Queimaduras deixam sequelas graves e são causa, inclusive, de muitos óbitos

Dr. Rogério Noronha, presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras – Regional Minas Gerais: “as queimaduras de segundo grau são as mais prevalentes; as de terceiro grau são as mais graves”
As queimaduras podem trazer consequências trágicas para os pacientes, embora muitos desses acidentes poderiam ser evitados. A afirmação é do presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras-Regional Minas Gerais, Dr. Rogério Noronha, ao destacar a importância da prevenção e de alertas junto à sociedade.
Esta realidade no Brasil é muito grave. Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou dados específicos. O órgão contabilizou cerca de 20 mil mortes, ou 19.772 precisamente, entre 2015 e 2020 no país, devido a queimaduras, sendo mais da metade por queimaduras térmicas (53,3%) e 46,1% por queimaduras elétricas. Ao todo são quase um milhão de acidentes anualmente no país.
De acordo com o cirurgião plástico Rogério Noronha, diante desse triste cenário, “torna-se cada vez mais importante a realização de ações de prevenção através da mídia e em locais específicos, como escolas e empresas, como conscientização e alerta para a população”.
Os estudos epidemiológicos, destaca, mostram que as queimaduras de segundo grau são as mais prevalentes. “Quando falamos em segundo grau, isso diz respeito à profundidade da queimadura. As mais graves são as de terceiro grau”, acrescenta, observando que, em relação a superfície corpórea queimada, o membro superior é o mais acometido, por ser o mais exposto.
A faixa etária predominante de queimados é de 20 a 40 anos, ou seja, a população economicamente ativa. Muitos casos decorrentes de acidentes no trabalho. Em seguida, estão os extremos da idade, crianças e idosos.
O álcool é o principal agente causador de queimaduras. “Muito embora haja prevalência dessas lesões por álcool em homens, a mortalidade é maior em mulheres, devido, principalmente, à tentativa de autoextermínio. Nesse sentido, campanhas de prevenção são muito importantes, enfocando as causas dessa triste realidade”, enfatiza o cirurgião plástico.
Entre as crianças, ressalta, “é muito importante alertarmos que boa parte dos acidentes ocorre no ambiente domiciliar. Oitenta por cento deles acontecem na cozinha e são evitáveis. Por essa razão, as campanhas de prevenção em escolas são fundamentais, onde os professores são peças fundamentais no alerta e orientação a seus alunos”.
A seguir, o Dr. Rogério Noronha especifica os vários tipos de queimaduras:
- Queimaduras de primeiro grau – São superficiais, envolvem apenas a epiderme, a camada superficial da pele. Os sintomas são intensa dor e vermelhidão local e pele pálida. Trata-se de uma lesão seca, que não produz bolha. Muito comum em ambiente doméstico e após exposição ao sol, sem proteção adequada.
- Queimaduras de segundo grau – Podem ser causadas por contato com água ou óleo fervente, com superfícies quentes, como fogão, diretamente com fogo e com substâncias químicas industriais, como solventes, soda cáustica, alvejantes, ou com qualquer ácido ou álcalis.
- Queimaduras de terceiro grau – Consideradas as mais graves. Podem ter como causa agentes térmicos, como fogo, explosões, líquidos escaldantes e objetos muito quentes, ou devido à eletricidade, radiação ou exposição solar.
Prevenção – Conforme o Dr. Rogério Noronha explica, “as queimaduras são acidentes graves, porém facilmente evitáveis. Bastam alguns cuidados no âmbito doméstico, como, por exemplo, restrição e guarda de produtos químicos de forma segura, bem como a utilização de equipamentos de proteção no ambiente laboral. Com esses cuidados, os números de atendimentos podem ser reduzidos e mais vidas salvas”.
Queimaduras no âmbito do SUS – Diante dessa realidade, o presidente da SBQ-MG destaca anecessidade de se implementar uma agenda em favor da política estruturada de queimaduras no âmbito do SUS, desde a prevenção, com pontos de atenção organizados conforme a complexidade de cada caso, integrados com protocolos clínicos terapêuticos, passando pela reabilitação e continuidade do cuidado com referência e contrarreferência centrados na atenção ao usuário do sistema público e gratuito de saúde com igualdade, integralidade e equidade.