Abuso de antidepressivos na menopausa pode mascarar carência de hormônios
Dr. Walter Pace/ Professor e Coordenador Geral da Pós-Graduação de Ginecologia da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais, em Belo Horizonte/MG, e Titular da Academia Mineira de Medicina
Com a diminuição da produção hormonal durante o climatério, as mulheres ficam propensas a vários problemas, por exemplo, psicológicos, incluindo depressão, ansiedade, irritabilidade, nervosismo, tristeza e inquietação, bem como problemas de memória, perda de libido, falta de confiança e concentração. Com todos esses sintomas, tão incômodos no dia a dia, é normal que muitas recorram ao uso de antidepressivos. No entanto, tais medicamentos, dependendo de seu uso, podem mascarar outros problemas da saúde feminina como, a carência dos hormônios estrogênio, testosterona e progesterona, que ocorre durante o climatério/menopausa, devido à falência do ovário nesse momento da vida da mulher.
É importante lembrar que o climatério é o nome científico que descreve a transição fisiológica do período reprodutivo para o não reprodutivo da mulher. Ele abrange a menopausa, que ocorre com a última menstruação espontânea. Nesse sentido, é importante as mulheres procurarem o ginecologista para uma avaliação da carência hormonal e buscarem alternativas de tratamento que combatam os sintomas dessa fase da vida, uma vez que a avaliação clínica é o mais importante para um bom diagnóstico.
A clínica é soberana. Isto quer dizer – o corpo fala. Então, sintomas como os descritos acima demonstram que o corpo está em carência, e a carência dos hormônios citados provoca os sintomas que tanto incomodam as mulheres.
Hormônio nenhum faz mal, o que faz mal é o excesso ou a sua carência. E como a menopausa é a falência do ovário, em consequência de uma queda abrupta desses hormônios, que a mulher para de produzi-los, ela passa a ter uma carência deles, o que acontece praticamente com todas as mulheres. Então, a principal avaliação é clínica. A partir do momento em que se faz uma avaliação bem feita, exames laboratoriais de dosagens de hormônio podem comprovar essa situação.
Feito o diagnóstico, inicia-se o tratamento. O principal é o hormonal. Atualmente, cada vez mais entendemos e sabemos que a melhor forma de tratar é através da via periférica. Isto porque não passando pela boca e nem pelo fígado, os efeitos colaterais são menores. Inclusive hoje, podem e devem ser utilizados hormônios isoidênticos ou bioidênticos, ou seja, do ponto de vista químico e molecular, são iguais aos hormônios que produzimos. E o nosso organismo não consegue diferenciar se esses hormônios foram produzidos em laboratório ou pelo corpo humano. “O que importa é que, do ponto de vista de sua configuração molecular, eles são idênticos, ou isoidênticos àqueles que nós produzimos.
Os hormônios entrando pela via periférica é como se fosse a própria pessoa que os estivesse produzindo. Então, o que o especialista de fato faz é devolver à mulher hormônios que ela deixou de produzir, a partir do momento em que ocorreu a falência do ovário.
Nesse sentido, é bom salientar também que os implantes são uma ótima alternativa ao serem administrados através da via periférica, por que podemos individualizar o tratamento. E esse tratamento, de uma certa forma é cômodo por que libera, de maneira constante, uma quantidade de hormônio segura para as pacientes.