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Conheça os desafios da ortopedista Alessandra Regina da Silva Resende

Ortopedista Alessandra Resende: “a Residência Médica de Ortopedia foi meu maior desafio profissional até o momento. A carga horária laboral ultrapassa 10/12h diárias, incluindo, muitas vezes, os finais de semana e feriados”

É sempre curioso conhecermos a vida de médicos que muitas vezes vemos em hospitais e clínicas e que muitos trazem uma história bastante rica. Sempre passamos a enxergá-los de forma mais próxima, depois de conhecermos detalhes de suas vidas. É o caso da Dra. Alessandra Regina da Silva Resende, médica ortopedista e traumatologista do time feminino do Clube Atlético Mineiro. É coordenadora das equipes de Cirurgia do Trauma Ortopédico e Doenças Esteometabólicas e do Pronto Atendimento Ortopédico do Hospital Vila da Serra/MG. Também é membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, da Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico e do Comitê de Doenças Osteometabólicas da SBOT.

Conforme Estudo Demográfico Médico, realizado pelo Conselho Federal de Medicina, em 2020, apenas 6,5% dos ortopedistas do Brasil são mulheres. Conheça a trajetória da médica.

Dra. Alessandra, a Ortopedia é um universo muito masculino. Durante a sua Residência Médica em Ortopedia, a senhora sofreu algum preconceito?

Definitivamente a Ortopedia é uma especialidade médica predominantemente masculina. Quando entrei na residência na UFMG, a secretária responsável pela inscrição dos residentes até assustou. Já tinha alguns anos que não havia mulheres neste cargo. Não consegui descobrir exatamente quantos anos, mas existe uma lenda que chegou a 20 anos sem mulheres. No geral, fui bem recebida pelos preceptores e colegas de residência e não sofri nenhum tipo de preconceito por parte deles. No entanto, como minoria, me sentia pressionada para demonstrar um bom trabalho e competência para reafirmar a capacidade feminina em exercer a profissão. Mas sempre me senti respeitada, inclusive em posição de chefia, como coordenadora de equipes de ortopedistas. Acredito que a realização de um bom trabalho durante a residência e após a formação me ajudou muito, afinal o respeito pode ser conquistado através da comprovação da sua competência.

Quais o principal desafio que encontrou?

A Residência Médica de Ortopedia foi meu maior desafio profissional até o momento. A carga horária laboral ultrapassa 10/12h diárias, incluindo, muitas vezes, os finais de semana e feriados. Além disso, a cobrança teórica é enorme. Então, basicamente foram quatro anos dedicados inteiramente ao trabalho e aos estudos.

E com relação aos pacientes, há ou houve preconceito?

Os pacientes em geral, principalmente as mulheres, gostam de ser atendidas por mulheres. Nunca tive um episódio de preconceito por ser mulher até o momento, a não ser a clássica confusão com a Enfermagem ou a Fisioterapia, por serem profissões com maior predominância feminina, algumas vezes os pacientes não entendem que sou ortopedista, mas nada que uma explicação não resolva.

Fale um pouco sobre a sua especialidade na Ortopedia

Nossa, sou suspeita, mas adoro todas as minhas áreas de atuação. Aliás, a Ortopedia é uma especialidade médica muito ampla, permitindo diversos ambientes de trabalho e atividades diferentes. Por exemplo, eu sou cirurgiã do trauma ortopédico, logo, opero casos de fraturas em pacientes de todas as idades (exceto crianças), acompanho um time de futebol feminino atuando diretamente no campo e no atendimento das mais diversas lesões de atletas de alto rendimento, e atendo pacientes em consultório, com ênfase principalmente em complicações de trauma, patologias ortopédicas relacionadas ao esporte, e na prevenção de fraturas, principalmente em idosos. Então, cada dia frequento um ambiente diferente: consultório, pronto atendimento, campo de futebol, bloco cirúrgico. Monotonia não existe na minha vida profissional.

E sobre sua subespecialidade?

A minha subespecialidade principal é a cirurgia do trauma ortopédico. Acho que não escolhi esta área, mas fui escolhida. Quando terminei a residência não sabia muito bem o que fazer. Gostava muito da área de Ombro e Cotovelo, mas não tinha certeza se era para mim. Acabei não conseguindo fazer a subespecialidade no lugar que desejava porque demorei a solicitar a vaga e, sinceramente, foi ótimo. Me encontrei na subespecialidade de Trauma, área encantadora onde você vê os resultados mais rápidos na medicina. Por exemplo, imagina uma senhora idosa que caiu e fraturou o fêmur. No dia do trauma ela estará na cama, incapacitada, sentindo dor. Aí, você a opera e no outro dia ela já está sentada e, muitas vezes, ensaiando os primeiros passos. Você sente que realmente faz a diferença na vida do paciente e essa sensação é indescritível.

Como a pandemia do coranavírus afetou o seu trabalho?

No meu caso, a pandemia resultou na diminuição da demanda. Com as pessoas mais em casa, os atendimentos de urgência por fraturas diminuíram, assim como a procura por atendimento ambulatorial. No entanto, já está normalizando com a melhora dos indicadores de saúde e o retorno gradativo das pessoas a suas atividades habituais.

O que a senhora faz para relaxar?

A atividade que faço todo dia para relaxar e manejar o estresse é o exercício físico. Pratico musculação e aeróbico pelo menos cinco vezes na semana. Nos finais de semana, gosto de me aventurar em atividades ao ar livre, como caminhadas, trilhas em cachoeiras, escalada em rocha etc. Além disso, curto ver filmes, séries e escutar um bom rock and roll.

Que mensagem a senhora pode deixar para as jovens médicas que querem fazer Ortopedia?

Sigam a vocação de vocês. A Ortopedia é uma especialidade médica ampla, com espaço para atuação nas mais diversas áreas e ambientes, independente do gênero. Uma dica importante: sejam dedicadas e responsáveis durante a Residência Médica, mostrem pró-atividade e estudem muito. Isso fará toda a diferença nas suas carreiras profissionais. Ah, e sejam bem-vindas!

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