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Herpes genital masculino – não se arrisque

Dr. Ailton Faion: “Apesar de não ser a única forma de contágio, a transmissão sexual é a mais comum e prevalente em nosso meio, devendo ser sempre considerada quando feito o diagnóstico”

          Embora afete cerca de dois terços da população brasileira sexualmente ativa, o herpes genital é ainda muito pouco conhecido. Provavelmente porque raramente as pessoas contaminadas não comentam que têm a doença, inclusive para parceiros sexuais, o que amplia a transmissão do vírus.

Para saber mais sobre essa doença, especialmente o herpes genital masculino, o Portal Medicina e Saúde entrevistou o urologista Ailton Gomes Faion, Diretor Clínico do Hospital Urológica/Belo Horizonte – MG, membro da Sociedade Brasileira de Urologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

Inicialmente, Dr. Ailton, o que herpes?

Herpes é uma infecção viral causada pelo vírus Herpes simplex ou vírus varicela zoster. Ele se manifesta através de pequenas bolhas, denominadas vesículas herpéticas, que contêm o vírus.

Existem vários tipos de herpes, por exemplo, herpes labial – quando ele aflora nos lábios; herpes ocular – quando aparece nos olhos, herpes genital – quando surge na vulva, vagina, pênis ou no ânus, e também o herpes zoster – quando desponta no tórax e barriga. Todos com bolhas na pele ou mucosa, que podem romper e formar feridas, que coçam e doem.

Como se dá a contaminação ou transmissão?

Ela se dá justamente através do contato com esse líquido, presente nas vesículas (bolhas) da lesão herpética. Apesar de não ser a única forma de contágio, a transmissão sexual é a mais comum e prevalente em nosso meio, devendo ser sempre considerada quando feito o diagnóstico.

O diagnóstico pode ser dado pelo urologista, infectologista, ginecologista, clínico geral ou dermatologista. Eles que orientarão o tratamento.

E como é o tratamento?

Durante a manifestação dos sintomas, o uso de analgésicos locais e sistêmicos, bem como o uso de antivirais específicos (existem alguns muito eficientes no comércio), tanto na forma oral como tópica, ajudam muito a reduzir a duração dos sintomas, o tempo de cicatrização da pele e o risco de recorrência e transmissão. No entanto, a vacina tem sido considerada o tratamento mais eficiente para essa doença.

No caso específico do herpes genital masculino …

Ele é uma infeção sexualmente transmissível (IST) causada pelo vírus herpes simples, do tipo 1 (HSV-1) ou 2 (HSV-2). O vírus é transmitido através do contato sexual, via vaginal, anal ou oral, com alguém infectado, presente nas vesículas herpéticas.

Qual a sua incidência?

Sua prevalência nos homens é de 13%, segundo dados de 2015.  Como curiosidade, o herpes genital é duas vezes maior nas mulheres do que nos homens.

Sua transmissão se dá, prevalentemente, através do sexo, mas há outras formas de contaminação, quais?

Como falamos acima, o vírus é transmitido através de sua exposição durante o contato sexual, ou durante contato íntimo, não necessariamente sexual, com pessoas infectadas.

Objetos expostos às vesículas do herpes, como roupas, quando em contato com a mucosa de uma pessoa não infectada, podem contaminá-la, mesmo, como já dissemos, não sendo a forma mais comum de contágio.

Como cada um de nós tem um grau de imunidade, que está relacionada com a nossa saúde e idade, entre outros fatores, como sermos ou não vacinados, pode fazer com que em um dado momento, alguns de nós sejam mais susceptível a infecção. Doenças imunossupressoras, como diabetes, doença reumática e lupos, entre tantas outras, podem diminuir nossa imunidade a ponto de ficarmos mais sensíveis ao contágio.

Importante destacar que a pessoa pode ter o vírus, mas somente irá transmiti-lo durante a crise. 

O senhor está dizendo, então, que quem tem o vírus, pode fazer sexo fora da crise?

Sim. Apesar do uso de preservativos ser uma indicação universal para casais não monogâmicos, sabemos que o paciente, fora da fase de vesículas, mesmo tendo o vírus em seu organismo, não vai transmiti-lo para outra pessoa.

Ok, mas cuidado nunca é demais. Nesse sentido, quais os cuidados que a pessoa que tem o vírus do herpes deve ter ao fazer sexo na crise e fora dela?

Durante a crise, o ideal é evitar contato sexual, até por que a região fica muito dolorosa e, mesmo protegida por preservativo, a manipulação local pode ser um caso de disseminação do vírus.

Toda vez que se manipular as lesões herpéticas (vesículas), deve-se lavar as mãos para não disseminar o vírus. Se o próprio paciente levar, de forma inadvertida, o vírus de uma vesícula genital até o olho, pode desenvolver uma conjuntivite herpética, que pode ser grave e acarretar até cegueira.

Fora da crise, a recomendação é o uso universal de métodos de barreiras para casais não monogâmicos, apesar da transmissão do herpes ser raro fora da crise.

O vírus pode ficar adormecido por algum tempo ou por toda a vida e nunca eclodir?

Sim, dependendo de características individuais, principalmente relacionadas a imunocompetência de cada um de nós e até do uso ou não de vacinas anti herpes, um paciente pode ter o vírus e ele nunca se manifestar.

Então, quando e porque ele se manifesta?

Geralmente, ele eclode quando a imunidade do paciente cai. São inúmeros os gatilhos. Entre eles podemos citar doenças como diabetes, Lupos e artrite reumatoide. Da mesma forma, o uso de antibióticos, período menstrual, gravides, excesso de sol, desnutrição, outras viroses (como gripes e resfriado) e o excesso de atividade física. Tudo isso pode contribuir para a queda da imunidade e, consequentemente, o surgimento da doença.

Quais os sintomas do herpes?

A doença tem uma fase chamada de “pródromos” onde, normalmente, o paciente sente um ardor ou uma coceira no local onde a doença vai aparecer. Com cerca de 24 horas, aparecem as lesões bolhosas, dolorosas, que vão se juntar, romper e se resolver, em torno de sete a dez dias.

Herpes tem cura?

Difícil responder… Alguns trabalhos mostram que depois de entrarmos em contato com o vírus, ele nunca mais vai sair de nosso organismo, mesmo que nunca se manifeste. Se o conceito de cura tem a ver com manifestar ou não a doença, eu diria que tem cura. Se o conceito for ter ou não o vírus em nosso organismo, provavelmente não tem cura.

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