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Sociedade de Ortopedia pede que professores limitem o peso das mochilas das crianças

O presidente da SBOT, Moisés Cohen: “os pais devem evitar que a garotada leve na mochila brinquedos e coisas desnecessárias” – Crédito: Alessandro Carvalho

85% da população mundial adulta sente ou já sentiu dores nas costas e 70% dos problemas de coluna na fase adulta tem como causa o efeito cumulativo do excesso de peso e esforço repetitivo na adolescência.

Uma mochila que pese mais do que 10% do peso da criança pode causar problemas não só na infância, mas repercutir na vida adulta, quando a coluna vertebral passará a apresentar os efeitos do esforço anormal a que foi submetida.

O alerta é do presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT, Moisés Cohen que, para alertar os pais de alunos e os professores do risco de sobrecarregar os alunos, principalmente do Ensino Fundamental, aproveitou a oportunidade da volta às aulas para colocar no ar um folder elucidativo, que pode ser acessado no site da SBOT.

Moisés Cohen explica que a campanha da SBOT visa conscientizar os professores para que peçam aos alunos que levem à escola apenas os livros para as aulas programadas para o dia e os pais para que evitem que a garotada leve na mochila brinquedos e coisas desnecessárias, que acabam fazendo com que algumas mochilas pesem até 17% do peso da criança, como foi constatado numa pesquisa.

“A mochila muito pesada leva a criança a se inclinar para a frente pois faz mudar o ponto de equilíbrio do corpo”, diz o responsável pelas Campanhas Públicas da SBOT, Sandro da Silva Reginaldo, e essa mudança de postura afeta não só os ombros, mas os quadris, joelhos e tornozelos. Uma criança de sete anos, que geralmente pesa em torno de 20 quilos, caso leve uma mochila carregada demais passa a submeter seu organismo à mesma carga que teria se fosse obesa.

O problema é tão sério que chegou ao Congresso, lembra Moisés Cohen, citando o projeto 3.673/15 da Câmara dos Deputados, cujo objetivo é limitar por lei o peso que uma criança pode carregar nas costas. Durante a discussão na Câmara Federal, foi citado o fato de que o estudante universitário, cujo organismo já está formado, proporcionalmente leva para a Faculdade menos livros e material que o estudante de Ensino Fundamental. O tema é tão importante que na França, por exemplo, os livros didáticos são impressos em papel de baixa gramatura, para reduzir seu peso.

Melhora com medidas simples

O folder da SBOT recomenda medidas simples, mas efetivas para evitar problemas com mochilas. A primeira recomendação é optar por mochilas com alças largas, de no mínimo 4 centímetros, orientar a criança para nunca carregar a mochila por uma única alça, o que pode provocar escoliose e ajustar as alças para que a mochila fique bem encostada ao corpo, com a base cinco centímetros acima da linha da cintura. Caso não seja possível adequar o peso da mochila, a opção é a mochila de rodinhas, que é puxada e não carregada.

Para os ortopedistas, o excesso de carga para o organismo e as posturas inadequadas são alguns dos responsáveis pela assustadora estatística levantada pela Organização Mundial da Saúde. A entidade comprovou que 85% da população mundial adulta sente ou já sentiu dores nas costas e 70% dos problemas de coluna na fase adulta tem como causa o efeito cumulativo do excesso de peso e esforço repetitivo na adolescência.

“É preciso limitar o peso das mochilas, também em benefício das crianças de famílias mais pobres”, conclui Sandro Reginaldo. “É que o efeito de uma mochila pesada é muito menor numa criança de classe média, que caminha pouco, pois viaja sentada, num ônibus escolar”, do que na criança da periferia, que às vezes anda a pé por quilômetros, com a mochila nas costas, até chegar na escola.

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