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Procedimento no ombro: ortopedista desenvolve técnica cirúrgica inédita e menos invasiva

Dr. Luis Filipe Senna: “com esta nova tecnologia o artroscópio antigo se tornará obsoleto em cerca de 10 anos” Crédito foto: Sérgio Brasil

A cirurgia por vídeo é uma rotina nos centros cirúrgicos de todo o mundo há pelo menos 30 anos. Nesse período, as câmeras utilizadas para retirada de vesícula e para cirurgias ortopédicas, por exemplo, ficaram ainda menores. Utilizando-se dessa nova tecnologia, o médico ortopedista Luis Filipe Senna (reside atualmente no Canadá) desenvolveu uma técnica cirúrgica inédita, na qual uma dessas pequenas câmeras é introduzida no ombro para realizar o procedimento cirúrgico de forma ainda menos invasiva.

Evolução – Durante as décadas de 1980 e 1990, houve um grande avanço tecnológico na medicina que possibilitou o desenvolvimento das cirurgias chamadas “minimamente invasivas”. Por meio de uma câmera de vídeo, cirurgiões passaram a realizar procedimentos abdominais, como retirada da vesícula, e cirurgias ortopédicas, como reparo de tendões e ligamentos, sem precisarem realizar uma grande incisão no paciente. A câmera de vídeo usada para articulações se chama artroscópio e utiliza lentes especiais acopladas a uma câmera de vídeo. 

Mais recentemente, com o avanço da tecnologia Chip-on-Tip, uma nova era está surgindo. A nova tecnologia permite a criação de câmeras de vídeo do tamanho de uma agulha. É por causa do pequeno tamanho que as novas câmeras têm sido chamadas de needle arthroscopy (artroscopia por agulha). Estes dispositivos possibilitam um acesso ainda menos invasivo, além de permitirem a visualização de cavidades do corpo nunca antes acessadas.

Foi utilizando um artroscópio de tecnologia Chip-on-Tip que o ortopedista e pesquisador na área de artroscopia e cirurgia do ombro, Luis Filipe Senna, atualmente residindo no Canadá, conseguiu desenvolver essa técnica inédita. 

Revolução tecnológica – O pequeno artroscópio, que mede 1,9 mm, é inserido dentro da articulação sem a necessidade de cortes. Uma espécie de agulha – chamada trocater – é introduzida no corpo e, em seguida, o artroscópio é inserido por dentro da canulação. Foi graças ao pequeno tamanho do dispositivo que o ortopedista foi capaz de realizar o procedimento cirúrgico em um espaço no ombro que mede menos de 1 centímetro de diâmetro – a articulação acromioclavicular. “Com o artroscópio de ombro convencional não é possível acessar essa articulação diretamente, obrigando o cirurgião a ressecar parte dos ligamentos e abrir parte da articulação para realizar o procedimento cirúrgico”, explica o ortopedista.  

Essa tecnologia não tem sido aplicada apenas em cirurgias ortopédicas. Já há estudos em andamento com o uso da Chip-on-Tip em outras áreas do corpo, como em cirurgias urológicas, gastrointestinais e até dentro de vasos sanguíneos. “É uma verdadeira revolução para o campo da cirurgia minimamente invasiva. Eu já enxergo o artroscópio tradicional como tecnologia obsoleta”, completa Dr. Senna.

Ele e outros especialistas da área acreditam que o artroscópio antigo se tornará obsoleto em cerca de 10 anos, evidenciando o quão importante é esse avanço da tecnologia e a mudança que o artroscópio por agulha fará na medicina.  

O procedimento chamou a atenção de um pesquisador norte americano da Marshall University, em West Virginia. Junto a Luis Filipe Senna, o pesquisador escreveu um artigo que foi publicado no último número da revista Arthroscopy Techniques, no dia 16 de março. O artigo completo pode ser acessado no link abaixo:

https://www.arthroscopytechniques.org/action/showPdf?pii=S2212-6287%2821%2900347-9

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