Mitos e Verdades sobre biópsias

Dr. Bruno Farnese: “receber um diagnóstico de tumor maligno não significa que não há o que fazer. Muito pelo contrário: atualmente, existem diversas opções de tratamento, especialmente quando o diagnóstico é feito nas fases iniciais da doença”. Foto: procedimento de biópsia renal – Divulgação
A biópsia é um exame essencial para o diagnóstico de nódulos e tumores, mas, ainda, desperta dúvidas e receios entre os pacientes. Mitos sobre dor, riscos e até mesmo a possibilidade de disseminação do câncer geram medo e, em alguns casos, atrasam diagnósticos importantes. Para esclarecer essas questões, o médico especialista em ultrassonografia e procedimentos minimamente invasivos, Bruno Farnese, de Belo Horizonte/MG, explica o que realmente esperar desse exame.
- Biópsia dói – Mito: segundo o especialista, a maioria das biópsias é realizada com anestesia local, tornando o procedimento praticamente indolor. “O paciente pode sentir um leve desconforto na aplicação da anestesia, mas o exame em si é muito bem tolerado. Em alguns casos, como biópsias mais complexas ou para pacientes mais sensíveis, oferecemos sedação, permitindo que o paciente durma e não sinta dor ou qualquer desconforto durante o procedimento”, esclarece.
- A biópsia pode espalhar o câncer: essa é uma dúvida comum e que preocupa muitos pacientes. No entanto, o risco de disseminação tumoral por meio da biópsia é extremamente baixo. “Em centros mais modernos temos novas técnicas e agulhas específicas, como a agulha coaxial, que tornam mínima a chance de espalhar células malignas. Além disso, a biópsia é fundamental para definir o melhor tratamento e aumentar as chances de sucesso da terapia”, afirma Farnese.
- Resultado de biópsia demora – Mito: embora, tradicionalmente, os resultados de biópsias levassem de 10 a 30 dias, hoje é possível obter diagnósticos mais ágeis com o uso de técnicas modernas, dedicação e logística especializada. “Quando a biópsia é feita com precisão, o material é bem processado e a equipe médica da biópsia e patológica trabalha de forma integrada, conseguimos oferecer resultados com rapidez e segurança. Em casos urgentes, a conclusão diagnóstica pode estar disponível em até 24 horas úteis após o procedimento”, tanto em casos de nódulos benignos quanto para tumores malignos, afirma dr. Bruno Farnese.
- Todo nódulo é câncer – Mito: nem todo nódulo é sinal de câncer. Muitos nódulos detectados em exames de imagem são benignos e não oferecem risco à saúde. A biópsia bem feita é a principal ferramenta para diferenciar lesões benignas de tumores malignos, ajudando a evitar preocupações desnecessárias e, ao mesmo tempo, garantindo que casos que realmente merecem atenção sejam tratados com a devida urgência. “Em algumas situações, além da análise convencional, utilizamos testes complementares, como a imunohistoquímica, ou até mesmo testes moleculares e genéticos, para obter um diagnóstico ainda mais preciso”, explica o médico.
- Realizar uma biópsia é demorado – Mito: o tempo do procedimento varia conforme a região analisada, mas, em geral, uma biópsia guiada por ultrassom dura cerca de 30 a 60 minutos. “Apesar de ser um exame rápido, ele exige precisão e técnica para garantir a coleta adequada do material, permitindo um diagnóstico confiável e evitar necessidade de repetir o procedimento”, destaca o especialista.
- Biópsia é seguro – Verdade: embora toda intervenção médica envolva riscos, as biópsias realizadas com técnicas modernas são consideradas extremamente seguras. Conforme o dr. Bruno explica, “complicações como, sangramento ou infecção, são raras e, quando ocorrem, podem ser controladas e tratadas de maneira minimamente invasiva, na maioria dos casos. O benefício do diagnóstico precoce supera amplamente os riscos do procedimento”.
- Quais são os cuidados após o exame? – Após a biópsia, o paciente geralmente permanece em observação por um curto período, antes de ser liberado. O tempo de recuperação varia conforme o tipo de biópsia feita. Procedimentos mais profundos, como os realizados no fígado, pâncreas, próstata e rim, exigem mais cuidados, incluindo a recomendação de evitar atividades físicas intensas por alguns dias. Já biópsias mais superficiais, como as da mama, tireoide e região do pescoço, possuem recuperação mais rápida, permitindo o retorno às atividades diárias, incluindo exercícios físicos, em um período mais curto. “Os riscos são mínimos quando o exame é realizado por um profissional experiente, mas é fundamental seguir as orientações médicas para garantir uma recuperação tranquila”, alerta o médico, ao observar que, esclarecer essas dúvidas é essencial para que mais pessoas busquem um diagnóstico preciso sem medo do procedimento. A biópsia segue sendo uma das ferramentas mais importantes da medicina moderna para identificar e tratar doenças com segurança e eficácia.
- Resultado maligno não tem tratamento – Mito: receber um diagnóstico de tumor maligno não significa que não há o que fazer. Muito pelo contrário, atualmente, existem diversas opções de tratamento, especialmente quando o diagnóstico é feito nas fases iniciais da doença. “Mesmo em casos mais avançados, temos estratégias terapêuticas eficazes. Cirurgias, quimioterapia, radioterapia e, em muitos casos, tratamentos mais modernos como a imunoterapia, têm mudado o prognóstico de vários tipos de câncer”, destaca o especialista. Por isso, a biópsia não deve ser evitada — ela é o primeiro passo para um tratamento bem-sucedido.