Sexualidade e envelhecimento normal
Por Heloisa Mamede/Psicanalista- (*) Mestrado- UFMG | Doutorado - USP-São Paulo | Pós-doutorado- National Institutes of Health-USA - Professor colaborador da "Summer School" do National Institutes of Health-USA - Membro da Comissão de Publicação do livro do X Fórum Mineiro de Psicanálise - Coordenadora das Sessões Clínicas da Escola Freudiana BH/Iepsi
“Não existe nenhum fator no envelhecimento normal que encerre completamente a vida sexual do indivíduo” – crédito: Freepik
Sexualidade é explicitada na forma como o indivíduo se relaciona consigo e com o mundo. A sexualidade não tem momento para terminar, ou seja, não termina na menopausa (feminina) ou na andropausa (masculina). Sexo e sexualidade são palavras parecidas com significados diferentes. A união sexual é a busca do prazer, da realização plena entre duas pessoas, sendo uma das formas de expressão da sexualidade. No idoso, dentro de um contexto geral, todas as funções orgânicas diminuem e entre elas as funções sexuais.
Envelhecer não é sinônimo de adoecer. Não existe nenhum fator no envelhecimento normal que encerre completamente a vida sexual do indivíduo. No homem, com o avançar da idade, ocorre diminuição da testosterona livre, o que parece estar relacionado com a diminuição do desejo sexual. No entanto, a satisfação pessoal de relacionamento e a frequência do coito são mais influenciados pela receptividade da parceira. Podemos dizer que homens idosos permanecem sexualmente ativos, mesmo com o decréscimo na capacidade eretiva. A habilidade de experimentar novas estratégias sexuais e a abertura da companheira para essas estratégias são fatores importantes na satisfação sexual.
A diminuição fisiológica das funções sexuais masculinas pode trazer como consequência os seguintes fatores: o desejo sexual nem sempre é acompanhado de uma ereção imediata; é preciso mais tempo e uma estimulação tátil mais direta para que o pênis fique ereto; as ereções tendem a ser menos firmes e alcançam o máximo de rigidez segundos antes da ejaculação; ocorre um período de tempo prolongado de ereção antes da ejaculação; a quantidade de sêmen e a intensidade de ejaculação diminuem; e a quantidade de contrações da uretra diminui. Muitos homens acreditam que se a ereção está lenta é porque estão ficando impotentes, isso gera uma ansiedade que pode realmente inibir a ereção.
A chegada de um novo mundo representado pela sociedade contemporânea e suas modificações estruturais, leva a mulher madura a compreender os novos conceitos de sua liberdade social, desvendando, inclusive, o Tabu das questões sexuais. Aos poucos, entendem que não há limite de idade para explorar o universo do prazer, que dá sentido à vida, e que o importante é amar o próprio corpo e toda libido que nele circula. No entanto, em geral, acima de 45 anos temos alterações psicológicas provocadas, principalmente pelo declínio dos hormônios femininos. Entre elas, cito algumas: irritabilidade, insônia, sensação de cansaço e sintomas depressivos.
Atualmente, a terapia hormonal é a medicação mais prescrita. Com o uso adequado os sintomas depressivos desaparecem, bem como os sintomas vasomotores (fogachos). Além desses ocorrem os seguintes benefícios: o hormônio feminino (estrogênio) fixa o cálcio no osso impedindo a osteoporose, ocorre à hidratação vaginal impedindo o ressecamento, e, em consequência, uma melhora da vida sexual.
É uma época em que o casal muitas vezes se esquece do carinho, afeto e amor. É necessário um compromisso de vida amorosa responsável e de respeito mútuo entre os parceiros.
(*) Participação em livros da área científica:
- The Biology and Medicine of Signal Transduction-Y. Nishizuka; M. Endo and C. Tanaka, eds. Raven Press, New York, NY.
- 2-Biology of cellular Transducing Signals. J.Y.
- Vanderhoek ed. Plenum Publishing Corporation, New York, NY.
- Noções Práticas de Geriatria. F.A.X. Cançado ed. Coopmed Editora, BH, MG.