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Dúvidas sobre Covid 19

O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Dr. Estevão Urbano:  “a variante indiana é mais transmissível, mais agressiva e não se sabe exatamente o seu impacto sobre a eficácia das vacinas”

O Portal Medicina e Saúde tem recebido mensagens de inúmeros leitores com dúvidas sobre a Covid 19, sobretudo sobre a variante indiana. Como se sabe, da descoberta do vírus chinês no final de 2019 e início de 2020, a Covid 19 já passou por várias mutações. A última é a variante indiana, que já chegou ao Brasil. Para saber mais sobre ela, o Portal Medicina e Saúde entrevistou o Dr. Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. 

O que é variante indiana? 

A variante indiana é uma mutação da cepa original chinesa, a exemplo de outras que já surgiram durante a pandemia. Embora haja controvérsias, essa mutação a tornou mais transmissível, mais agressiva e não se sabe exatamente o seu impacto sobre a eficácia das vacinas. 

Por que ela é mais transmissível? 

Ela é mais transmissível porque tal mutação conferiu a essa cepa uma maior afinidade pelas células do indivíduo infectado. Assim, esse vírus possui maior capacidade de penetração no núcleo das células, com maior multiplicação e produção de elevado número de cópias (carga viral). Portanto, o infectado pode não apenas adoecer de forma mais severa, mas também transmitir mais, porque a transmissão tem uma relação direta com sua carga viral. Quanto maior a carga viral, maior a chance de passar à frente essa cepa. 

Como prevenir-se?

A prevenção não muda. Pelo contrário, é o reforço ao que já sabemos: distanciamento, higiene das mãos, uso da máscara. Embora essa cepa seja mais transmissível, a forma como ela é transmitida e a forma como se previne não muda em relação à cepa original.

E como proceder no caso de sentir algum sintoma?

Infelizmente não há tratamento precoce. O paciente deve ficar monitorando a oxigenação para não retardar a ida ao hospital.

As vacinas Astrazeneca, Coronavac e Pfizer, aplicadas no Brasil, são eficientes contra a nova cepa indiana?

Com relação à ação das vacinas, há poucos estudos relacionados à sua eficácia. Então, não temos como afirmar com certeza, mas é bem possível que haja uma efetividade razoável, embora em nível inferior a obtida contra a cepa original.

Muitas pessoas no Brasil tomaram com atraso de mais de 15 dias a segunda dose da Coronavac. Muitas pessoas, inclusive, ainda não tomaram a segunda dose, já atrasada. Essas pessoas estão imunizadas? 

Aparentemente, a vacinação para reproduzir o que foi pesquisado e publicado com relação à sua eficácia contra o coronavírus, depende das duas doses completas. Por outro lado, muito possivelmente, uma segunda dose, mesmo que administrada com algum atraso tolerável, produzirá o mesmo efeito protetor.

Mesmo vacinadas com as duas doses, algumas pessoas estão sendo internadas e algumas morreram. O que o senhor pode dizer sobre essa situação?

Isto realmente está ocorrendo, o que mostra que a vacina não é totalmente eficaz contra casos graves. Nesse sentido, é muito importante mantermos os cuidados com a prevenção. Talvez, a explicação para essas infecções graves sejam as novas variantes. Em algumas pessoas, o vírus pode escapar da resposta imunológica conferida pela vacina, o que acaba levando a casos graves e até ao óbito. Essa é uma possibilidade. 

Sobre a eficácia da Coronavac, o que pode dizer? 

A vacina coronavac imuniza com bons resultados. Os estudos foram feitos inicialmente contra a cepa original, e os resultados mostraram excelente proteção contra aa forma grave da doença e um pouco menos contra a doença leve. Provavelmente, não é que o estudo estivesse errado, mas na época em que foi realizado não haviam variantes circulando. Agora, com essas variantes, temos que aguardar novos estudos a respeito. Inclusive, em breve, é possível que se preconize vacinas específicas contra essas cepas.

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