Empregadores e trabalhadores se adaptam à pandemia da COVID-19
O diretor da Hall-Medicina e Segurança do Trabalho, médico Wilson Haddad: “é imprescindível que os trabalhadores usem os equipamentos de segurança individual e os de proteção respiratória”
Com a ameaça da COVID-19 tirando o sono de todo mundo, a grande preocupação das pessoas é com relação às medidas de proteção para evitar o contágio, que pode levar à morte. Principalmente aqueles que estão na linha de frente e trabalhadores de setores específicos têm que ter uma maior segurança nesse momento.
De acordo com o Dr. Wilson Pastorini Haddad, um dos diretores da Hall – Medicina e Segurança do Trabalho, “em função do grande risco que correm, é imprescindível que os trabalhadores usem não apenas os equipamentos de proteção individual já existentes para riscos ocupacionais, mas, também, aqueles de proteção respiratória”. A empresa foi fundada em 1994 por um grupo de médicos em São João del-Rei, sendo referência na região Campo das Vertentes, Minas Gerais.
Além de diretor da Hall – Medicina e Segurança do Trabalho, o Dr. Wilson Haddad é médico gastroenterologista na Santa Casa de Misericórdia de São João del-Rei e endoscopista digestivo do Núcleo de Diagnostico Especializado instalado também em São João del-Rei. Nessa entrevista, ele fala sobre como empregadores e trabalhadores estão se adaptando à pandemia da COVID-19.
Em tempo de pandemia, o que mudou com relação aos “Equipamentos de proteção individual” – EPIs, nas empresas em geral?
Além dos equipamentos já existentes para proteção dos riscos ocupacionais nas empresas, foram acrescentados os EPI’s de proteção respiratória, como as máscaras, protetor ocular ou de face, além de luvas, aventais, toucas em alguns setores específicos.
E no sistema de saúde?
As orientações são as mesmas. Além dos cuidados acima citados, as instituições hospitalares criaram locais específicos para atendimento e tratamento de pacientes com sintomas respiratórios, nos quais os profissionais da saúde devem usar equipados de produção individual, como touca, capote, avental ou macacão e luvas, bem como máscara de proteção respiratória (N95 ou respirador particulado), protetor ocular ou protetor de face.
Nesse momento, quais as exigências legais junto às empresas?
As exigências relacionadas à pandemia incluem o uso dos EPI’s específicos, o afastamento social dentro da empresa e os cuidados sanitários como, por exemplo, a correta e frequente higienização das mãos nos postos de trabalho.
As empresas estão seguindo tais exigências? Há reclamações de empregados pela falta desses equipamentos? Em quais áreas?
Nas empresas atendidas pela Hall não se observa tais reclamações, uma vez que estes equipamentos estão sendo fornecidos corretamente pelos empresários. Porém, no setor de saúde hospitalar, identificou-se uma dificuldade no fornecimento dos EPI’s exigidos, pela escassez de equipamentos no mercado nacional, gerando reclamações por parte dos profissionais da área.
Quais os riscos que os empregadores estão ocorrendo não obedecendo às regras de segurança atuais?
E quais os riscos dos empregados atuando em empresas pouco cuidadosas?
A possibilidade de contraírem Covid-19 e disseminarem o vírus entre seu meio de convívio social.
As empresas estão obedecendo as regras de segurança?
Todo empresário e todo trabalhador sabem os riscos e a necessidade de obedecer às regras atuais de segurança. No caso do empregador, caso isso não aconteça, ele estará sujeito a multas e a processos judiciais. No caso do empregado, ele corre o risco de afastamento. Nesse sentido, temos observado uma maior conscientização e preocupação por parte das empresas e do trabalhador quanto a importância das medidas de proteção.
Com a intensa divulgação de cuidados de higiene nesse tempo de pandemia, o que mudará no comportamento de empregadores e empregados daqui para a frente?
Acredito que haverá uma mudança comportamental na saúde ocupacional das empresas, com maior exigência de ambas as partes, empregadores e empregados, visando um controle mais intenso dos riscos ocupacionais existentes, além da manutenção dos hábitos higiênicos e sanitários introduzidos nesta época de pandemia.
Como as empresas de São João del-Rei e região estão se adaptando a esse confinamento?
Desde o início do isolamento social, muitas empresas demitiram e/ou fecharam as portas. Em São João del-Rei e região, a situação não foi diferente. Na Hall – Medicina e Segurança do Trabalho, registramos um crescimento considerável de exames demissionais, principalmente nos setores do comércio, bares/restaurantes e hotelaria. Com o relaxamento do isolamento social e a reabertura de determinados segmentos, temos observado que essas empresas estão aderindo corretamente às exigências protocolares de seu setor de atuação.
Como a Hall – Medicina e Segurança do Trabalho, vem agindo nesse momento junto a seus clientes? Quais orientações a Hall tem fornecido ao empregador e ao trabalhador?
A atuação da Medicina Ocupacional é fundamental neste momento, principalmente examinando e indicando o afastamento dos empregados no caso de sintomas correlatos com a infecção pelo vírus ou funcionários que fazem parte do grupo de risco. Com a determinação por parte da MP 927 do Governo Federal, tornando obrigatório apenas o exame ocupacional demissional durante a pandemia, suspendeu-se uma força de trabalho tão importante e específica que possa fazer toda a diferença quando o assunto é salvar vidas de funcionários que estão em atividade atualmente.
No tocante à retomada das atividades, a Hall formulou protocolos, segundo orientações da Secretaria de Saúde, que visam a correta orientação para o retorno dos empregados ao trabalho. Junto a isso, emitimos para os trabalhadores orientações específicas sobre a transmissão, sintomas e proteção da COVID-19, além de um cuidado maior com a saúde emocional dos mesmos.
Como essa pandemia alterou as relações de trabalho?
Acredito que as relações de trabalho estão tornando-se mais humanizadas diante da necessidade imposta com a COVID-19 de maior cuidado com a saúde e a segurança ocupacional do corpo empresarial, a saúde emocional dos empregados e a orientação para a formação de novos postos de trabalho, como, por exemplo, home office.
O que esse momento pode nos ensinar, principalmente para o empregador e empregado?
Entendemos que esse momento nos ensina que, em um mundo imprevisível e complexo, precisamos cuidar da capacidade de transitar entre vários domínios e habilidades, intercambiando conhecimento e informação, de modo a promover soluções quando surpreendidos com problemas com os quais nunca havíamos nos deparado.
Habilidades tais como colaboração, comunicação, flexibilidade adaptativa e criatividade são de real valor e fundamentais em situações de crise e para a sociedade do presente. Ações isoladas não cabem mais. Precisamos – empregadores e empregados – pensar de forma sistêmica e desenvolver atitudes de inter-relação e de cooperação na empresa, com os clientes, com a sociedade e com o mundo, buscando antecipar e cuidar do impacto de nossas ações em diferentes contextos e níveis.
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