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Doenças cardiovasculares mais matam mulheres no Brasil, com ⅓ do total de óbitos

“As mulheres se diferem dos homens em relação aos sintomas, aos diagnósticos e aos tratamentos, além de possuírem fatores de risco específicos”

Foto: Freepik

Vistas erroneamente como algo que afeta mais os homens, as doenças cardiovasculares são aquelas que mais matam mulheres no Brasil. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as cardiopatias causam o dobro de mortes em relação a todos os tipos de câncer que atingem o aparelho reprodutor feminino e representam ⅓ do total de óbitos de mulheres brasileiras.

De acordo com a cardiologista Alessandra Geisler, de São Paulo/SP, “embora tenhamos visto que o sucesso de campanhas tenha deixado as mulheres mais conscientes sobre a importância dos exames ginecológicos e da prevenção do câncer de mama, ainda percebemos um certo negligenciamento feminino em relação à saúde do coração”.

No que diz respeito a doenças cardiovasculares, acrescenta, as mulheres se diferem dos homens em relação aos sintomas, aos diagnósticos e aos tratamentos, além de possuírem fatores de risco específicos. “Existem no mínimo duas situações que trazem riscos únicos para as mulheres, que são a combinação perigosa de cigarro e pílula anticoncepcional, que triplica os riscos cardiovasculares, bem como a menopausa, que ocasiona a redução na produção de estrogênio, um hormônio que funciona como protetor dos vasos sanguíneos.” 

Muitas vezes, explica a Dra. Alessandra, as diferenças nos sintomas em relação aos homens podem levar a atrasos nos diagnósticos, uma vez que muitos médicos se apegam ao que acontece com os pacientes masculinos. “As mulheres podem apresentar sintomas como náusea, fraqueza, dores gástricas, falta de ar, dor nas costas, ombros e mandíbula, o que não é comum em casos de cardiopatias nos homens, e isso ainda não é de conhecimento geral”, observa.

Para a cardiologista, a situação pode se agravar, pois em relação aos diagnósticos, as mulheres podem ter maior probabilidade de ter resultados de testes cardíacos “normais”, mesmo quando têm doenças cardíacas, e podem responder de forma diferente aos tratamentos para doenças do coração na comparação com os homens. Nesse sentido, “é fundamental que as mulheres estejam cientes dos seus fatores de risco e dos sintomas de doenças cardíacas”.

Segundo explica, fatores como má alimentação, estresse, sedentarismo, menopausa, hipertensão e diabetes aumentam o risco de doenças cardiovasculares em mulheres. “O tempo é fundamental para a preservação da vida. Assim, ao sentir os sintomas de um ataque cardíaco, procure imediatamente atendimento médico.

A Dra. Alessandra explica ainda que existem cardiopatias que têm maior incidência nas mulheres do que nos homens. Entre elas, está a Doença Microvascular Coronária, que é uma condição que afeta os pequenos vasos sanguíneos do coração e que pode ser mais difícil de diagnosticar do que a doença arterial coronariana tradicional. Existe ainda a Cardiomiopatia de Takotsubo, ou síndrome do coração partido, que é uma doença muitas vezes desencadeada por estresse emocional intenso. Outra doença que afeta mais as mulheres é a Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEp), que pode apresentar sintomas bem diferentes nos homens.

Diante dessa realizada, a médica alerta: “as mulheres precisam priorizar a saúde do coração, adotando hábitos saudáveis e realizando exames de rotina. A prevenção é o melhor caminho para evitar complicações e garantir uma vida longa e saudável”.

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