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Epilepsia: 4 novos tratamentos que prometem melhorar a vida do paciente

Neurocirurgião explica sobre as alternativas mais modernas para o controle da doença

A epilepsia é um distúrbio neurológico no qual as atividades cerebrais se tornam anormais, causando convulsões ou períodos de comportamento e sensações incomuns, e, ocasionalmente, perda de consciência. Qualquer pessoa pode desenvolver epilepsia. A doença afeta homens e mulheres de todas as raças, etnias e idades.  Estima-se que cerca de 3 milhões de brasileiros sofram com a doença, de acordo com a Liga Brasileira de Epilepsia. 

No Brasil a maioria dos pacientes utiliza apenas a medicação como forma de tratamento. Entretanto, mesmo com uma evolução dos medicamentos para epilepsia, o seu uso pode ocasionar efeitos colaterais significativos, como também podem se mostrar ineficazes, a depender da área do cérebro afetada. 

Uma outra opção, comumente utilizada, é uma cirurgia que consiste em remover a parte do cérebro que causa as convulsões. Essa alternativa é escolhida sobretudo em casos quando a epilepsia é desenvolvida mais tarde na vida adulta, em um local do cérebro no qual os remédios não fazem efeito. Nesses casos, a cirurgia apresenta resultados bastante satisfatórios, podendo melhorar 80 % dos pacientes. Contudo, alguns efeitos como fortes dores de cabeça podem acontecer, além de ser uma alternativa mais invasiva. 

Nos últimos anos, as pesquisas em relação à doença evoluíram bastante e já em muitos países utilizam-se novos tratamentos mais modernos e menos invasivos que podem ajudar um paciente a controlar a doença.

O neurocirurgião  Dr. Jamie Van Gospel, da Mayor Clinica/Rochester/EUA, descreve as opções mais recentes de tratamento para além do uso da medicação e da cirurgia . “Os medicamentos para epilepsia melhoraram e continuam sendo a forma mais comum de tratá-la. O tratamento com medicamentos ou, ocasionalmente, a cirurgia pode controlar as convulsões para a maioria das pessoas com epilepsia. Porém, a variedade de possibilidades de tratamento é muito maior agora”, diz o Dr. Van Gospel. 

Abaixo, os quatro tratamentos que já estão sendo utilizados nos Estados Unidos que prometem diminuir os efeitos da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. 

  1. Estimulação cerebral profunda. É um tratamento feito por meio do uso de um dispositivo colocado permanentemente dentro do cérebro. Esse dispositivo libera sinais elétricos programados regularmente que interrompem a atividade indutora das convulsões. Esse procedimento é orientado por ressonância magnética. O gerador que envia o sinal elétrico é implantado no tórax.
  1. Neura estimulação responsiva. Esses dispositivos implantáveis, parecidos com marcapassos, podem ajudar a reduzir significativamente a frequência da ocorrência das convulsões. Os dispositivos de estimulação responsiva analisam padrões de atividade cerebral para detectar convulsões logo no início e liberam uma carga elétrica ou um medicamento que interrompe a convulsão antes que ela provoque algum comprometimento. Pesquisas mostram que essa terapia tem menos efeitos colaterais e pode aliviar as convulsões a longo prazo. O dispositivo é colocado no crânio. 
  1. Terapia térmica intersticial a laser (LITT). Essa opção é menos invasiva do que a cirurgia ressectiva. A terapia usa um laser para identificar e destruir uma pequena porção de tecido cerebral. Uma ressonância magnética é usada para orientar o laser.
  1. Cirurgia minimamente invasiva. Novas técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como o ultrassom focalizado, guiado por ressonância magnética, se mostram promissoras para tratar convulsões com menos riscos do que a tradicional cirurgia cerebral aberta para a epilepsia.

“Conviver com a epilepsia pode gerar prejuízos na qualidade de vida de um paciente, prejuízos estes que podem afetar tanto sua vida pessoal quanto profissional. As convulsões geralmente produzem uma sensação de eterna insegurança. Estes tratamentos têm um efeito muito positivo, visto que, antes que cheguem a etapa de descontrole da doença, eles entregam uma nova sensação de esperança. Vemos pacientes que utilizaram estes tratamentos e tiveram mudanças importantes em seu cotidiano,” completa Dr. Van Gompel.

O neurocirurgião alerta que a epilepsia é uma doença muito diversa. Cada paciente tem uma relação muito distinta com as convulsões. Alguns pacientes podem, durante as convulsões, chegar ao risco de óbito pela falta de atividade respiratória. Por isso, ele ressalta que as pessoas com epilepsia devem consultar seu médico ou neurologista para encontrar o tratamento adequado e não hesitar em procurar uma segunda opinião em um centro de epilepsia, especialmente se tiverem efeitos colaterais relacionados à medicação ou continuarem a ter convulsões. “Os tratamentos para epilepsia estão mudando tão rapidamente que pode haver algo novo que possa ajudar.” 

As pesquisas na área continuam a se concentrar na prevenção ou predição (também conhecida como previsão de convulsões) e no tratamento das convulsões. “Acredito que nas próximas décadas, teremos entendimento suficiente da estimulação cerebral para talvez nunca mais removermos o tecido cerebral, ou que possamos tratar o cérebro com comportamento indevido com eletricidade ou algum outro tratamento. Talvez possamos usar a aplicação de medicamento diretamente na área que a reabilite para torná-la funcional novamente. É isso que esperamos”, conclui.

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