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Vida de Médico: entrevista com a Dra. Anna Dias Salvador, ginecologista e mastologista

Dra. Anna Salvador:  “acolher as dores e angústias das pacientes e caminhar junto com elas em momentos tão decisivos — da gestação ao diagnóstico precoce de um câncer — é algo que me marca profundamente. A confiança que depositam em nós é o que mais me emociona e motiva”

A Medicina sempre esteve presenta na vida da Dra. Anna Dias Salvador, pois seu pai, tias e avós, são médicos. Nessa entrevista ao Portal Medicina & Saúde, a jovem médica fala se suas inspirações para seguir o caminho da Ginecologia e Mastologia e de aspectos relevantes da sua experiência na área. Dra. Anna comenta também os seus desafios na profissão, as campanhas públicas de saúde, inteligência artificial, sua atuação em trabalho voluntário, formação dos jovens médicos, entre outros aspectos.

A médica é membro titular da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia/FEBRASGO, Membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e coordenadora do Serviço de Mastologia da Rede Mater Dei de Saúde – MG. Confira a entrevista:

Dra. Anna, por que senhora optou pela Medicina? – A Medicina sempre esteve presente na minha vida. Cresci acompanhando meu pai, tias e meus avós — todos médicos — e presenciei, desde cedo, o impacto transformador que o cuidado médico pode ter na vida das pessoas. Mais do que uma escolha profissional, para mim foi um chamado natural.

Qual especialidade que escolheu seguir? – Sou ginecologista, obstetra e mastologista.

O que a motivou nessa escolha? – A escolha foi construída por várias inspirações. Além da influência familiar, sempre me encantei com o universo feminino — suas fases, seus ciclos, suas vulnerabilidades e forças. Cuidar da saúde da mulher é um privilégio e uma grande responsabilidade. A Mastologia, em especial, veio como um desdobramento natural desse cuidado mais amplo.

O que tem sido mais relevante na sua experiência como médica? – O vínculo com as pacientes. Ouvi-las com atenção, acolher suas dores e angústias e caminhar junto com elas em momentos tão decisivos — da gestação ao diagnóstico precoce de um câncer — é algo que me marca profundamente. A confiança que depositam em nós é o que mais me emociona e motiva.

Quais os principais desafios de uma jovem médica? – Lidar com a pressão da responsabilidade, especialmente no início da carreira, é um dos grandes desafios. Além disso, encontrar equilíbrio entre a dedicação intensa à profissão e a vida pessoal requer maturidade e autoconhecimento. Outro ponto importante é conquistar o respeito num meio ainda muito hierárquico.

Como vê as especialidades que escolheu seguir? Pontos positivos e negativos. – A Ginecologia e a Obstetrícia são especialidades belíssimas e muito amplas. Envolvem clínica, cirurgia e um olhar integral sobre a mulher. O maior ponto positivo é justamente essa possibilidade de acompanhar a paciente em todas as fases da vida. O ponto desafiador é a carga emocional e a imprevisibilidade, principalmente na Obstetrícia e na Mastologia, o que exige preparo técnico e emocional constante.

Como avalia as campanhas públicas educativas voltadas para as mulheres brasileiras, como a prevenção do câncer de colo de útero e do câncer de mama? Alguma sugestão? – As campanhas têm um papel essencial, e, felizmente, temos visto avanços, como a ampliação da vacinação contra o HPV. No entanto, ainda enfrentamos desafios em relação ao acesso, à periodicidade dos exames e à regionalização das ações. Uma sugestão seria investir mais em educação em saúde nas escolas e capacitar agentes comunitários para orientações contínuas, não apenas nas campanhas sazonais.

Como avalia a formação dos jovens médicos? Pontos positivos e negativos. – Vejo com bons olhos o entusiasmo e a facilidade com novas tecnologias que os jovens médicos trazem. Porém, há uma lacuna na formação humanística e na prática clínica supervisionada. É preciso mais contato com a realidade do SUS e com o paciente como um todo, não apenas com a doença.

Como médica, a senhora atua em algum trabalho voluntário? Qual? – Sim. Sempre busquei formas de retribuir à sociedade. Participo de campanhas de prevenção e rastreamento do câncer de mama e do colo do útero em comunidades carentes, além de ações educativas. Apoio com atendimentos também, as crianças e adolescentes da creche Recanto do Menor e Juventude.

Sobre a Inteligência Artificial, cada vez mais presente na Medicina, qual a sua opinião? – Acredito que a IA é uma ferramenta promissora, especialmente no auxílio diagnóstico, na organização de dados e na personalização de tratamentos. Mas ela nunca substituirá a escuta, o toque, o olhar humano do médico. É fundamental que caminhem juntas: tecnologia e empatia.

Na vida corrida de uma médica, o que faz para relaxar? Quais são os seus hobbies? – Nos momentos livres, gosto de ler, estar com a minha família e amigos, viajar e estar em contato com a natureza. A Medicina exige muito, mas é essencial cuidar da nossa própria saúde mental e emocional.

Que mensagem pode deixar para os jovens que pretendem seguir a Medicina? – A Medicina é uma escolha de entrega e propósito. Exige estudo constante, resiliência e sensibilidade. Não se trata apenas de conhecimento técnico, mas de humanidade. Se esse for realmente o seu chamado, vá em frente, com coragem e dedicação.

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