Livro apresenta os tratamentos mais eficazes contra a depressão

Em “Compreendendo a Depressão”, pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da USP desvendam as causas da doença que afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo
Frescura, fraqueza, tristeza. Esses são alguns dos estigmas relacionados à depressão, a principal causa de incapacidade em todo o mundo e presente em todas as faixas etárias e classes sociais. Desmistificar essa condição é um dos principais objetivos do recém-lançado livro Compreendendo a Depressão (Ed. Manole), que une ciência, clínica e sensibilidade para iluminar um dos maiores desafios de saúde mental hoje. Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, a depressão afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, mas permanece envolta ainda em mal-entendidos e preconceitos.
Escrito pelos psiquiatras Rodolfo Damiano e Marcus Vinicius Zanetti e pelas psicólogas Loren Beiram e Leticia Lopes de Figueiredo — todos do Ambulatório de Depressão Resistente ao Tratamento, Autolesão e Suicidalidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo —, o livro é um guia acessível, informativo e inspirador. A obra percorre desde a conceituação e as múltiplas causas da depressão até seus impactos sociais, estratégias de enfrentamento, políticas públicas e os tratamentos mais modernos, incluindo intervenções psicológicas e psiquiátricas baseadas em evidências. “A depressão, por mais desafiadora que seja, é uma condição tratável. A nossa intenção com este livro foi construir um mapa confiável, um guia prático para a ação para pacientes, profissionais de saúde e familiares. Uma jornada para transformar estigma em compreensão e desespero em esperança fundamentada”, afirma o psiquiatra Rodolfo Damiano, um dos autores e coordenador do projeto.
Os autores destacam que a depressão não se limita à imagem de uma pessoa prostrada e isolada. Pode acometer executivos bem-sucedidos, estudantes brilhantes ou mães aparentemente felizes. Estima-se que uma em cada cinco pessoas sofrerá ao menos um episódio depressivo ao longo da vida. Pessoas deprimidas apresentam maior risco para doenças cardiovasculares, diabetes e condições neurodegenerativas. No Brasil, o cenário é ainda mais preocupante: cerca de 15,5% da população apresenta sintomas compatíveis com depressão, a maior prevalência da América Latina. O país também enfrenta uma escalada nas taxas de suicídio, com aproximadamente 14 mil mortes por ano, quase metade associadas à depressão — um aumento de 57% entre 2000 e 2019, na contramão das tendências globais.
A depressão é multifatorial, resultante de uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e ambientais. Mulheres têm o dobro de chances de desenvolver a doença e situações de vulnerabilidade, como desemprego, pobreza, luto, doenças crônicas ou uso de substâncias, elevam ainda mais o risco. Embora seja uma condição complexa, os autores reforçam que ela é tratável e que os avanços científicos das últimas décadas tornaram o tratamento mais eficaz e personalizado. “Na obra mostramos que o tratamento da depressão precisa ir além de um único método. As evidências atuais apontam que as combinações entre psicoterapia e farmacoterapia são as estratégias mais eficazes, especialmente quando associadas a mudanças no estilo de vida e ao fortalecimento de vínculos sociais.
Em casos resistentes, terapias biológicas – como a estimulação magnética transcraniana, a escetamina intranasal e outras formas de neuromodulação, vêm ampliando as possibilidades de resposta. A ciência tem mostrado que, com cuidado estruturado, acompanhamento contínuo e empatia clínica, é possível recuperar a funcionalidade e o prazer de viver”, destaca Damiano, professor do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Psiquiatria da USP.
Segundo pesquisa recente do Instituto Ipsos, 52% dos brasileiros consideram a saúde mental o principal problema de saúde do país, número que saltou de 18% em 2018, superando até o câncer. Para Damiano, os brasileiros já reconhecem que não há saúde sem saúde mental, mas as políticas públicas ainda não acompanham essa conscientização. “Postos de saúde continuam sem psicólogos, psiquiatras e uma rede estruturada de atenção em saúde mental. A depressão é uma condição que exige continuidade de cuidado, e o sucesso do tratamento depende do acesso, da adesão e da integração entre diferentes níveis de atenção”, afirma o autor.
Além das abordagens médicas e psicoterápicas, o livro enfatiza o papel dos cuidados diários e da prevenção: sono regular, alimentação saudável, exercícios físicos e uma vida com propósito. “A depressão é uma doença, mas também um convite à reconstrução. Cuidar do corpo, da mente e dos vínculos é parte do tratamento”, acrescenta.
Ficha técnica:
Título: Compreendendo a Depressão
Autores: Leticia Lopes de Figueiredo, Loren Beiram, Marcus Vinicius Zanetti e Rodolfo Damiano
Editora: Manole, São Paulo, outubro de 2025.
Formato: 15,5 cm x 22,5 cm | Páginas: 290 | Preço: R$ 138,00
Onde comprar: nas principais livrarias do país
Vendas online: manole.com.br




