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Vida de Médico: entrevista com a Dra. Ana Luiza Pace, ginecologista

Dra. Ana Luiza Pace: “na ginecologia especificamente, me encantou a possibilidade de criar vínculos duradouros com as pacientes e poder participar de momentos únicos ao longo da vida da mulher”

Jovens médicas abrem cada vez mais espaço na Medicina, com paixão e competência, nas áreas em que atuam. Esse é o caso da ginecologista Ana Luiza Pace, que nessa entrevista ao Portal Medicina & Saúde fala sobre a sua opção pela Ginecologia, sua principal influência em seguir esse caminho, sua experiência e desafios. Fala também sobre pontos positivos e negativos da Ginecologia, inteligência artificial, entre outros aspectos.

A Dra. Ana Luiza Pace é formada em Medicina pela PUC Minas, e fez residência de Ginecologia e Obstetrícia no IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) em São Paulo. É pós-graduada em Histeroscopia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e especialista em Estética Íntima e Regenerativa. Ela atua em consultório particular e hospitais, principalmente, em casos de ginecologia com endometriose, histeroscopia e estética intima, em São Paulo. Confira a entrevista:

Por que a senhora optou pela Ginecologia? – A escolha veio naturalmente durante a faculdade, quando percebi como essa especialidade me permitia acompanhar a mulher em todas as fases da vida, era uma especialidade ampla e que me permitiria atuar em várias frentes, clinicas e cirúrgicas. Além disso, ter como exemplo em casa o meu pai como um ginecologista de sucesso foi a virada de chave para a escolha.

Seu pai, então, foi o seu maior inspirador – Sim, minha maior inspiração sempre foi e continua sendo meu pai, Walter Pace, um grande ginecologista que me ensinou desde pequena o verdadeiro significado de cuidar das pessoas. Crescer no meio médico, com uma família repleta de médicos de todas as especialidades, sempre fez meus olhos brilharem. Ver meu pai trabalhando com tanto amor e dedicação, presenciar as conversas médicas em casa, acompanhar de perto como a medicina transforma vidas – tudo isso moldou minha paixão pela profissão. Na ginecologia especificamente, me encantou a possibilidade de criar vínculos duradouros com as pacientes e poder participar de momentos únicos ao longo da vida da mulher.

O que a senhora destaca na sua experiência como médica? – Destaco principalmente a confiança que as pacientes depositam em mim. É muito gratificante quando uma mulher se sente à vontade para falar sobre questões íntimas, medos e dúvidas e, principalmente, quando conseguimos ajudar a resolver problemas relacionados à saúde, auto estima e qualidade de vida dessas mulheres.

Quais os principais desafios de uma jovem médica? – O maior desafio é conquistar a confiança dos pacientes sendo jovem. Muitas vezes precisamos provar nossa competência mais do que colegas mais velhos. Também enfrentamos o desafio de equilibrar vida pessoal e profissional, especialmente nós mulheres, que ainda carregamos expectativas sociais sobre maternidade e cuidado da família.

Como a senhora avalia a Ginecologia? Pontos positivos e negativos. – Pontos positivos: é uma especialidade completa, que combina clínica, cirurgia, exames e procedimentos ambulatoriais. Temos a oportunidade de prevenir doenças, salvar vidas e participar de momentos únicos, como os partos. As novas áreas, como estética íntima, ampliam ainda mais nossas possibilidades de ajudar as mulheres.

Pontos negativos: ainda enfrentamos muito preconceito e tabus relacionados a diversos assuntos, como endometriose, menopausa e sexualidade feminina. Também é uma especialidade que exige disponibilidade intensa e, muitas vezes, não tem a valorização necessária.

Hoje, no Brasil e no mundo, os debates sobre a menopausa são intensos. Fale sobre essa fase da vida da mulher. – A menopausa finalmente está ganhando a atenção que merece. É uma fase natural da vida que afeta milhões de mulheres, mas que, historicamente, foi negligenciada. Hoje entendemos melhor como tratar os sintomas e melhorar a qualidade de vida nesse período. Com técnicas de medicina regenerativa e de reposição hormonal podemos oferecer opções modernas para tratar sintomas como ressecamento vaginal e perda de libido. É fundamental desmistificar que a menopausa é “o fim”. Na verdade, pode ser o início de uma nova fase de liberdade e autoconhecimento.

As campanhas públicas educativas voltadas para as mulheres brasileiras são claras? Alguma sugestão? – As campanhas evoluíram muito, mas ainda precisamos de linguagem mais acessível e canais de comunicação que alcancem todas as classes sociais. Sugiro mais uso das redes sociais, parcerias com influenciadoras responsáveis e campanhas que abordem temas como saúde sexual e planejamento familiar de forma mais aberta e sem julgamentos.

Como avalia a formação dos jovens médicos: pontos positivos e negativos. – Positivos: os jovens médicos hoje têm acesso a muito mais informação e tecnologia. A tecnologia na medicina e a globalização nos fazem ter contato com muitos tratamentos e técnicas que antes não tinham fácil acesso à população medica ao redor do mundo. Acredito também que a nova geração tem um olhar mais holístico e integral dos pacientes.

Negativos: às vezes falta experiência prática e contato direto com pacientes durante a graduação. Também percebo uma ansiedade excessiva por retorno financeiro precoce, sem valorizar adequadamente a formação médica completa e tradicional através da residência medica.

A senhora atua em algum trabalho voluntário? – Infelizmente não, mas tenho muita vontade e interesse em participar de projetos que levam saúde e cuidados ginecológicos em comunidades distantes, como no Amazonas.

A Inteligência Artificial é cada vez mais presente na Medicina. Qual a sua opinião? –

Vejo a IA como uma ferramenta fantástica que pode nos ajudar em diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados e modernos. Mas ela jamais substituirá o contato humano, a empatia e a intuição clínica, que são essenciais na medicina. Devemos abraçar a tecnologia, mas sempre mantendo o paciente no centro do cuidado.

O que a senhora faz para relaxar? Quais são os seus hobbies? – Adoro cinema e sair com amigos e família. Sou apaixonada por gastronomia e eu meu marido adoramos nos aventurar e conhecer lugares novos para comer e beber diferentes culinárias do mundo, Também pratico musculação e spinning, que me ajudam a manter o equilíbrio físico e mental.

Qual mensagem deixa para os jovens que pretendem seguir a Medicina? – A medicina é uma das profissões mais gratificantes que existe, mas exige dedicação total. Não escolham apenas pelo status ou dinheiro – escolham porque realmente querem fazer a diferença na vida das pessoas. Estudem muito, sejam humildes para aprender sempre e nunca percam a empatia. O conhecimento técnico é fundamental, mas é o carinho e a humanidade que fazem a diferença no cuidado.

Outra observação? – Gostaria de destacar a importância de mais mulheres na medicina, especialmente em especialidades que historicamente eram dominadas por homens. Nós trazemos uma perspectiva única e necessária. Também quero encorajar as jovens a não desistirem dos seus sonhos por medo dos desafios – eles existem, mas são superáveis com determinação e apoio. A ginecologia moderna oferece cada vez mais possibilidades, desde procedimentos minimamente invasivos, como a histeroscopia, até tratamentosregenerativos que melhoram significativamente a qualidade de vida das mulheres.

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