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Novo Atlas Virtual de Cardiopatias Congênitas amplia o número de classificações do ‘coração congênito’

Documento elaborado com participação de especialistas do InCor aumentou de 70 para mais de 300 tipos de defeitos que surgem antes mesmo do nascimento

Especialistas do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) participaram do lançamento do novo Atlas Virtual do Coração Congênito, junto a um grupo de médicos e cientistas de todo o mundo que se reuniram no 8º Congresso Mundial de Cardiologia Pediátrica e Cirurgia Cardíaca, em Washington D.C. (EUA), em agosto. O documento é a oficialização global para diagnóstico das doenças, já atualizadas para o CID11 (ou ICD11 em inglês).

A nova edição do Atlas deriva de uma expansão no número e descrição das doenças que afetam o coração de recém-nascidos, presente na nova versão da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (CID11).  No CID11, essas anomalias passam de 73 para mais de 300 defeitos cardíacos congênitos, de acordo com a complexidade e descobertas no tema. Cada página do Atlas ilustra uma malformação diferente, com descrições morfológicas, exames de ecocardiografia, angiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética cardíaca e vídeos intraoperatórios, um conjunto de informações para auxiliar hospitais e profissionais de todo o mundo no diagnóstico e tratamento de pacientes.

O objetivo com a atualização do guia de nomenclatura das cardiopatias congênitas é uniformizar a abordagem clínica e cirúrgica deste grupo de doenças, a nível internacional, ainda que seja um trabalho de longo prazo e que demanda tempo para a incorporação na rotina de unidades de saúde e grupos.

“A nova versão do CID11 das Cardiopatias Congênitas é um documento que busca padronizar atendimento e assistência pelo mundo afora, no sentido de que todos falem a mesma língua em relação às cardiopatias congênitas. Isso tem impacto em banco de dados, em avaliação de resultados, em padronização de protocolos e inúmeros fatores locais de cada serviço de saúde”, afirma Profº. Dr. Marcelo Biscegli Jatene, Diretor do Serviço de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do InCor e Professor Livre-Docente da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

As descrições morfológicas, anatômicas e patológicas contidas no Atlas tiveram contribuição do Laboratório de Anatomia Patológica do InCor e a coordenação da Profª. Dra. Vera Demarchi Aiello, médica chefe da Seção de Patologia Cirúrgica. Com 40 anos de experiência na área, a especialista faz parte do conselho de diretores da Sociedade Internacional para Nomenclatura de Cardiopatia Pediátrica e Congênita, instituição da qual participou da fundação em 2005.

“O documento é fruto de um trabalho extenso e minucioso de descrição de cardiopatias. Ampliar e unificar o que chamamos de léxico da especialidade permite comparações diagnósticas, troca de informações sobre os resultados das crianças e adultos com defeitos cardíacos congênitos. Cada país terá seu próprio processo de incorporar o novo guia, e estamos felizes de contribuir com um documento de grande importância clínica e cirúrgica”, explica Profª. Dra. Vera Aiello.

Um exemplo de atualização contida na nova versão é um defeito congênito cardíaco muito comum, chamada “Comunicação interventricular”. Na versão anterior havia apenas 1 código para classificá-la, enquanto a versão atual foi atualizada com 29 códigos para tipos diferentes de comunicação interventricular, de acordo com a posição no septo cardíaco, com as bordas, com a proximidade a estruturas críticas como o sistema de condução, por exemplo. “Enquanto tínhamos que nos conformar em dizer apenas “comunicação interventricular”, mesmo sabendo da complexidade que alguns tipos de defeitos apresentam, tanto para o cirurgião como para o clínico, atualmente temos a possibilidade de classificar o tipo exato desta cardiopatia”, explica a Profª. Dra. Vera Aiello.

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