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Linfomas não-Hodgkin são o câncer hematológico mais comum no mundo: jornalista e escritor Artur Xexéo morreu no último domingo, vítima da doença

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica – SBCO, Alexandre Ferreira Oliveira, este é um dos tumores mais comuns e atinge homens entre 65 e 74 anos

O linfoma é um tipo de câncer originado no sistema linfático, composto por linfonodos ou gânglios e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e pelos vasos que as conduzem através do corpo. Os linfomas são classificados em dois grupos principais: os de Hodgkin e não-Hodgkin (mais comum).

Segundo o Globocan 2020, levantamento do IARC, braço para pesquisa do câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), no último ano foram diagnosticados 544 mil casos desse tumor no mundo. Ele é o oitavo câncer mais comum em homens e o décimo entre as mulheres. De acordo com a American Cancer Society, 8 entre 10 casos são diagnosticados após os 55 anos, sendo que a faixa mais prevalente é dos 65 anos 74 anos.

Aos 69 anos, o jornalista e escritor Artur Xexéo morreu em decorrência de um linfoma não-Hodgkin, doença que, também no Brasil, é o oitavo tipo de câncer entre os homens, com 6580 casos previstos para 2021, conforme estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Entre as mulheres, o total de casos previstos para 2021 no país é de 5.420.

Para o sucesso do tratamento, é fundamental fazer a classificação correta de cada subtipo de linfoma não-Hogdkin. De acordo com o tipo de célula envolvida, a doença pode ser dividida em dois grupos principais: linfomas de células B (ou linfócitos B) e linfomas de células T e NK (ou de linfócitos T e células natural killer, ou exterminadoras naturais). Os linfomas de células B são os mais comuns, respondendo por cerca de 80% dos casos de linfomas não-Hodgkin. Os linfomas de células T e NK, subtipo que foi o diagnosticado no jornalista Artur Xexéo, representa cerca de 20% de todos os casos de Linfomas não-Hodgkin.

Diagnóstico – Como explica o cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Alexandre Ferreira Oliveira, o diagnóstico de linfoma não-Hodgkin é feito por meio de biópsia incisional (retirada de parte) ou excisional (remoção de um linfonodo comprometido em sua totalidade). O material biopsiado é enviado para análise para um Médico Patologista, que irá lançar mão da avaliação do aspecto das células, sua distribuição no tecido, suas características imuno-histoquímicas e seus aspectos moleculares.

“Fazemos a análise das células do linfoma através do microscópio para que saibamos qual é o subtipo específico de linfoma, informação que irá orientar o tratamento”, explica o médico patologista Felipe D’Almeida Costa, diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), titular da anatomia patológica do A.C.Camargo Cancer Center e coordenador médico de Educação da Patologia da Dasa.

Além de definir o subtipo de cada linfoma, outra informação importante é o grau de agressividade da doença, definido como estadiamento. O exame recomendado para esta avaliação é o PET-CT, que pode ser acompanhado de outros exames de imagem, como raio-X, tomografia computadorizada e ressonância magnética.

Embora inespecíficos (podendo ser associados com outras doenças), alguns sintomas merecem maior atenção: inchaço indolor dos gânglios linfáticos da virilha, axilas e pescoço, sudorese noturna intensa, febre, erupção cutânea avermelhada e disseminada pelo corpo; náusea, vômitos ou dor abdominal, perda de peso sem causa específica, coceira, cansaço, tosse ou dificuldade para respirar, dor de cabeça seguida de dificuldade de concentração, confusão mental, dentre outros.

Tratamento – Para se definir o tratamento de um paciente com linfoma não-Hodgkin é preciso classificar a doença por seu subtipo, grau de agressividade, comprometimento linfonodal e risco de metástase, idade e estado de saúde geral do paciente. A quimioterapia é o tratamento-padrão da doença. A radioterapia também pode ser utilizada, tanto nos estágios iniciais como para alívio de sintomas.

Com o avanço da medicina de precisão, também há um arsenal da imunoterapia para diferentes subtipos celulares de linfoma. O transplante de células-tronco (ou transplante de medula) é também uma opção para pacientes com linfomas não Hodgkin.

A cirurgia costuma ser indicada para tratamento de complicações, como derrame pleural volumoso, derrame pericárdico volumoso, compressão de vias aéreas, dentre outros. Há também a cirurgia paliativa, opção efetiva para pacientes com tumores avançados. “São cirurgias que visam oferecer melhor qualidade de vida para o paciente com doença avançada, como traqueostomia, gastrostomia e pleurodese”.

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