Obesidade materna: Nutricionista do Neocenter Maternidade alerta para riscos na gestação
A nutricionista Sheila Cordeiro: “a gravidez não é o momento ideal para começar a perder peso”
O acompanhamento médico/nutricional em toda gravidez é de suma importância, principalmente naquelas de alto risco, por exemplo, quando a futura mamãe é obesa, alerta a nutricionista do Neocenter Maternidade/Belo Horizonte, Sheyla Cordeiro, ao destacar que gestantes obesas têm maiores riscos de complicações.
Dois estudos apresentados na reunião anual da Society for Reproductive Investigation (SRI) tentaram descobrir a relação entre o ganho de peso materno e seu impacto potencial sobre a mãe e o bebê. Segundo eles, mulheres que iniciam a gravidez já obesas são mais predispostas a desenvolver quadros de Diabetes Gestacional (DMG), síndromes hipertensivas, pré-eclâmpsia, macrossomia e restrição de crescimento intra uterino, infecções do trato urinário (ITU) e parto cirúrgico.
A nutricionista informa que a classificação para a obesidade depende do peso pré-gestacional e do ganho adquirido ao longo da gestação. O parâmetro utilizado é a relação entre a idade gestacional e o índice de massa corporal (IMC) atual. Muitos estudos, a exemplo dos já citados, têm apontado que mulheres que iniciam a gravidez com IMC acima do normal (20 a 24,9) estão mais sujeitas a complicações.
No Brasil, a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009, constatou o excesso de peso em cerca de metade das mulheres, excedendo em 13 vezes a frequência do déficit de peso no sexo feminino. Considerando-se os últimos inquéritos nacionais, a prevalência de excesso de peso passou de 28,7% para 48%, sendo que 16,9% das mulheres (1/3) apresentam obesidade.
Para Sheyla Cordeiro, esses dados são um alerta para toda a população sobre a importância de mudança do hábito alimentar, principalmente em mulheres que desejam ser mães, uma vez que a obesidade se tornou um grave problema de saúde pública, afetando mulheres em idade reprodutiva. “No Neocenter Maternidade, a faixa etária de maior prevalência de gestantes obesas é de 20 a 35 anos”, ressalta.
A especialista informa ainda que as causas da obesidade são multifatorias. “Entre elas, podemos citar maus hábitos alimentares, sedentarismo e fatores genéticos”.
O estilo de vida sedentário, as refeições com poucos vegetais e frutas, além do excesso de alimentos ricos em gordura e açúcar, precipitam o aumento do número de pessoas obesas, em todas as faixas etárias.
A exemplo das recomendações para a população em geral, priorizar uma alimentação baseada em alimentos in natura, ou minimamente processados, já é um bom começo, pontua a nutricionista.
Embora a gravidez seja um momento oportuno para a adoção de hábitos salutares, a gravidez não é o momento ideal para começar a perder peso. A mulher que iniciou a gestação com sobrepeso ou obesidade deve procurar ajuda especializada de um nutricionista com a finalidade de garantir um bom desenvolvimento fetal e manejo do peso, evitando, assim, todas estas complicações já citadas. Durante a gestação, elas devem ser encorajadas a ganhar peso dentro das recomendações das diretrizes nacionais. No período pós-parto, elas devem ser estimuladas à amamentação materna, com intuito de otimizar a saúde infantil e normalizar o peso materno.
O nutricionista é o profissional capacitado para elaborar um plano alimentar individualizado, prezando os hábitos e preferências da paciente e levando em consideração as mudanças das necessidades que normalmente ocorrem neste período. O tratamento inicial consiste na orientação alimentar que permita um ganho de peso adequado e um bom controle metabólico.
Sheyla Cordeiro explica ainda que gestantes que apresentam necessidade de retirada do açúcar do cardápio devem substitui-lo pelos adoçantes e o seu nutricionista poderá calcular estes limites de uso diário, a depender da substância e peso da paciente.