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Clínica mineira adota tecnologia de monitorização não invasiva aprovada pela Anvisa

 A Neuromais, em Belo Horizonte (MG), é a primeira clínica neurológica do estado a adotar a tecnologia de monitorização não invasiva de variações de complacência (CIC) e pressão intracraniana (PIC). Desenvolvida pela brain4care, aprovada pela Anvisa, no Brasil, e pelo FDA, nos Estados Unidos, a tecnologia, conforme explica o médico neurologista  Albert Louis Rocha Bicalho, diretor técnico da Neuromais, permite realizar algo que ele nunca imaginou que seria possível, que é monitorizar, de modo não invasivo e sem risco, pacientes acordados e ter acesso a informações sobre a complacência e pressão intracraniana. “Mais que uma inovação, considero isso uma revolução”, ressalta.

O entusiasmo do especialista tem como base a validação científica da tecnologia e sua prática clínica. Sem a brain4care, a única maneira de ter acesso a dados sobre a pressão intracraniana era por meio de métodos invasivos – uma punção lombar ou a inserção cirúrgica de um cateter na caixa craniana – que limitavam a utilização a situações muito específicas e, consequentemente, impossibilitava o acesso a essas informações na maioria dos casos. Isso acontecia porque a Medicina acreditava que a caixa craniana no adulto não era extensível, o que levou, por muito tempo, ao desenvolvimento apenas de métodos invasivos, com objetivo de desvendar o comportamento da pressão no interior do cérebro.

“Uma punção lombar é um método invasivo que precisa de um médico especializado no procedimento e apresenta risco de efeitos colaterais. A inserção cirúrgica de um cateter na caixa craniana é um procedimento ainda mais complexo”, informa. Com a tecnologia brain4care, em tempo real as informações são captadas por um sensor posicionado na cabeça do paciente. Os dados são enviados para a nuvem da brain4care, processados por algoritmos e devolvidos no formato de relatórios que apresentam informações adicionais sobre a morfologia do pulso da pressão intracraniana. São dados que auxiliam no diagnóstico, na definição de tratamento e no acompanhamento da evolução da pressão e complacência intracraniana dos pacientes.

Desde que adotou a tecnologia, há cerca de cinco meses, Bicalho já monitorizou em torno de 60 pacientes, a maioria encaminhada por oftalmologistas e otorrinolaringologistas. “Em geral, são pacientes que apresentam sintomas como enxaqueca, zumbidos, perdas auditivas, dores de cabeça, sem que se tenha chegado a um diagnóstico, mesmo com a realização de todos os exames clínicos e de imagem recomendados a cada caso”, diz. De acordo com o especialista, cerca de 90% desses pacientes apresentaram hipertensão intracraniana. Com base nessa informação, explica Bicalho, o médico pode considerar possibilidades diagnósticas mais assertivas.

Bicalho conta que recebeu um paciente idoso com diagnóstico de glaucoma (doença em que há dano no nervo que liga o olho ao cérebro, devido à pressão ocular alta). Ele apresentava perda visual típica do glaucoma. No entanto, outros sintomas apareceram, como perda de memória, redução do controle urinário e fecal e alteração de marcha. Com a monitorização não invasiva das variações de complacência (CIC) e pressão intracraniana (PIC) foi possível concluir que o paciente não tinha glaucoma, mas hipertensão intracraniana. De fato, a hipertensão intracraniana estava “travando” o nervo óptico do paciente e, por essa razão, sua visão estava sendo prejudicada. No exame de fundo de olho, a aparência era de glaucoma, apesar do paciente não apresentar hipertensão ocular.

“Várias doenças neurológicas podem levar a hipertensão intracraniana e com a monitorização não invasiva é possível chegar ao diagnóstico diferencial de modo mais ágil e assertivo e com um investimento menor comparado a uma ressonância, por exemplo, que será solicitada apenas em caso de real necessidade”, afirma. O especialista também está utilizando a brain4care no controle da dosagem de medicamentos de pacientes que tratam hipertensão intracraniana. “O paciente toma medicamento para baixar a pressão intracraniana e precisamos saber se a dosagem está adequada. Enquanto é possível controlar a pressão com medicamento, podemos investigar a causa da hipertensão intracraniana”, explica.

Com a implementação da tecnologia brain4care, Bicalho afirma que mudou o protocolo de atendimento em sua clínica. “Além dos pacientes encaminhados por colegas para realizar o exame não invasivo, também temos nosso atendimento ambulatorial em nossa clínica. Para nossos pacientes, na dúvida, sempre fazemos a monitorização não invasiva e esse procedimento tem sido decisivo na maioria dos casos”, conclui.

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