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A Importância do Idoso se Manter Ativo na Quarentena

Por Ellen Cristina Souza Teixeira: Fisioterapeuta, Especialista em Geriatria e Gerontologia

A fisioterapeuta Ellen Cristina Souza Teixeira: a inatividade física, principalmente para o público idoso, pode ser muito prejudicial, mesmo que seja por um período ‘curto” de “quarentena”

Considerados em dos grupos mais vulneráveis aos riscos apresentados pelo Coronavírus, os idosos devem estar atentos a todos os cuidados necessários em meio a quarentena. Durante o confinamento, a prática de atividades físicas é justamente uma das mais recomendas por especialistas por seus benefícios para o sistema imunológico. Atualmente, o exercício físico é mundialmente reconhecido como meio de promoção da saúde e qualidade de vida, sendo exaltado como uma das principais estratégias de intervenção não farmacológica e de baixo custo para a prevenção de doenças e enfermidades na terceira idade. A incerteza e a preocupação causadas pela pandemia podem aumentar quadros de ansiedade e estresse. A atividade física regular ajuda a reduzir esses sentimentos.

Em outra realidade, estaríamos incentivando os idosos a buscarem atividades em grupo, se manterem em movimento. No entanto, devido à pandemia, é necessário ficarem em casa. Mas não quer dizer que as necessidades desse grupo mudaram. É de extrema importância que os idosos mantenham a independência nas tarefas do cotidiano. A prática regular de exercícios físicos, associada a uma dieta adequada, garante a manutenção da massa e da força musculares, assegurando, ainda, melhor qualidade de vida aos idosos.

A inatividade física, principalmente para o público idoso, pode ser muito prejudicial, mesmo que seja por um período “curto” de “quarentena”. Não sabemos até quando teremos que enfrentar o isolamento, mas sabemos que cada dia conta, se considerarmos a perda de massa muscular e a mobilidade das articulações, por exemplo. Quem já está acostumado a realizar exercícios físicos rotineiros, consegue perceber que bastam alguns dias sem atividade física para o corpo ficar mais rígido, terem dores recidivantes, ou dificuldades em realizar movimentos que antes eram facilmente realizados, como passar da postura sentada para em pé. Outro alerta importante é o aumento do risco de quedas. Com a inatividade física, a diminuição da mobilidade e o surgimento de novas ou antigas queixas de dor, o risco de cair está aumentado.

Um dos maiores desafios para esse público é a barreira tecnológica somada ao fato de não poderem sair de casa. Aqueles que já estão conseguindo se conectar estão adorando as aulas on-line, que também passaram a ser em ponto de encontro durante a quarentena. A Fisioterapia por exemplo, com a permissão de seu Conselho Federal, para minimizar a desassistência durante o período de pandemia da COVID-19, pode oferecer atendimentos não presenciais, realizados por meio de tecnologias de comunicação, sempre respeitando as regras para tal realização, garantindo a segurança do paciente neste tipo de assistência. A atividade física para os idosos precisa ser pensada com muita cautela, principalmente quando utilizamos as redes sociais para difundi-las.

Mesmo que o idoso não tenha facilidade com tecnologia, ele precisa manter-se em movimento. Para aqueles que estavam acostumados a caminha pelas ruas, por exemplo, vale considerar o espaço do quintal. Se não tiverem quintal, a caminhada pode ser feita dentro de casa mesmo. Podem fazer exercícios sentados em uma cadeira com materiais disponíveis em seu domicílio, como garrafinhas de água, travesseiros ou cabo de vassoura. Alongamentos também são essenciais para manter o corpo em bom funcionamento. O idoso deve evitar ao máximo o comportamento sedentário, não deve ficar sentado o tempo todo: se estiver assistindo TV, levante-se durante todos os comerciais e dê uma volta em sua casa ou realize uma tarefa ativa, como estender roupas, lavar a louça, retirar o lixo.

Quem estava sendo acompanhado por um fisioterapeuta, por exemplo, deve verificar com ele qual a forma mais segura para adaptar a prática dos exercícios em casa e garantir atividade durante esse período de isolamento.

Vale a pena ressaltar também que se o idoso não estava acostumado a praticar nenhum tipo de atividade física, o isolamento social durante a pandemia não é o melhor momento para iniciar, pois é necessário avaliação e acompanhamento profissional, caso contrário, situações graves podem surgir.

Os cuidados que devemos tomar em época de pandemia são inúmeros, mas não devemos abandonar o autocuidado, o cuidado com a saúde do corpo e da mente. Manter-se ativo, fisicamente, gera impactos positivos no âmbito emocional, que nos ajuda no enfrentamento dessa fase sem precedentes pela qual atravessamos. Que saibamos aproveitá-la com a sabedoria de um idoso, com a energia de um jovem e com o otimismo de uma criança.

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