Selfies e vídeos para redes sociais requerem atenção máxima em locais de risco

Selfies em um cenário de risco, podem ir de um ato inofensivo a um grande problema, ou terminar em morte
Foto: Freepik
Distração ao fazer registros em áreas rochosas ou lugares elevados pode ocasionar graves acidentes, inclusive fatais, destaca a Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico, ao alertar sobre os acidentes, cada vez mais corriqueiros, envolvendo selfies, reforçando a necessidade de conscientização sobre os perigos por trás de um simples gesto.
Caso recente envolveu uma jovem de 31 anos, no Mato Grosso do Sul. Em dezembro, ela sofreu uma queda de bicicleta ao tentar tirar uma selfie enquanto pedalava. Segundo testemunhas, a moça teria freado bruscamente ao se deparar com um quebra-molas e, após a ocasião, ela ficou em estado vegetativo.
Outro caso que ganhou destaque, também ocorrido em dezembro, foi de uma jovem de 22 anos que caiu de um edifício de 25 pavimentos, localizado na avenida principal de Balneário Camboriú (SC). O irmão da vítima, que estava com ela no momento do acidente, relatou ao Corpo de Bombeiros que ela fazia vídeos no heliponto do prédio quando, em um momento de distração, perdeu o equilíbrio.
Em agosto de 2024, tia e seu sobrinho, de 43 e 16 anos, morreram após caírem em uma cachoeira ao tirarem uma selfie em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro.
“Muitas vezes, a pessoa se orienta pela tela do celular e não se atenta ao entorno, onde está pisando, próximo a que ela está, se há risco de cair, se afogar. Então, veja onde está pisando, o que tem ao redor para, em segurança, fazer a foto”, orienta o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico, Robinson Esteves.
Alguns locais são ainda mais arriscados, como mirantes, cachoeiras e costões rochosos, por exemplo, que atraem pela beleza para fotos, mas também representam perigos, tornando ainda mais necessário reforçar o alerta. Nesse sentido, o Dr. Robson pontua: “evite situações de risco, como ficar próximo a penhascos, sentado em muretas ou perto de pedras escorregadias, onde um deslize pode resultar em quedas no mar ou em cachoeiras”.
Quando uma queda de altura não é fatal, pode resultar em série de lesões, o chamado politraumatismo, que é quando pelo menos duas partes do corpo se lesionam gravemente. A energia desprendida no momento da lesão está diretamente relacionada com a gravidade das lesões. “Quanto maior a velocidade que o corpo se desloca no momento do trauma, mais sérias as lesões serão”, explica o especialista.
Os politraumatismos podem incluir múltiplas fraturas ósseas, lesões na coluna, hemorragias, perda de membros (amputações), além de lesões cerebrais. “As consequências podem ser graves e afetar de forma importante a qualidade de vida da pessoa, pois as sequelas, com lesões permanentes, são muito comuns”, salienta.
Locais mais perigosos – Em 2021, a revista Journal of Travel Medicine apontou que a Praia da Penha, em Santa Catarina, está entre os 10 lugares com mais mortes em tentativas de selfies no mundo. Foi lá, inclusive, que uma mulher de 28 anos morreu ao cair do costão da Ponta do Vigia, quando fazia uma foto, em 2021.
Outros lugares considerados perigosos, de acordo com a publicação, são as cataratas do Niágara (na fronteira entre os EUA e Canadá); o Glen Canyon (EUA); o Charco del Burro (Colômbia); a catarata de Mlango (Quênia); os montes Urais (Rússia); o Taj Mahal e o vale de Doodhpathri (ambos na Índia); a ilha Nusa Lembongan (Indonésia) e o arquipélago de Langkawi (Malásia).
À época, o Brasil ocupava o quinto lugar da lista, com 17 casos de morte por selfies e os países que mais registravam mortes eram Índia (100 casos), Estados Unidos (39) e Rússia (33).
Atenção máxima ao caminhar – Tirar uma selfie em cenários arriscados não é o único risco de acidentes envolvendo a distração com o uso de celular. Ao caminhar pela rua, digitando ou olhando mensagens, situações sérias podem acontecer, como a registrada na cidade de Januária, em Minas Gerais, em fevereiro do ano passado. Um homem de 33 anos caiu em um bueiro de 2,5 metros de profundidade. Durante o resgaste, a vítima contou aos socorristas que estava focado na tela do aparelho e não percebeu que o bueiro estava aberto.
“Evite andar na rua com fone de ouvido, que aumenta a distração, e não caminhe e use o celular ao mesmo tempo. Atente-se ao trajeto, nos obstáculos e demais riscos que pode haver no caminho, conclui o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico.