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Tragédia da Barragem de Brumadinho

A recente erosão da Barragem de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, continua comovendo a todos os cidadãos brasileiros, indignados com a essa tragédia já anunciada. Por motivos óbvios, os mineiros, próximos do local, estão sofrendo com essa realidade. A indignação em Belo Horizonte, por exemplo, é visível em todos os locais, com comentários que vão desde revolta com a situação, tristeza pelas vítimas, necessidade de investigação e punição dos responsáveis.

A cena surrealista dos bombeiros deitados sobre a lama (com lixo tóxico) emociona e leva a várias observações, por exemplo, quanto ao lucro desmedido sobrepondo à vida humana; à histórias das vítimas; famílias destruídas; falta total de respeito com o ser humano; as consequências nefastas para o meio ambiente, sobretudo para a região; ou seja, uma tragédia que poderia ter sido evitada se a empresa tivesse adotado as medidas de proteção e segurança necessárias, ainda mais que esse “crime” já aconteceu antes, há três anos, em Mariana, também Minas Gerais.

Isso, definitivamente, não pode se repetir. São 114 mortos, da forma mais terrível possível, e 205 pessoas desaparecidas, nesta data.

É importante ressaltar o trabalho do Corpo de Bombeiros, qualquer palavra elogiosa a essa instituição, tão querida pelo povo, fica aquém do que possamos exprimir. Evidentemente, outros profissionais merecem nossa admiração, mas ao citar um a um correríamos o risco de se esquecer de alguém. Também voluntários de várias áreas, comovidos com a questão humanitária e ambiental, estiveram e continuam no local. Gente da melhor qualidade.

Sobre essa tragédia humana que feriu também o meio ambiente, o Portal Medicina e Saúde conversou com o Dr. Bernardo Ramos, Assessor Estratégico da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais. Segundo ele, “a percepção do Governo é que se trata de uma tragédia sem precedentes. Muito diferente do que ocorreu em Mariana, onde houve uma perda ambiental muito grande, mas bem menos pessoas envolvidas. Uma situação triste, lamentável, que necessita de um rigor na investigação e na punição dos responsáveis”.

Do ponto de vista de ações de saúde, afirma, “o Governo de Minas montou um QG de crise, que é um reflexo da atuação conjunta do Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal da Saúde, com as três esferas federal, estadual e municipal alinhadas e prontas para atender a população.

Em um primeiro momento a atenção especial foi para o resgate de vítimas, ou seja, resolver o problema dos sobreviventes com algum tipo de lesão. Então, acionamos a rede Fhemig e a rede privada que dispusessem de leitos e profissionais suficientes para atender essa demanda.

Em caráter emergencial, acionamos a rede Samu, que estava atuando dentro da Secretaria de Estado da Saúde em reunião sobre a tragédia. Nosso objetivo é que todos os pacientes tivessem um atendimento digno e de excelência, nesse primeiro instante. Entretanto, a peculiaridade nesse caso é que tivemos um pequeno número de resgatados e um grande número de óbitos. Isso mudou a lógica da saúde para esse caso. Assim, nosso esforço, num primeiro momento, foi para a necessidade de agir e prevenir o que está por vir, como a questão da saúde mental, que é alarmante.

Em Mariana, por exemplo, houve 80% de estresse pós-traumático, 40% de depressão, seguindo-se por transtorno de ansiedade. Saúde mental é o nosso primeiro alerta, por que muitos necessitarão de um acompanhamento mais prolongado. Também estamos preocupados com cuidados com as epidemias como, dengue e febre amarela, que podem surgir em maior volume. Há ainda a questão da vacinação, pois nesse momento se perdem os cartões de vacinação das pessoas que moram na região. Alerta para as intoxicações, pois a água na região está alterada, uma vez que está com muito metal e não pode ser consumida. ”

Para o setor de saúde fica a lição que tragédias, infelizmente, sempre podem acontecer e precisamos estar preparados para atender da melhor forma possível o cidadão e termos os protocolos de urgência. Importante também termos um contato muito fluido com a rede Fhemig, no caso do estado, e com a redes privadas, muito importantes em um momento de emergência para atender toda a demanda.

Precisamos ainda estar muito bem alinhados com o Ministério e a Secretaria de Saúde Municipal para que as coisas realmente funcionem e consigamos bons resultados e termos condições para oferecer um mínimo de conforto pera as vítimas, numa situação de estresse, dor e calamidade humana”.

Luiz Francisco Corrêa / Editor do Portal Medicina e Saúde

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