Atenção ao câncer cai drasticamente durante a pandemia
O oncologista da Oncomed, Amândio Soares: “a luta contra o câncer não pode parar sequer um dia. Qualquer tempo perdido conta muito para o sucesso do tratamento e chances de cura”
A pandemia da Covid-19 afetou o cenário do câncer no Brasil. A doença tem dificultado o diagnóstico e o tratamento de diversos tipos de tumores no país, conforme estudo feito pelo Instituto Oncoguia. O órgão detectou queda de 39,1% no volume de biópsias em 2020, em relação ao ano anterior. As mamografias de rastreamento caíram 49,8%, enquanto as de diagnóstico apresentaram redução de 27,2%. Da mesma forma, o exame de PSA, usado na identificação de câncer de próstata, apresentou declínio de 30,6%. Fundamental para o rastreamento de tumores de cólon e reto, a colonoscopia foi outro exame que teve redução durante a pandemia: -36,5%. De acordo, também, com a Sociedade Brasileira de Urologia, os diagnósticos de câncer de rim, próstata e bexiga caíram, em média, 26%.
No Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado todo dia 8 de abril, os oncologistas fazem um alerta urgente para que os tratamentos oncológicos não sejam abandonados. “É inegável que a pandemia impactou negativamente o número de consultas, internações e sessões de quimioterapia e, consequentemente, esta situação refletiu em um aumento da taxa de mortalidade de pacientes oncológicos”, afirma o oncologista da Oncomed, uma das principais clínicas de tratamento oncológico de Minas Gerais, Amândio Soares.
“É urgente alertar os pacientes oncológicos para manterem seus tratamentos, mesmo diante do pior momento da pandemia. A luta contra o câncer não pode parar sequer um dia. Qualquer tempo perdido conta muito para o sucesso do tratamento e chances de cura”, comenta o médico.
Vale lembrar que existem protocolos de segurança nas clínicas para que os pacientes não abandonem seus tratamentos. “Aqui, na Oncomed, ampliamos as áreas de atendimento ambulatorial para aumentar o distanciamento entre as pessoas”, conta Amândio. O oncologista cita as teleconsultas e o telemonitoramento como opções para que o paciente não precise sair de casa.
“Pensando na segurança e em não deixar de atender quem já está em tratamento ou quem vai iniciar, implantamos o sistema de consultas médicas via teleconferência para pacientes em controle. Mas se for necessário ir à clínica, orientamos o distanciamento seguro, utilização de máscara cirúrgica e higienização das mãos frequentemente com álcool em gel”, informa o oncologista, alertando para a importância de reforçar também os mesmos cuidados para familiares e cuidadores do paciente oncológico.
Atenção especial – Segundo o oncologista Amândio Soares, é preciso ficar em atento caso perceba sintomas como falta de ar, dores no peito, tontura, confusão mental, fraqueza, dificuldade para se hidratar e febre que não passa com uso de antitérmicos. “As consultas e monitoramento on-line são fundamentais para manter contato com o médico responsável pelo tratamento. Mas, nesses casos, é preciso informar imediatamente qualquer novo sintoma, principalmente se estiver associado aos sintomas da Covid-19. Aí, é preciso buscar imediatamente o serviço de saúde”, reforça o médico.