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Quedas no envelhecimento: atenção redobrada!

Maioria dos acidentes acontece dentro de casa e poderia ser evitada com ajustes simples, atenção à saúde e o comprometimento de todos os envolvidos no cuidado do idoso

Foto: Freepik

As quedas entre pessoas idosas configuram, atualmente, uma das principais causas de internações e óbitos por acidentes domésticos no Brasil. Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre 2023 e 2024, foram registradas 11.801 mortes de idosos em decorrência de acidentes ocorridos dentro de casa, sendo as quedas a principal causa. Os tipos mais comuns incluem quedas no mesmo nível (4.813 óbitos), escorregões ou tropeços (2.537) e incidentes não especificados (902). No mesmo período, o Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) contabilizou 328.355 internações de pessoas com 65 anos ou mais relacionadas a essas ocorrências.

Esses números evidenciam uma realidade alarmante: a maior parte dos acidentes acontece em locais familiares, principalmente na própria residência. Estima-se que 70% dos episódios envolvendo idosos ocorram dentro de casa. Entre os que têm 80 anos ou mais, cerca de 40% sofrem ao menos uma queda por ano. Muitos desses incidentes poderiam ser evitados por meio de intervenções simples no ambiente doméstico e maior atenção à rotina e às condições de saúde.

“O que vemos nos dados é alarmante: milhares de internações e mortes poderiam ser evitadas com simples ajustes domésticos e cuidado diário”, observa o Dr. Fábio Gomes, coordenador de práticas médicas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz/São Paulo/SP.

As estratégias de prevenção são conhecidas e acessíveis. Entre os principais fatores de risco estão tapetes soltos, superfícies escorregadias, iluminação deficiente, ausência de barras de apoio em banheiros e escadas sem corrimão. Ações como fixar ou remover tapetes, utilizar pisos antiderrapantes e instalar apoios são medidas eficazes e de baixo custo.

Garantir boa iluminação especialmente à noite e manter áreas de circulação livres de obstáculos, como fios soltos ou móveis com quinas e mal posicionados, também contribui significativamente para a segurança. Escadas devem contar com corrimão em ambos os lados e, preferencialmente, com fitas antiderrapantes nos degraus.

“A queda frequentemente inicia um ciclo de isolamento, fragilidade e dependência que compromete profundamente a qualidade de vida”, explica Priscila Matiussi, coordenadora de enfermagem em unidade de internação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Além das adaptações nos espaços, a prevenção deve envolver o monitoramento da saúde de forma integral. Avaliações periódicas de visão, equilíbrio e força muscular, bem como a revisão de medicamentos que possam provocar tonturas, são essenciais. A prática regular de atividades físicas, como caminhadas, pilates ou dança adaptada, fortalece o corpo e melhora o equilíbrio, reduzindo consideravelmente o risco de acidentes.

Promover a segurança de pessoas idosas dentro de casa é um compromisso que vai além da prevenção de acidentes: é um gesto de respeito, responsabilidade e cuidado com a vida, observa a coordenadora do Oswaldo Cruz, lembrando que cada medida adotada, por menor que pareça, contribui para preservar a autonomia, fortalecer vínculos familiares e garantir que o envelhecimento ocorra com mais dignidade e qualidade. A construção de ambientes seguros é uma tarefa conjunta, que envolve informação, empatia e ação efetiva e deve ser prioridade em todas as esferas da sociedade.

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