Um dos itens mais recomendados durantes as relações sexuais são os lubrificantes. Seu uso vai além de evitar dores ou desconfortos, mas também diminui a fricção entre as mucosas, o que reduz a possibilidade de gerar fissuras e sangramentos nem sempre visíveis. Caso contrário, os ferimentos podem quebrar essa barreira e propiciar, se não houver a lubrificação adequada, a passagem de excrementos, bactérias, vírus e ISTs.

De acordo com Roveri, a utilização de lubrificantes deve respeitar as especificações do INMETRO, ou seja, nada de produtos caseiros. “Lubrificante de marca, camisinha comercializada em uma farmácia, sex shop ou outro lugar próprio, nada caseiro. O caseiro não tem como testar eficácia e manejar os problemas que podem vir dessa utilização inadequada”, observa. Ele também indica a leitura da bula do produto para o uso devido.

Outras práticas de prevenção – A camisinha é um método eficaz para prevenir HIV/Aids e as ISTs, entretanto, não é o único. A PrEP (Profilaxia pré-Exposição) também é uma opção segura. “A PrEP é a estratégia de tomada diária de uma medicação que tem taxa altíssima para prevenir a transmissão do HIV”, explica o infectologista. Conforme orienta, “há também a PEP, que é a utilização em até 72 horas de uma medicação parecida com a PrEP, para tentar bloquear essa possível transmissão do HIV a pessoas expostas”.

Outra observação importante, ressaltam, além do uso de preservativos e lubrificação, são fundamentais os cuidados de mapeamento de possíveis infecções. “A testagem periódica dessas ISTs, a escolha dos parceiros sexuais, a vacinação, principalmente contra hepatite A e B, contra o HPV, são uma maneira para a prevenção combinada contra ISTs”, informa.

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