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Autismo – diagnóstico tardio dificulta o tratamento

Neurologista Lanucy de Lima Maia: “o tratamento do TEA em adultos é parecido ao de crianças, mas com menor eficácia. Quanto mais novo começar, melhor é”.

         Ao contrário dos Estados Unido, o Brasil tem uma grande ausência de dados atualizados sobre o autismo. Os últimos são de 2010 e feitos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Tendo, assim, como referência pesquisa recente do Centro Americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), cuja estimativa aponta para uma em cada 36 crianças com menos de 8 anos nesta condição, o Brasil teria cerca de 6 milhões de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Um fato que tem chamado atenção ultimamente para o TEA é o diagnóstico tardio, inclusive em famosos. A neurologista Lanucy Freitas de Lima Maia, de Goiânia/GO, destaca que diagnosticar o autismo em adultos é mais difícil. “Na criança a gente consegue ver como ela está se desenvolvendo. Como o transtorno do espectro autista é um distúrbio de neurodesenvolvimento, pegando no começo, ajuda bastante a reconhecer as alterações. No adulto, às vezes temos as características da personalidade da pessoa, além de outros transtornos psiquiátricos, que podem confundir”, explica, destacando que o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, no recente 2 de abril, é, assim, uma data importante para alertar a sociedade sobre a doença e o seu diagnóstico precoce. O mês ganha, assim, a cor azul, símbolo dessa condição.

De acordo com a médica, a maior descoberta do autismo em adultos se deve ao aumento do conhecimento dos profissionais. “Tem se falado mais, suspeitado mais. A maioria de quem hoje é adulto já apresentava esses sintomas desde a infância, porém naquela época, não tínhamos o conhecimento que a gente tem hoje, os estudos, os profissionais e acaba que não foi feito o diagnóstico naquela época, mas o transtorno continua prejudicando a vida da pessoa. Agora, felizmente, essas pessoas estão tendo a oportunidade de serem diagnosticadas e tratadas corretamente”, pontua.

Níveis e sintomas – O autismo possui níveis, os quais indicam a independência da pessoa. No nível 1, o adulto precisa de pouco suporte; no 2 – é necessário um auxílio razoável; e o 3 – é quando o indivíduo precisa de muita ajuda. O primeiro é o mais difícil de ser diagnosticado “porque é o que apresenta menos sintomas visíveis. A pessoa tem mais sintomas que geram sofrimento nela, como dificuldade de comunicação, de compreensão, de se expressar, de sair da rotina. São algumas alterações que quem vê de fora pensa que é só o jeito dela, que não tem nada e acaba julgando que aquilo não é importante”, ressalta a especialista.

Lanucy Maia pontua os sinais a se observar sobre o TEA em adultos. “O principal sintoma é a dificuldade de comunicação e de interação social. Lembrando que isso vem da infância. Então, um adulto que quando criança interagia, tinha amigos, conseguia ficar em um local cheio e depois, na adolescência ou na idade adulta, iniciou essa dificuldade, normalmente a gente não vai pensar em autismo, vamos analisar outros transtornos”, deixando essa questão por último.

Conforme explica, a pessoa com TEA têm dificuldade de fazer amizade, de formar vínculo, a maioria não gosta de estar em locais com muitas pessoas, gosta de ficar mais sozinho, mais isolado, tem a dificuldade de sair da rotina, tem uma rigidez muito grande no que ele planeja, quando sai alguma coisinha diferente fica totalmente descompensada. Identificar esses sinais é importante para o diagnóstico e o tratamento.

De acordo com a neurologista, o tratamento do TEA em adultos é parecido ao de crianças, mas com menor eficácia. Ele é basicamente através de terapias. No entanto, com menor resultado. “Quanto mais novo começar, melhor é”, observa a médica, lembrando que o adulto, geralmente, já apresenta comorbidades, com transtorno de ansiedade e depressão, entre outros. Além disso, o cérebro já está formado – a gente nasce com o cérebro imaturo e ele vai amadurecendo e se formando até os 18 anos, quando passa dessa idade, a gente tem pouca oportunidade de mudança. Isso não quer dizer que não deve ser feito o tratamento. As terapias continuam sendo muito importantes, porém quanto antes iniciar, melhor”, friza.

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