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Ansiedade infantil também é papo de adulto

Por Felipe Laccelva

Psicólogo e CEO da Fepo Psicólogos

O cenário pandêmico ocasionou muitas cicatrizes de forma mundial, mas algumas feridas ainda estão abertas, não somente no físico, como também no psicológico. Nos últimos dois anos, a saúde mental foi muito afetada e, engana-se, quem logo associa problemas de ansiedade, exclusivamente, nos adultos, por exemplo. As crianças também são prejudicadas e apresentam sintomas de ansiedade, que merecem atenção profissional.

Após a chegada do novo coronavírus, uma em cada quatro crianças apresentou sintomas de ansiedade, de acordo com um estudo da USP. No período anterior à pandemia, pesquisas indicavam que a doença atingia uma a cada oito crianças.

É fato que ninguém estava preparado para enfrentar um período como esse e os mais jovens acabam sofrendo mais por não terem uma estrutura emocional desenvolvida, como os adultos.

Sinais – Houve mudança nos níveis de ansiedade dos pequenos, pois o “novo normal” exigiu uma adaptação na rotina. Outro fator que colaborou negativamente nesse cenário de isolamento social foi o afastamento dos colegas da escola e parentes.

Vale considerar que uma criança não tem a mesma estrutura interna que um adulto, principalmente ao se expressar, e, caso os pais não estejam atentos, consequentemente, não vão perceber o possível sofrimento dos seus filhos.

Os principais sinais apresentados por crianças com ansiedade podem ser: 

  • Preocupações excessivas e expectativas descoladas da realidade,
  • Fixação em negativos,
  • Dificuldades na memória e atenção.
  • Além dos sintomas físicos, como: episódios de diarreia, sensação de falta de ar, sudorese e taquicardia.

Após identificar esses sinais e o tipo de ansiedade, a procura por um especialista é necessária, porque quanto antes for diagnosticado e tratado, melhor será a recuperação durante o desenvolvimento das crianças.

Tipos de ansiedade infantil – Crianças pequenas, geralmente, têm maior dificuldade em expressar o que estão sentindo. Dessa forma, podem não conseguir falar sobre o que está acontecendo internamente, já que elas próprias também não entendem o que é estar “ansiosas”.

Existem alguns tipos de perturbação da ansiedade que se alternam segundo a situação causadora. Os principais tipos de ansiedade identificadas em crianças, são:

  • Transtorno de ansiedade;
  • Transtorno de ansiedade de separação, que é mais comum em crianças pequenas;
  • Fobias específicas e sociais;
  • Transtorno de pânico, mais comum em adolescentes;
  • Transtorno de estresse pós-traumático.

Estudos demonstram que a ansiedade na infância é um fator de risco aumentado para o desenvolvimento de outros transtornos comportamentais na vida adulta, por isso, é necessário cuidado e atenção dos pais e professores na escola.

Muitos destes tipos de ansiedade podem ser tratados com terapia comportamental, utilizando princípios de exposição e reação e, em alguns casos, com ajuda de medicação. É fundamental seguir as orientações de um profissional especializado, como um psicólogo.

            Pais nervosos, filhos ansiosos? – O ambiente de criação influencia no crescimento e desenvolvimento da personalidade de uma criança. A ansiedade dos pais, ou nervosismo apresentado em casa, atrelado a brigas, podem ter influência de forma crucial na saúde mental durante a infância e adolescência, refletindo na vida adulta.

O recomendado é que os pais se proponham a criar um ambiente emocionalmente saudável para os filhos, que aprendam a combater os seus medos e a desenvolver o controle das emoções, prevenindo o surgimento de transtornos de ansiedade, por exemplo. Além disso, é importante a abertura dos pais para acolher angústias que os filhos apresentem durante esse período e procurar não julgar. Com isso, um canal de comunicação é aberto, logo, e os níveis de ansiedade dos pequenos podem diminuir. 

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