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Especialista alerta sobre as alterações cardiovasculares no pós COVID-19

Dr. Lucas Lodi –  Coordenador da Cardiologista Intervencionista do Hospital Mater Dei Contorno e Mater Dei Betim-Contagem.

É sabido que a infecção pelo coronavírus é mais grave em alguns grupos de risco, dentre eles os pacientes portadores de doenças cardiovasculares. Porém, observa-se que mesmo em pacientes sem comorbidades prévias, a COVID-19 pode levar a alterações cardiovasculares graves. Isto se deve a um estado inflamatório causado pelo vírus, levando a alterações pró-trombóticas, vasculares e miocárdicas. 

Nos quadros respiratórios mais graves (SARS-CoV-2), essas alterações são mais frequentes. Porém, temos visto complicações cardíacas mesmo em pacientes assintomáticos ou com quadro gripal leve. Muitas vezes o que leva o paciente ao hospital não é o quadro gripal, mas sim a dor torácica. Outras vezes, a falta de ar leva à procura pelo atendimento médico, mas a causa não é pulmonar (SARS-CoV-2) e sim, um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ou uma inflamação do músculo cardíaco (miocardite). 

Outro ponto que devemos salientar é que, mesmo após a melhora dos sintomas gripais, as alterações cardiovasculares ainda podem estar presentes, mesmo sem causar sintomas. Estamos vendo alguns casos graves de IAM em adultos jovens de duas a quatro semanas após o início do quadro. 

É desejável que, após a COVID-19, os pacientes, mesmo que já assintomáticos, procurem atendimento médico não só para avaliar seu estado de saúde, mas, também, para orientações quanto ao retorno à atividade física, especialmente quem pratica exercícios de alta intensidade. O risco é que haja algum dano miocárdico que possa levar a arritmia cardíaca grave e morte súbita, induzida (ou não) pelo esforço físico. 

Importância do acompanhamento pós-covid – Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um grupo acompanhado pelos pesquisadores afirma que, mesmo após a recuperação da contaminação pela Covid-19, continua a ter sintomas como fadiga e falta de ar, além de seus integrantes sentirem impactos negativos em seus estados emocionais. Essa pesquisa mostra a importância da assistência à saúde do paciente após sua recuperação. 

As complicações mais comuns e conhecidas são as que acometem o sistema respiratório, especificamente o pulmão, em que o paciente pode apresentar falta de ar, com o quadro podendo evoluir, em casos mais graves, para uma Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). Contudo, é necessário ressaltar que, após a recuperação, há também a possibilidade de complicações para a saúde a longo prazo em outros importantes sistemas do corpo humano, como os sistemas cardiovascular, urinário, neurológico e endócrino.

Os casos devem ser estudados e acompanhados individualmente por um especialista a fim de proporcionar ao paciente tratamento personalizado e eficaz para sua reabilitação pós-covid. Em algumas situações pode ser necessário que o paciente faça fisioterapia, por exemplo. 

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