O impacto da endometriose na vida sexual
Dr. Marcos Tcherniakovsky: “a dor crônica, uma das principais queixas das pessoas com endometriose, muitas vezes leva à redução do desejo sexual devido ao receio de que a atividade íntima intensifique o desconforto”
A endometriose, condição que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo, tem impacto significativo não apenas na saúde física, mas, também, na qualidade de vida emocional, afetiva e sexual da mulher que convive com ela.
Segundo o ginecologista Marcos Tcherniakovsky/São Paulo/SP, Diretor de Comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE), o impacto dessa doença na vida sexual é múltiplo e pode resultar em profundas mudanças na dinâmica dos relacionamentos. “A dor crônica, uma das principais queixas das pessoas com endometriose, muitas vezes leva à redução do desejo sexual devido ao receio de que a atividade íntima intensifique o desconforto. Em muitos casos, as pacientes acabam evitando o contato sexual, o que pode criar barreiras emocionais e sentimento de frustração tanto para elas quanto para seus parceiros ou parceiras”, explica o médico.
Isolamento emocional – A falta de compreensão e conhecimento sobre a endometriose pode agravar ainda mais a situação. Para muitas pessoas que convivem com a doença, há um sentimento de culpa ou vergonha associado à incapacidade de atender às expectativas do parceiro(a). “Além disso, o estigma em torno das dores menstruais e a percepção equivocada de que a dor é ‘normal’ contribuem para o isolamento emocional, criando uma barreira que dificulta o diálogo aberto sobre os desafios impostos pela condição. Esse quadro pode gerar tensões, distanciamento e, em casos mais extremos, levar ao rompimento de relações”, comenta Tcherniakovsky.
Conscientização – A educação e a troca de informações são ferramentas essenciais para reduzir o estigma e criar ambientes mais acolhedores e empáticos. Além disso, existem tratamentos que, quando bem conduzidos por uma equipe multidisciplinar, podem ajudar a minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. “Desde terapias medicamentosas, mudanças no estilo de vida, até intervenções cirúrgicas, cada caso deve ser avaliado individualmente para oferecer o melhor suporte possível. Ressalto a importância do apoio emocional. Terapias de casal e psicoterapia individual podem ajudar a lidar com as emoções geradas pela doença, proporcionando um espaço seguro para expressar medos, angústias e expectativas”, relata o médico.
Vale lembrar que a endometriose é uma condição complexa que afeta a vida de milhares de pessoas, exigindo uma abordagem empática e abrangente. Conforme destaca o Dr. Tcherniakovsky , “ao reconhecer o impacto que a doença tem na vida sexual e nos relacionamentos, é possível construir caminhos para uma vida mais plena, com menos dor e mais qualidade de vida para as pacientes. Isso passa pelo acesso a tratamentos adequados, apoio emocional e, acima de tudo, pela construção de um espaço de empatia e compreensão mútua”.