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Vida de estudante: idealismo e desafios na Medicina!

Maria Antônia Pace: “o fato de ter que agir rápido para salvar a vida de alguém é algo que me fascina”

A nova geração de estudantes de Medicina vive uma realidade impensável há alguns anos com a pandemia da coronavírus. Com aulas on line, a necessidade de foco e disciplina dos alunos é fundamental. Como se sabe a carga horária de aulas do curso de Medicina é intensa exigindo muito do aluno. Outro aspecto é que a tão enriquecedora relação com professores e colegas fica prejudicada. Entretanto, o que não falta à maioria dos estudantes é determinação, idealismo e otimismo para continuar os caminhos da profissão. Esse é o caso de Maria Antônia Loiola Pace, 19 anos. Ela entrou no curso de Medicina no segundo semestre de 2020 na Faculdade de Barbacena e ao final do 1º período fez a prova de transferência para a Faculdade Ciências Médicas em Belo Horizonte, onde está para iniciar o 2º período do curso. Nessa entrevista ao Portal Medicina e Saúde, Maria Antônia fala do estímulo da família, sobre a especialidade que pretende seguir, os desafios do curso, entre outros aspectos.

Maria Antônia, o que a estimulou a seguir os caminhos da Medicina?

A princípio, o fato da Medicina estar sempre no meu ambiente social e familiar desde a minha infância, já que na minha família temos 30 médicos e um hospital-PHD Pace Hospital, em Belo Horizonte. Além disso, sempre me interessei por essa área pelo fato de gostar de ajudar ao próximo. Fico feliz em poder fazer minha parte sempre quando posso. Ademais, desde pequena o atendimento médico de urgência (SAMU) que via nas ruas sempre me despertou certo interesse pela área, pois achava incrível à maneira como aqueles profissionais da saúde salvavam o paciente de forma rápida em situações de adrenalina e choque.

Que especialidade pretende seguir?

O que me estimula a seguir especialidades ligadas a área cirúrgica e de emergência é que eu gosto de adrenalina e de tomar medidas que necessitam de soluções rápidas, como acidentes. Por outro lado, gosto bastante da área ligada à estética, como a Cirurgia Plástica, tendo em vista que é um setor da Medicina focado no bem-estar da pessoa consigo mesma.

Quais os principais desafios do curso?

Para mim, até esse momento, é lidar com a elevada carga horária e número de matérias. Em consequência, o tempo para estudo individual é reduzido, o que prejudica o aprendizado.

Como estão as aulas em tempo de pandemia? Aulas on line não interferem no aprendizado?

A grande maioria das aulas apresenta-se online. Porém, algumas matérias, como Anatomia, necessitam de sua parte prática no ambiente da faculdade, que busca seguir todas as medidas necessárias de distanciamento, em decorrência da pandemia, a fim de garantir o bem-estar dos alunos. Tendo como base o meu ponto de vista, as aulas remotas são lucrativas para a instituição e até mesmo para grande parte dos alunos. No entanto, é notório a atenção redobrada que o aluno deve ter durante o período das aulas. Recursos como: aulas que ficam gravadas por um intervalo de tempo para serem ré assistidas, aulas de menor duração e com intervalos são positivas para o aluno, pois aumentam seu desenvolvimento e desempenho durante e após a aula. Por outro lado, dependendo do perfil do aluno, as aulas onlines podem interferir no seu desempenho. É necessário muito foco, determinação e paciência para ter um bom rendimento nas aulas remotas. Caso contrário, se o estudante é disperso e procrastina os estudos, seu rendimento será baixo.

A relação com professores presencialmente é muito rica. Fale um pouco sobre isso.

Durante esse período de afastamento e aulas virtuais perde-se muito da relação aluno/professor. No curso de Medicina uma interação presencial com o professor é de grande importância, tendo em vista a vivência e aprendizado que ele pode transmitir para os alunos, principalmente quando a relação entre eles apresenta certa intimidade. Devido ao fato de eu ter entrado no meio do ano de 2020, as aulas já estavam sendo na plataforma online. Logo, tive pouca interação com os professores no 1º período na faculdade de Barbacena. Eu, como uma aluna participativa na maioria das aulas, senti falta da interação presencial que antes existia. Além disso, não acho esse fato positivo para o desenvolvimento do aluno.

Na sua Faculdade de Medicina os debates científicos, palestras, seminários costumam ser intensos? Atende à sua expectativa?

Devido ao fato de eu me encontrar no início do curso, não tive muito contato com debates e palestras, ainda mais por estar tendo a maioria das aulas online. No entanto, na Faculdade de Barbacena, nas disciplinas de Histologia e Anatomia, tive a oportunidade de apresentar online dois artigos do meu grupo. Tendo como base essa experiência, achei a oportunidade bastante enriquecedora. Foi algo que gostei de realizar, pois julgo ter certa facilidade para falar em público. Dessa forma, tenho muita expectativa que minha participação nesses eventos seja positiva, além de que acrescenta no meu currículo e formação.

Quais são os programas sociais de sua faculdade?

O programa social que a Ciências Médicas oferece é o trote solidário, que visa promover uma competição entre os calouros de quem faz mais coisa referente ao contexto social, como doação de sangue, registrar como doador de medula, doação de livros, roupas, itens de higiene pessoal e outros.

Do ponto de vista social, em um país com muita desigualdade como o Brasil, o que a pandemia está ensinando ao estudante de Medicina?

Acho que reafirmou o que o estudante de Medicina já via, ou seja, a grande desigualdade social no Brasil na área da saúde. No período da pandemia foi reafirmado várias vezes na faculdade a importância que o SUS tem para o nosso país e que esse órgão deve ser mantido e financiado pelo governo. A partir desse órgão, por exemplo, que está acontecendo a distribuição das vacinas, sendo uma delas produzida por um órgão público, o Instituto Butantan. Ademais, como estudante de Medicina, tive ganhos e perdas em questão de ensinamentos. Como perda, a paralisação das aulas práticas e teóricas prejudicou o aprendizado e a criação de vínculos com meus colegas, os quais não tive a oportunidade de conhecer direito, e que julgo importante para meu crescimento pessoal durante a graduação, pois ingressei na faculdade durante a pandemia. Por outro lado, tive um grande aprendizado sobre como lidar com situações adversas e incertas, como uma pandemia, e, dessa maneira, quando me tornar médica, caso aconteça outra pandemia, eu saberei como agir perante a situação.

O estudante de Medicina estuda muito. Nesse sentido, nas horas vagas o que faz para relaxar?

A princípio, nas horas vagas, gosto bastante de ler, ver um episódio de uma série, sair para jantar com a minha família e com meus amigos.

Como se dá a relação com os colegas da faculdade?

Em decorrência da pandemia não tive muito contato com os meus colegas no ambiente da faculdade. Porém, o pouco contato que tive foi bastante enriquecedor, pois tive a oportunidade de conhecer pessoas de diferentes lugares, com diferentes pontos de vistas e idades. Fato que acrescenta muito na pessoa que eu sou.

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