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A Telemedicina e o futuro da saúde em tempos de covid

Por: Dr. Carlos Lopes: Médico, pós-graduado em Nutrologia, CEO e fundador da MEDX Tecnologia, extensão pela Harvard Medical School em Obesidade e Social Media for HealthCare. Cursando desde 2019, o programa de Executive Management pelo MIT. É professor convidado da pós-graduação de Nutrologia do Hospital Israelita Albert Einstein e da Associação Brasileira de Nutrologia/BWS.

Não há dúvidas que a telessaúde chegou de urgência e veio para ficar”

Que toda grande crise traz oportunidades é um fato inquestionável. Nas grandes crises mundiais ocorridas após a gripe espanhola de 1918 (crise de 29, Segunda Guerra Mundial, ataques terroristas de 11 de setembro, bolha imobiliária de 2008 e agora o COVID 19 – SARS-COV2), o aprendizado decorrente desses momentos trouxe mudanças significativas na nossa vida. Mas talvez a crise de saúde atual traga mudanças, sem precedentes na educação, no trabalho e, principalmente, na saúde.

Para exemplificar como a crise de saúde catapultou a velocidade da adesão de teleatendimento em saúde, o Conselho Federal de Medicina (CFM) levou praticamente 16 anos (de 2002 até 2018) analisando a sua aprovação, mas com o advento da covid 19, a telemedicina foi regulamentada em apenas dois meses, ou seja, de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019.

Trazendo esta questão para 2020, podemos dizer que na área médica o CFM levou 18 anos discutindo a telemedicina sem chegar a uma regulamentação; o que só aconteceu há pouco mais de um mês, quando o Ministério da Saúde baixou duas portarias e, posteriormente, a Lei 13.989, de abril de 2020, regulamentando e ampliando a telessaúde para todos os profissionais de saúde, como nutricionistas e psicólogos, entre outros, e não apenas para a Medicina, enquanto perdurar a crise de saúde no Brasil.

Essa urgência e velocidade em viabilizar a telessaúde gerou uma corrida para uso de ferramentas de comunicação online para atender os pacientes, tirar dúvidas, identificar risco de sintomas de COVID 19.

A corrida estendeu se também no segmento de certificação digital, uma vez que se tornou necessário assinar digitalmente documentos na parte de saúde, como atestados, pedidos de exames e receitas médicas para validade jurídica.

Não há dúvidas que a telessaúde chegou de urgência e veio para ficar. Nos EUA antes da COVID apenas de 11% da população já havia feito algum tipo de atendimento em saúde a distância, apesar de lá, ao contrário daqui a telessaúde já estar regulamentada há bem mais tempo, tendo pulado para mais de 46% no início da pandemia. Estima-se que a COVID 19 levou o serviço de telessaúde americano a um negócio com projeção de 3 bilhões de dólares por ano.

No Brasil, podemos ver claramente que a telessaúde pode melhorar a abrangência do atendimento no SUS, chegando a populações – nesse país continental -, que ainda não têm atendimento básico de saúde adequado. Nas grandes cidades, com trânsito sempre caótico, imaginar que você não precisa mais perder uma manhã ou tarde de trabalho para ir na consulta médica, levar o resultado dos seus exames, isso é definitivamente uma enorme vantagem – tanto para pacientes, como para médicos, podendo aumentar a quantidade de indivíduos que possa atender.

Esse futuro da saúde, acelerado pela COVID 19, ainda pode trazer mais benefícios, como sistemas de inteligência artificial para triagem de pacientes, para identificar interações de medicamentos, trazendo mais segurança no uso de remédios, nova geração de aparelhos que permitem monitorar sinais vitais do paciente e realizar em casa exames laboratoriais, de urina e até mesmo um eletrocardiograma via celular, com dados a serem enviados diretamente para o cardiologista. O novo normal está ai. E a nova saúde também.

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