Saúde sem pressa: a importância do tempo de escuta no cuidado médico

“Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tempo médio de atendimento médico em países em desenvolvimento é de menos de 10 minutos, número considerado insuficiente para compreender a complexidade do quadro de um paciente”
Foto: Imagem criada com auxílio de IA
Em tempos de atendimentos rápidos, filas longas e consultas cronometradas, dedicar tempo para ouvir o paciente virou um luxo raro e, ao mesmo tempo, um dos maiores diferenciais na medicina atual. A escuta qualificada, ou seja, a capacidade do médico ouvir com atenção, empatia e interesse genuíno, é reconhecida por especialistas como um pilar essencial do cuidado humanizado.
Para o Dr. Armindo Matheus, do Rio de Janeiro/RJ, diretor médico da Nova Saúde, a pressa é uma inimiga silenciosa da boa medicina. “O tempo de escuta é o que constrói a relação de confiança entre o médico e o paciente. Quando a consulta é feita sem essa troca, o diagnóstico perde profundidade e o tratamento perde adesão. Escutar é parte do tratamento”, afirma o especialista.
Mais tempo, melhores diagnósticos – Estudos recentes reforçam o que a prática já comprova: o tempo de consulta influencia diretamente na qualidade do diagnóstico. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tempo médio de atendimento médico em países em desenvolvimento é de menos de 10 minutos, número considerado insuficiente para compreender a complexidade do quadro de um paciente.
“Em uma boa consulta, o médico não apenas coleta sintomas, mas entende a história do paciente, suas rotinas, emoções e contextos. Muitas vezes, a resposta está na conversa, não no exame. A medicina precisa de tecnologia, mas também de tempo e sensibilidade”, ressalta o Dr. Armindo.
O especialista explica que a pressa pode levar a diagnósticos equivocados, uso desnecessário de exames e até ao agravamento de doenças que poderiam ser controladas com intervenções simples.
“Um paciente ansioso, por exemplo, pode ter sintomas físicos que se confundem com doenças cardíacas. Sem escuta, ele sai com uma bateria de exames, mas sem acolhimento. Com escuta, ele sai mais calmo e orientado”, exemplifica.
A escuta: parte da prevenção – Para além do diagnóstico, o tempo de escuta tem um papel decisivo na prevenção de doenças e na adesão ao tratamento. Quando o paciente se sente ouvido, tende a confiar mais no
profissional e a seguir corretamente as orientações médicas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, somente 50% dos doentes crônicos com necessidade de uso contínuo de medicamento, seguem corretamente o tratamento após seis meses. Entre os motivos, estão a falta de acompanhamento e de vínculo com a equipe de saúde.
“A consulta é um espaço de cuidado, não apenas de prescrição. Quando o paciente entende o que está acontecendo com o corpo dele, ele se torna parte ativa do processo. Isso é prevenção na prática”, destaca o Dr. Armindo Matheus.
O modelo de atenção primária à saúde, adotado pela Nova Saúde, valoriza exatamente essa lógica: consultas assertivas, acompanhamento contínuo e uma relação de proximidade entre equipe e paciente.
“A atenção primária não é um serviço rápido, é um relacionamento. Nosso objetivo é conhecer o paciente, acompanhar suas mudanças e agir antes que o problema aconteça”, explica o médico.
Humanização e vínculo: o futuro da medicina – A valorização da escuta também é uma resposta a um cenário em que a medicina, cada vez mais tecnológica, corre o risco de se distanciar do humano. Para o Dr. Armindo, a tecnologia deve ser aliada da empatia e não a sua substituta.
A humanização no atendimento médico tem mostrado resultados concretos: melhora da adesão aos tratamentos, redução de internações e maior satisfação dos pacientes.
“Cuidar é, antes de tudo, escutar. E escutar exige tempo, presença e respeito. Quando o paciente percebe que o médico o enxerga como pessoa e não como número, ele se abre, confia e melhora”, reflete o especialista que acredita que o desafio é resgatar a essência da medicina: o encontro humano.
Segundo ele, “o tempo de escuta é uma forma de cuidado. Ele reduz erros, melhora resultados e devolve dignidade ao paciente. A medicina precisa voltar a ser sobre pessoas. Essa é a verdadeira revolução que precisamos promover”.
Excesso de tarefas de fim de ano pode causar dor e lesões no ombro
Crédito da foto: Divulgação/Freepik
Fim de ano é sinônimo de festas, compras e decorações, e toda essa correria para cumprir todas as tarefas pode, literalmente, pesar nos ombros. Entre carregar sacolas pesadas de presentes e itens para a ceia e pendurar os enfeites natalinos pela casa, quase ninguém percebe o quanto o ombro trabalha para acompanhar tudo isso, até que a dor aparece. A sobrecarga dos movimentos repetitivos, os esforços acima do habitual e até mesmo o simples ato de alcançar objetos em locais altos podem desencadear desconfortos que tiram o brilho desse período tão esperado.
De acordo com o Dr. Marcelo Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC), do Rio de Janeiro/RJ, “o ombro é uma articulação complexa e a combinação de peso excessivo, repetição, postura incorreta e histórico de lesão aumenta bastante o risco”.
Além da dor inicial, uma situação emite sinal de alerta: quando o incômodo começa a limitar o movimento, como vestir uma roupa, erguer o braço ou até dormir de lado. Esse é o momento de atentar-se à questão, pois o corpo está sinalizando que ultrapassou o limite.
Mesmo sentindo incômodo, muitas pessoas seguem com a rotina tentando dar conta de tudo, acreditando que a dor vai passar sozinha quando as festas acabarem. Na prática, isso costuma ter o efeito contrário: insistir no esforço pode prolongar a inflamação e tornar o tratamento mais demorado do que seria se a dor fosse cuidada no início. “Quando o paciente busca ajuda antes da dor se tornar incapacitante, o tratamento é mais simples e o retorno à rotina é muito mais rápido”, salienta.
Festas sem dor – Para prevenir dor e lesões nos ombros durante as tarefas de fim de ano, o Dr. Marcelo Campos lista algumas dicas simples, mas eficazes:
- Ao carregar sacolas de compras ou presentes, procure distribuir o peso em cargas menores e alternar os braços para não sobrecarregar sempre o mesmo ombro.
- Na hora de pendurar enfeites em locais altos, utilize escadas ou bancos firmes, evitando esticar excessivamente os braços ou se apoiar em móveis instáveis.
- Fazer pequenas pausas durante as atividades e alongar ombros, braços e pescoço, antes e depois das tarefas, também ajuda a reduzir a fadiga muscular.
Conforme o presidente da SBCOC ressalta, “cuidar dos ombros vai além de prevenir dor; significa manter a mobilidade e a independência. Pequenos cuidados hoje evitam problemas maiores amanhã. Assim, é possível aproveitar cada momento, inclusive nas festas de fim de ano, com segurança e conforto”.
