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Residência Médica e o plantão

Por Dra. Regina de Faria Bittencourt da Costa:

Membro do Departamento de Educação Médica Continuada da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo e Doutora em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM)

Imagem de Yerson Retamal por Pixabay 

A Residência Médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação, oferecida por instituições regulamentadas pelo Ministério da Educação (MEC) e regimento determinado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). É considerada o “padrão-ouro” na formação de médicos no Brasil. Nela, o residente realiza treinamento, em serviço, sob a supervisão do preceptor, médico de elevada qualificação ética e profissional, mediador do processo de ensino-aprendizagem, das inter-relações entre estudantes, docentes, usuários, gestores e equipe multiprofissional, nos diferentes estágios previstos pela CNRM.

Os estágios em urgência e emergência, pronto-socorro e atendimento a pacientes internados são obrigatórios, com base na Resolução CNRM nº 2/2006, devendo constituir 10% da carga horária anual.  São determinadas, no máximo, 24 “horas de plantão”, dentro da carga horária de 60 horas semanais.

A Matriz de Competências em Cirurgia Vascular, aprovada pela CNRM, descreve em seus objetivos gerais: Formar e habilitar médicos, na área de Cirurgia Vascular, a adquirir as competências necessárias para realizar procedimentos diagnósticos, terapêuticos clínicos, cirúrgicos e endovasculares no ensino, na pesquisa e assistência aos pacientes portadores de afecções circulatórias congênitas, adquiridas, degenerativas, “urgências traumáticas e não traumáticas”. E em seus objetivos específicos: Adquirir competências para abordar os acessos vasculares invasivos ou não, “atendimento ao trauma vascular e às emergências cirúrgicas e clínicas”.

É durante os processos de estágios e plantões, no atendimento de urgências e emergências, que atitudes, habilidades e competências necessárias à especialidade devem ser desenvolvidas para a adequada capacitação do médico residente, nos serviços de urgência e emergência, tais como: capacidade de manter-se alerta e estável, tomar decisões rápidas e adequadas, dentro de normativas das melhores práticas, atuar com segurança diante das mais diferentes intercorrências e adversidades, saber lidar com as limitações de recursos, ter boa comunicação com pacientes e familiares e trabalhar bem em equipe.

É no plantão, em pronto-socorro, que o médico-residente tem maior contato com pacientes que necessitam de atendimento de urgência/emergência. Deste modo, é importante ressaltar que, os eventos cardiovasculares são considerados a principal causa de morte na população brasileira, enquanto as causas externas, incluindo causas intencionais e não intencionais, sendo, portanto, a principal causa de morte, nas primeiras quatro décadas de vida (por exemplo, o trauma).

Esses eventos críticos, comuns no atendimento às urgências e emergências, apresentam-se cada vez mais desafiadores, sendo o pronto-socorro considerado área crítica para o desenvolvimento dos médicos, tendo em vista a evolução da própria medicina e a expectativa da sociedade atual, que estabelece novos padrões de exigência, desfechos e tempos de resposta às demandas individuais.

Nesse contexto, os plantões médicos são idealizados para garantir pronto atendimento aos pacientes, internados ou que chegam à instituição, seja no pronto-socorro, unidades de emergência, UTI, enfermarias, garantindo atendimentos emergenciais e assistência contínua aos doentes. Desta forma, o enfrentamento das situações de urgência e emergência e de suas causas requer, não apenas a assistência imediata, mas incluem ações de promoção da saúde e prevenção de doenças e seus agravos, o tratamento contínuo das doenças crônicas, a reabilitação e os cuidados paliativos.

A responsabilidade estratégica do atendimento é de extrema importância e os setores de Urgência e Emergência, dentro dos sistemas de saúde, são locais de alta demanda e existe sobrecarga dos serviços disponibilizados para o atendimento da população. Por outro lado, há necessidade constante de atualização e educação continuada dos médicos plantonistas.

O médico residente, dentro de um programa de residência, devidamente credenciado pela CNRM, não deve ser o responsável pela Assistência Médica em substituição ao preceptor (assistente), pois a atividade-fim do residente se relaciona ao processo de ensino e aprendizagem. A maneira apropriada do treinamento e capacitação do médico residente, em regime de plantão, objetiva fornecer formação adequada, com ganho de autonomia e independência, para ofertar tratamento adequado à população. Certamente, essas atividades de alta complexidade exigem supervisão adequada de preceptor habilitado.

Além de capacitar o médico residente para o atendimento, nos diferentes níveis de gravidade do doente, presentes nos serviços de urgência e emergência (pronto-socorro), os programas de residência médica devem, também, primar pela capacitação técnica, humanização e alinhar conhecimentos legais, portarias e diretrizes de saúde vigentes, que são pilares essenciais para a formação profissional do médico.

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