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Dificuldade no aprendizado pode ser mais que uma questão escolar

Um em cada 20 brasileiros tem baixa habilidade de decodificação e soletração e, por isso, dificuldades no reconhecimento preciso das palavras e na compreensão de texto. Déficits cognitivos com prejuízo à leitura caracterizam a dislexia, um transtorno específico da aprendizagem, de origem neurobiológica, que atinge entre 5% e 15% da população mundial, segundo a Associação Americana de Psiquiatria. Para difundir as informações sobre este transtorno, o recente dia 16 de novembro se tornou o Dia Nacional de Atenção à Dislexia.

De acordo com o Ministério da Saúde, a dislexia é um distúrbio de aprendizado que pode provocar erros de ortografia e dificuldade de leitura. Ela ocorre quando o cérebro tem dificuldade em fazer a conexão entre sons e símbolos, como letras. “A criança em idade escolar é inteligente, mas se apresentar uma dificuldade muito grande em aprender a ler e escrever normalmente, precisa de atenção”, revela a pediatra especialista em Desenvolvimento Infantil, Ana Márcia Guimarães, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia/GO.

Diagnóstico – Conforme explica a Dra. Ana Guimarães, não é possível dar um diagnóstico sem exame específico. “Quando uma criança tem uma dificuldade escolar, discrepante de seu aparente nível de inteligência e que não melhora com uma intervenção, como, por exemplo, uma aula de reforço, é preciso procurar um pediatra especialista em desenvolvimento. Ele vai solicitar uma avaliação neuropsicológica, porque somente essa avaliação vai afastar a possibilidade de ser um déficit intelectual e mostrar a dificuldade da criança com processo de leitura e escrita”, afirma Ana Márcia.

Segundo a médica, o diagnóstico é mais fácil de ser feito a partir dos seis anos. Porém, os familiares podem observar alguns sinais, a partir dos quatro anos. “Tem alguns sinais precoces que podem levantar suspeitas, como atraso para falar, ou dificuldade com rimas, com música. Aquelas que por volta dos quatro ou cinco anos não reconhecem a letra do seu nome e que tem dificuldade de contar, podem estar apresentando estes sinais. Além disso, ter parentes de primeiro grau com dificuldade na escola também é um ponto de atenção”, destaca a especialista.

Muitas vezes a dislexia pode ser descoberta tardiamente. “Com frequência a dislexia, principalmente a leve ou moderada, passa despercebida na infância, na adolescência e pode ser identificada só no adulto. Isso pode acarretar em problemas como autoestima baixa, sentimento de inferioridade, ansiedade, depressão e até abandono escolar, porque a pessoa tem uma dificuldade muito grande e não foi diagnosticada para ser tratada em tempo oportuno, que é a idade escolar”, salienta a especialista.

Algumas pessoas podem confundir os sinais da dislexia com outros transtornos, como autismo ou déficit de atenção, mas a Dra. Ana Guimarães afirma que para um especialista isso é diferenciado. A dislexia não tem cura, mas tem tratamento com fonoaudiologia especializada. “Se essa criança for estimulada corretamente por um bom profissional, da maneira correta e em tempo correto, ela tem grandes chances de melhorar, mas vai depender do grau de dislexia dela”, completa a médica, afirmando que é possível conviver muito bem com o distúrbio e ter uma boa qualidade de vida. 

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