Junho Preto: mês de combate ao melanoma, a forma mais letal do câncer de pele
Dr. Gustavo Vasili Lucas: “a prevenção é sempre o melhor remédio, além disso, se a doença é descoberta no início, ela tem tratamento e cura”
O número de novos casos de melanoma vem aumentando nos últimos 40 anos. O Brasil registra anualmente 5.560 novos casos da doença e 1.547 óbitos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O melanoma é mais comum entre adultos, mas, às vezes, pode ser encontrado em crianças e adolescentes. Para conscientizar a população, o Junho Preto alerta sobre essa doença extremamente agressiva, mas tratável quando descoberta no início.
O Dr. Gustavo Vasili Lucas, oncologista do IOP – Instituto de Oncologia do Paraná, de Curitiba/PR, explica que o melanoma é uma doença caracterizada pela formação de células malignas (câncer) a partir dos melanócitos (células que dão cor à pele). A pele é o maior órgão do corpo e é a responsável pela proteção contra o calor, a luz do sol, lesões e infecções. “Ela pode ser dividida em várias camadas, mas as duas principais são a epiderme (superficial) e a derme (profunda). O câncer da pele começa na epiderme, que é composta por melanócitos: células que produzem melanina. A melanina é o pigmento que dá à pele sua cor natural. Quando a pele é exposta ao sol ou à luz artificial, os melanócitos produzem mais pigmentos e, como consequência, a pele escurece”, afirma. Por isso é muito importante adotar medidas simples como o uso de protetor solar, roupas com proteção, bonés, chapéus e óculos de sol. “Muitas pessoas pensam que no inverno não é preciso se proteger, mas devemos lembrar que o sol, mesmo escondido entre as nuvens, ainda está ali. E a prevenção é sempre o melhor remédio. Além disso, se a doença é descoberta no início, ela tem tratamento e cura”, alerta.
Em geral, todos os tipos de melanoma são caracterizados por manchas, pintas ou sinais. Nesse ponto, é importante observar características como, assimetrias e contorno irregular; muito escuras ou com diversas cores; maiores que meio centímetro; que tenham surgido e crescido rapidamente; que mudaram de características ou que coçam ou sangram.
Alguns fatores de risco do melanoma são a exposição ao sol (principalmente queimaduras do sol com bolhas repetidas), banhos de sol repetidos com ultravioleta A (UVA) ou tratamentos médicos com psoraleno mais ultravioleta A (PUVA); histórico de já ter tido câncer de pele (outro melanoma ou outro tipo de câncer de pele); parentes com melanoma; pele clara e com sardas; grande número de nevos pigmentados ou a presença de nevos – lesões/pintas – atípicos (especialmente se houver mais de cinco); sistema imunológico enfraquecido; um grande nevo melanocítico congênito (nevo congênito gigante) ou idade avançada.
Se um sinal ou uma área pigmentada sofrem mudanças, os seguintes exames e procedimentos podem ajudar no diagnóstico do melanoma:
Exame dermatológico – Quando o médico dermatologista avalia todos os sinais, pintas de nascença ou outras áreas pigmentadas que pareçam anormais no que diz respeito à cor, forma e textura;
Dermatoscopia – Este exame é realizado pelo próprio dermatologista no consultório. Usando um dermatoscópio, aparelho que amplia as lesões e usa uma luz para separar cores e estruturas, é possível identificar lesões suspeitas de câncer de pele de uma forma mais precoce e eficiente;
Mapeamento corporal total e dermatoscopia digital – Para pacientes com alto risco de desenvolver câncer de pele, principalmente aqueles com múltiplos nevos (pintas) e parentes com melanoma, recomenda-se fotografar todo o corpo e cada uma das pintas usando um dermatoscópio acoplado a uma máquina fotográfica digital. Esse exame é útil para acompanhamento e deve ser repetido conforme orientação do dermatologista. Apenas aquelas pintas que mudarem serão suspeitas de câncer de pele, possibilitando o diagnóstico precoce com redução do número de lesões removidas desnecessariamente.
Tratamento do melanoma – Pode ser feito de diferentes maneiras, sendo utilizados cinco tipos de tratamento padrão: cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e terapia alvo. Os pacientes podem fazer um ou mais tipos de tratamento, dependendo do estágio em que o tumor se encontra.
De acordo com o Dr. Vasili Lucas, “a cirurgia é o tratamento utilizado em todos os tipos de melanoma e em todos os seus estágios. Depois da retirada completa da lesão inicial (biopsia excisional) deve ser realizada uma nova cirurgia com margens amplas para diminuir a chance do tumor voltar naquele local. Dependendo principalmente da profundidade do melanoma, faz-se a pesquisa do linfonodo sentinela, que é o primeiro gânglio a ser atingido no caso de metástase”.
Nos últimos anos, destaca, “tivemos o desenvolvimento da imunoterapia e terapias alvo direcionadas, que levam em consideração uma característica importante do sistema imunológico, que é a sua capacidade de não atacar as células normais do corpo. Para fazer isso, eles utilizam pontos de verificação, que são proteínas em células do sistema imunológico que precisam ser ativadas (ou desligadas) para iniciar uma resposta imune.
Conforme explica, às vezes, as células tumorais utilizam esses pontos de controle para evitar serem atacadas pelo sistema imunológico, ou seja, as células do tumor apresentam grandes quantidades dessa proteína. Por isso não serão atacadas nem mortas. A imunoterapia utiliza medicamentos que visam às proteínas que atuam sobre esses pontos de controle, ajudando a restaurar a resposta do sistema imunológico contra as células tumorais. É utilizada em pacientes com melanomas avançados ou que não podem ser removidos cirurgicamente.
Já a Terapia-alvo é um tipo de tratamento que usa drogas ou substâncias para atacar as células cancerosas, causando menos danos às células normais do que a quimioterapia ou a radioterapia.