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Saúde de Qualidade em MG/Santa Casa BH: previsão de alta incidência de tumores de cabeça e pescoço acende alerta

Dr. Vinicius Antunes Freitas, coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa BH: “as causas mais comuns desses tumores são o tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas”

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2023 teremos cerca de 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Desse total, 4.440 em Minas Gerais. Esse quadro exige uma maior conscientização da população e maior atenção das autoridades na tentativa de reverter esta expectativa”, afirma o otorrinolaringologista Vinicius Antunes Freitas, coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa de Belo Horizonte/MG.

Segundo informa, o câncer de cabeça e pescoço se refere a todo tumor maligno que acomete a região da cabeça e do pescoço, exceto os tumores cerebrais. “Como exemplo, temos os tumores malignos da tireóide, da língua, das glândulas salivares, das cordas vocais e da garganta. Na região da cabeça e do pescoço, o câncer de cavidade oral é o mais prevalente, esperando-se para este ano 1.820 novos casos em Minas Gerais, dos quais 1.340 em homens”.

A gravidade da doença tumoral pode ser classificada, segundo critério da Union for International Cancer Control – UICC, em TNM, onde o T se refere ao tamanho do tumor; o N, à presença de linfonodos alterados; e o M, às metástases à distância. Quanto maior o tumor e mais disseminado, pior o prognóstico.

Os tumores malignos podem surgir de diferentes tipos de células do organismo, sendo o mais comum o carcinoma de células escamosas, que tem origem no epitélio de revestimento, seja pele ou mucosa. “Podemos ter um tumor no nariz com metástase no pescoço. Dessa forma, podemos ter que tratar tumores que se localizam somente na cabeça, somente no pescoço ou em ambos os locais”, observa.

Causas – Conforme o Dr. Vinícius destaca, as causas mais comuns desses tumores são o tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas, podendo participar também fatores genéticos e ambientais. Em países desenvolvidos, o vírus do HPV tem se mostrado um fator importante na origem desses tumores, especialmente os de garganta. “Não podemos esquecer de citar os tumores malignos de pele, que, frequentemente, acometem a região da cabeça e do pescoço, estando associados à exposição excessiva ao sol”, alerta ainda o médico.

Os sintomas variam conforme o local. Na laringe, o mais frequente é a rouquidão. Na garganta, dor de garganta e dor no ouvido. Feridas que sangram e não cicatrizam podem ser indícios também de doença”, enfatiza, ressaltando ainda que o câncer de tireoide é mais comum em mulheres. já os de boca, garganta e laringe, são mais comuns em homens. Esta prevalência no sexo masculino pode estar associada ao uso de cigarro e de bebidas alcoólicas.

Geralmente, a maioria dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço tem mais de 50 anos de idade. Com o envelhecimento, há mais tempo de exposição aos fatores de risco (cigarro e bebida alcoólica) e menor proteção do organismo em relação às novas mutações.

Crianças também estão sujeitas ao câncer de cabeça e pescoço,especialmente os tumores de origem mesenquimal, embora sejam mais raros.

Alerta – Dr. Vinícius chama a atenção para o diagnóstico precoce. “Ele é feito por exame clínico médico ou odontológico, onde na presença de uma lesão suspeita se faz a biópsia para confirmação. Achamos interessante lembrar que a presença de caroço no pescoço pode ser o primeiro sinal de um câncer nessa região”.

A prevenção pode ser feita através de hábitos de vida saudável com boa alimentação, prática de exercício físico, evitando sol em excesso, nos períodos de maior incidência solar. Da mesma forma, o uso de cigarro e bebidas alcóolicas. “Atualmente, temos a vacinação de crianças contra o HPV, que, em um futuro próximo, entenderemos ser um fator de proteção contra esses tumores”.

Avanços – Com relação ao tratamento desses tumores, o Dr. Vinícius afirma que o progresso tem sido rápido, com ganhos importantes no controle da doença. “Temos hoje na área cirúrgica acessos endoscópicos que diminuem o tempo de internação, o uso de LASER nas cirurgias e de plataformas robóticas. Novos equipamentos para radioterapia e medicações mais eficazes para quimioterapia têm proporcionado também melhor resultado e maior índice de cura”. Nesse particular, destaca, os tumores da cabeça e pescoço têm cura, tendo em vista um acompanhamento de cinco anos após o tratamento para esta confirmação”.  A sobrevida dos pacientes em estágios iniciais, é entre 80% e 95%; já em estágios mais avançados, chega a 30%.

De acordo com o coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Santa Casa BH, o diagnóstico e tratamento precoce favorecem o paciente com menor mutilação, menos danos teciduais, menor tempo de internação e maior probabilidade de cura. “Diante dos sintomas descritos acima, especialmente diante da presença de lesões na boca e garganta, bem como rouquidão por mais de 15 dias, principalmente nos pacientes que fumam e/ou já fumaram, procurarem o serviço de saúde. O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento”, conclui.

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